Tudo pela metade
Um amigo carioca morando muitos anos na França fica impressionado como estamos acostumados com a favelização no Rio de Janeiro e com o famoso “Isso sempre foi assim, não tem jeito” dos familiares que por aqui habitam. Somos assim, brasileiros em geral e com mais malandragem os cariocas: Nada seguem com perseverança até o fim! Comecemos pelos políticos, que não sabem além do benefício partidário e pessoal, os bons programas já implantados e bem sucedidos morrem pela metade ou até menos. Idéias geniais e objetivas morrem de inanição. O Darcy Ribeiro fez um trabalho primoroso e criou os CIEPs, colocando as crianças em tempo integral nas escolas, focando na educação, alimentação e laser. Cadê essas escolas? O programa não foi seguido, deu certo enquanto gestão daqueles políticos e de resto foi abandonado. Não há solução sem educação, isso é o básico do básico. E no passado mais longe a favela do Pinto foi removida da lagoa Rodrigo de Freitas, difícil, mas deu certo e as outras que cresciam sem controle? Nada feito...
O Rio, hoje, sofre de câncer, incurável e está sofrendo uma pequena cirurgia que pode prolongar a sobrevida e até minimizar o sofrimento, mas é uma doença lenta e progressiva. Alguém aí já chegou ao Rio de avião e teve a curiosidade de olhar prá baixo procurando o Cristo ou Copacabana? Viu quantos e quantos quilômetros de casas apinhadas em ruas estreitas? Percebeu que o que sobra nos morros são a pedra dura e o abismo? O resto é gente pobre e sofrida se espalhando morro acima, que vai morrer de tiro ou da chuva, morro a baixo, tristeza. O problema é imenso, social e político, o destrato e abandono foi total, e o que se fez é sempre pela metade.
Cidade da música Veja:
“A Cidade da Música será um complexo cultural localizado na cidade do Rio de Janeiro. Seria inaugurada no dia 26 de dezembro de 2008, mas a inauguração foi adiada. [1][2]
Recentemente foi declarado que ainda não há previsão de inauguração para 2009. Todos os eventos de inauguração e a programação para 2008 e 2009 foram cancelados.
Após investimentos de R$ 518 milhões e muita polêmica, a inauguração da obra foi realizada pelo prefeito do Rio de Janeiro César Maia.[3] O investimento bancado pela Prefeitura do Rio custou quatro vezes mais do que outro grande projeto cultural de Maia: a Cidade do Samba, inaugurada em 2006 com custo de R$ 102 milhões, em valores da época.[2] Segundo a secretaria municipal das Culturas, o complexo cultural deve consumir só para manutenção – que inclui custos de água e luz, por exemplo – R$ 7 milhões por ano.[4]
“
Vamos brincar de ser rico? Primeiro mundo é ótimo! Os filhos da puta roubaram minha gente, e muito! Para fazer o inútil ser útil aos bolsos famintos desses safados! E aí, pela metade, está lá o elefante branco, parado de frente para os enormes engarrafamentos, nobre, belo, inacabado como tudo que se faz!
Vamos criar a rede de esgoto da barra da tijuca? Cadê, o emissário funciona pela metade, a elevatória também, as redes não chegam às casas e tome merda na lagoa. Não quero ser chato e menos ainda um jornalista, quem quiser pode colher os dados e perceber que o que nos faz pequeno é a nossa metade nunca atingida, não temos nada completo, acostumamo-nos ao incompleto e tocamos nossas vidas elegendo os meio-políticos, meio - cobrando, meio - aceitando.
Carioca é assim, pela metade mesmo, se faz um tempo nublado vai prá praia assim mesmo, se o chopp não está gelado toma uma cerveja, se o Mengão não ganha deixa prá lá... O salário está pouco, vai melhorar... A mulher está gorda e chata, deixa prá lá... Nada nesse mundo nada vai tirar a MINHA paz e a tranqüilidade do bom malandro carioca segue, ele sabe tão bem viver e ser feliz com tudo pela metade.
“Deixa a vida me levar, vida leva eu... Deixa a vida me levar”
Um meio abraço a você “mermão” que leu até a metade esse texto e foi fazer coisa melhor, gente boa, eu também sou carioca e vou parar por aqui, cansei, fui...
Roberto Solano
sábado, 27 de novembro de 2010
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