domingo, 28 de abril de 2024

Linda

 Linda


Sempre chamo minha amada de linda

Sempre chamo meu amigo de irmão 

Crianças de meu filho

Os mais velhos de companheiro 

Os mais novos de professores 

Os mais chatos de "adeus"

Os que já se foram de saudade.

A poesia do Rio de Janeiro

 No desenho acrobático das pedras se vê:

A certeza que o incerto é certo,

A beleza do traço divino espalhado na retina,

A miniatura do pão de açúcar ao longe,

A certeza da poesia do Rio de Janeiro


Foto de Luiz Bhering 


quarta-feira, 24 de abril de 2024

A paciência e o telefone de ficha

 A paciência e o telefone de ficha 


Você aí que me lê, talvez não saiba o que é um orelhão: não aquele sujeito "aparentado" com o Dumbo não, uma concha que emergia das calçadas e lá tinha um telefone faminto, sim! Faminto por fichas ! Essa criatura era a única forma de você se comunicar com outra pessoa à distância. Não acredita? Existia vida sem celular! Incrível, não é? Sim, você pensava antes de falar, com as mãos no bolso contava as fichas, com a paciência de um santo entrava na fila rezando para que a linda mocinha acabasse a ligação para seu namorado... Podia chover ou o sol arder que você lá estava aflito para ligar para sua mãe e dar uma bela desculpa por não ter chegado em casa ainda; pior, ligar pra empresa e dizer que não vai trabalhar... Complicado, né? E ainda sobrevivemos! E aprendemos a ter paciência, artigo em falta nos dias de hoje.


segunda-feira, 22 de abril de 2024

Escalando o Everest do seu coração

 Escalando o Everest do seu coração 


Decidi escalar o Everest do seu coração 

Planejei, calculei, investi todo meu eu

Acampado ao pé da montanha, juntei forças 

Com toda fé de um desbravador subi

O ar cada vez mais rarefeito de beijos 

O desejo de chegar maior que o frio do olhar 

Você majestosa me olhava de cima 

E lá, no topo do teu gélido coração, cheguei 

Sorri, e voltei pro meu eu

Ao descer uma avalanche de ciúmes 

Sobre mim os sentimentos ruins

Me afogando fui voltando à realidade 

Do amor impossível



domingo, 21 de abril de 2024

Escolha uma estrela

 Escolha uma estrela 


Já é noite, escolha uma estrela no céu 

Não pense que ela já tem dono 

Se tiver pouco importa 

O amor não se escolhe

E ela é simplesmente única 

Teu amor também pode ser

Só te peço pra não escolher a Lua 

Ela é dos namorados



sábado, 20 de abril de 2024

A verdade, a mentira e a dúvida

 A verdade e a mentira se encontraram pra conversar 

A verdade, muito verdadeira, disse: "você é mentirosa"

A mentira retrucou: "isso é uma grande mentira"

A dúvida, passou e gritou: "parem de me confundir!"

E assim a justiça, cega e burra, falou: "se não fossem vocês eu não tinha trabalho"


Um menino, com asas de anjo, deu uma gargalhada 

E assim a vida seguiu sem certeza de nada


sexta-feira, 19 de abril de 2024

Alimento do amor

 Alimento do amor 


O amor precisa viver bem e crescer

No nascer do dia o carinho da manhã 

O café espirituoso 

O pão quentinho do "bom dia meu amor"

Almoçar um prato cheio de generosidade 

Lanchar conversa fiada com piadas doces

Jantar uma sopa plena de olhares carinhosos 

Antes de dormir um chá de desejos

Amanhã verás teu amor mais forte

Não se esqueça de sonhar com ele


Boa noite


quarta-feira, 17 de abril de 2024

Santa Teresa Benedita da Cruz

 Santa Teresa Benedita da Cruz disse

"Coragem é ir com medo"

Sobre o cavalo do pavor 

Montado no desespero 

Mas com fé sobreviver 

Isso é muito mais que coragem 

É vitória!

Amém



Abril

 Abril


O mês de abril abriu meu coração 

É hora de esperar as emoções 

Acreditar na felicidade 

Respirar esperança 

E esperar o mês de maio 

Pra então sorrir

domingo, 14 de abril de 2024

Carta para Musk

 Carta para Elon Musk 


Prezado Musk 


Vou chamá-lo de Mr X, por óbvias razões, e me apresento com Y. Vamos ao que interessa: o senhor é dono de uma fortuna incalculável e ideias também inumeráveis. Eu, na contra mão financeira, não disponho de recursos, mas sim de algumas ideias. Uma delas é criar o "espaço eterno", ou " a caminho de Deus": um projeto de lançar as cinzas de pessoas falecidas no espaço sideral! Um amigo meu adorou e já se candidata a lançar o pai dele, em uma cápsula com a bandeira do Vasco, para a Lua. Sim, o pai era um sujeito realmente lunático e merece essa homenagem. Eu proponho o negócio, uma parceria do tipo "caracu" ( depois te explico melhor) em que vamos faturar com os defuntos astronautas, a tabela de preço é gradativa:

- em órbita da terra: 1 milhão de dólares 

- destino Lua: 5 milhões 

- destino Plutão ( longe pra karaii), ideal para sogras: 20 milhões 

- buraco negro: de graça para Lula!


Enfim, business is business. Fico a sua disposição para as nossas tratativas, e vou levar meu amigo "Z" para te apresentar, faremos o trio X, Y, Z que já é famoso na matemática e o será em nosso próximo projeto!

 

Best regards 


Mr Y 




Roberto Solano Novaes

Abrir o jornal

 Abrir o jornal 


Abrir o jornal é ato de coragem 

O coração sangra com a maldade alheia

As guerras destroem a esperança 

O horror do homem plantando a mentira 

A mentira virando verdade em sangue 


Ler o jornal faz mal



quarta-feira, 10 de abril de 2024

Ninguém

 Ninguém deve julgar ninguém 

Ninguém deve amar mais que outrem 

Ninguém pode ser melhor que meu bem 

Porém aprenda do amor mais que ninguém 

Para viver de bem

domingo, 7 de abril de 2024

O simples da vida

 O simples da vida 


Acordar, espreguiçar, não pensar

Os pés buscando o chinelo esquecido

Abrir a cortina e festejar o Sol 

Café quente e outro suspiro de alegria 

Agora é viver como folha no ar

Leve, livre e solto 

O simples da vida te abraçou 

Aproveite

Marinheiro sem mar

 Marinheiro sem mar 


Sou marinho sem mar pra navegar 

Ave sem asa

Talvez 

Quem sabe braçadas na areia 

Ou na chuva sonhar com o Sol?


Sei não...

Marinheiro sem mar sofre mais 

Que amante sem beijo

sábado, 6 de abril de 2024

Um dia diferente

Um dia diferente 


Acordei, olhei pro relógio e vi o ponteiro andando pra trás... Pensei rápido: vou dormir mais um pouquinho... Um pensamento me veio à cabeça: será que é verdade? Um olho abriu e o maldito ponteiro continuava andando no sentido contrário! Dei um pulo da cama e abri a janela, os carros andando pra trás... Pronto, endoidei de vez. Liguei a TV e o noticiário de ontem apareceu, fui correndo procurar o dia de hoje, não achei. Nada estava andando pra frente, nem eu! Me vi andando pra trás e esbarrando no corredor... E agora? Agora? Já passou. Voltei pra cama e adiantei o relógio por uma hora, acordei novamente, sem sono, com o relógio na hora certa e fui trabalhar... Cheguei atrasado.


Roberto Solano Novaes

quinta-feira, 4 de abril de 2024

A infância


 A infância


A infância é um sonho que quiz acordar

E, desperto, não sabe mais dormir

No desespero da vida ficamos adultos

Perdemos a imaginação pura nas veias

Não acreditamos mais no impossível

Nem no PeterPan!

Perdemos o melhor que não colhemos

A pureza do encanto


Hoje tenho um punhado de lembranças

Outro tanto de saudades

Da vida mais vida da vida

A infância

terça-feira, 2 de abril de 2024

Retrato na parede

 Retrato na parede


O retrato na parede não existe mais. A memória da família é algo sem sentido, sem função: pra que lembrar de seu pai, seu avô, sua madrinha? A memória foi pras nuvens e não volta mais, o mundo digital é do momento imediato e não tem tempo de lembrar do passado, estamos sem família. O retrato na parede sempre me traz nostalgia, em minha casa existem vários espalhados em pontos bem visíveis, faz bem à minh'alma: o sorriso largo de meu pai, a candura do rosto de minha mãe, os cabelos vermelhos de minha sogra, todos me fazem muito bem. Na casa dos jovens não há retratos, talvez nem paredes, só o moderno do esquecimento, da vida de hoje, das telas poderosas das TVs, dos computadores, do mundo digital. Não serei nunca um retrato, não serei lembrado, o que não tem importância, o que passou passou, mas um dia alguém vai lembrar do valor do retrato preto e branco, velho e mofado, no cantinho de um coração saudoso.

segunda-feira, 1 de abril de 2024

Carta para meu algoritmo

 Carta para meu algoritmo


Sr Algoritmo, venho, por meio desta, trazer minhas preocupações com as atitudes do senhor. Estou sabendo de sua intromissão na minha vida e de sua fofoca digital. Seu amigos Facebook, Instagram, TikTok e outros sabem de minha vida pessoal e você é o culpado. Antigamente você se escondia nos livros de matemática, hoje é um descarado fofoqueiro da internet! Se eu for pesquisar o preço de uma caneta vou ficar, por um ano, recebendo propaganda da Parker, Bic, etc... Se eu olhar a Paolla Oliveira estou condenado a vê-la sambando por 3 meses (nada mal); remédio de pressão é um horror: Raia, Venâncio, Pacheco ( trio desesperança) me bombardeiam com 200 opções e promoções. Sr Algoritmo, sou do tempo da fofoca oral, da vizinha, da sogra, aquela fofoca digerida com direito à uma defesa, agora não! O senhor passa de todos os limites! Desconfio que seu nome vem de ALGO no ÍNTIMO que o senhor descobre e coloca para o mundo, sem cerimônia, sem consideração.

Fica aqui meu protesto registrado, sabendo que fofoqueiro não tem cura.

Sem mais,


Roberto Solano