A dor é parceira do amor, companheira inseparável da velhice, senhora de tantas facetas e truques, dona da verdade absoluta da morte, habitante do corpo e invasora da alma.
segunda-feira, 26 de setembro de 2022
Um sopro de vento
Foto de Márcia Santos e escrito de Roberto Solano Novaes, primos na vida e na arte.
Um sopro de vento
Um sopro de lua
Um breve momento
Uma breve ternura
O Sol como um Deus
A tudo assiste calado
Eu como um súdito
Aqui na beleza encantado
domingo, 25 de setembro de 2022
Um raio de sol
Num pingo de terra um raio de sol
O rasgo no céu descortina a luz
A luz teimando em queimar vermelho
A vida convida ao descanso da noite
O tudo do nada acontece
Em luz
E só
Fotos de Rose Bonfim
sábado, 24 de setembro de 2022
Medo do medo de ter medo
Medo do medo de ter medo
Quisera não ter medo
Nunca ser engolido por ele
Não provar de seu veneno paralisante
Não ter medo do medo é o melhor
Domar a fera antes do ataque
Adivinhar o golpe antes de subir no ringue
Medo do medo de ter medo é o pior
Sentir a febre antes da gripe
Sofrer o desespero da angústia antecipada
Morrer homeopaticamente
domingo, 11 de setembro de 2022
Magia no momento
Há magia no momento
O encanto do futebol transborda
Os jogadores são artistas
Na cidade encantada
Ali a bola subiu aos céus
Tampando o sol para pousar
No peito do craque desconhecido
E deslumbrar os olhos de quem viu
Foto de Luiz Bhering
sábado, 10 de setembro de 2022
sábado, 3 de setembro de 2022
A vida é uma troca
A vida é uma troca ( meu irmão dizia ). Na juventude trocamos alegrias e loucuras, somos leves por não pensar no amanhã, felicidades colhidas até sem troca. Na maturidade trocamos trabalho por dinheiro, amores, filhos, esperanças. Na velhice temos que trocar tristezas, ou mentiras. A tristeza tem uma vantagem: ela é longa e aceita amigos, fiel, te acompanha como um cão adestrado, se acostume à ela. Assim que vi a finitude da vida em pessoas inteligentes: se adaptar à tristeza, sem ser triste, sem troca, eternamente.
sexta-feira, 2 de setembro de 2022
Eu e minha solidão
Eu e minha solidão nos encontramos
Ela sempre disponível disse estar com saudades
Eu, mal a via, não respondi
Ela foi direta chegando perto
Eu, me afastando, delicadamente
Ela se jogou nos meus braços
Eu senti o frio do seu corpo magro
Chorei
Ela sorriu amarelo jurando amor eterno
Eu adormeci
Ela me acordou
Chorei novamente, para nunca mais sorrir