domingo, 31 de março de 2024

Criando expectativa

 Criando expectativa


Criar gato, cachorro, filho é difícil; expectativa é muito mais! Sempre ingrata, não nos obedece, e decepciona. É como ver o quadro de Monalisa pela primeira vez, nunca é o que imaginamos; o primeiro beijo também ilude, a paixão muito mais. A expectativa nasce na sua mente para não ser a realidade, é, por natureza, sonho. Não crie expectativa com objetivos de realizar, não se deixe enganar, ela é tão falsa como promessa de mentiroso. Vá em frente na certeza que o real é o possível, a expectativa é o impossível. Se a sua expectativa for superada pela realidade, não se engane: você está fraco de imaginação! Vá ler Júlio Cortázar, ver os quadros de Salvador Dali e aprenda a voar mais alto, sem destino, sem criar expectativas.

sábado, 30 de março de 2024

Eu peço demissão

 Eu peço demissão


Venho, por meio dessa, pedir demissão

Os motivos são tão pessoais

Não merecem ser ditos


Peço demissão dos meus problemas

Não me sinto capaz de resolvê-los

Assim me desligo em definitivo


Agora pretendo ser fiscal da natureza

Pensar em coisas boas

Respirar sem culpa


Serei um pouco menos triste, quem sabe

Ou um pouco mais feliz, talvez

Aqui me despeço desse trabalho duro


Trabalhar para sobreviver


Assinado: pobres do meu Brasil

quinta-feira, 28 de março de 2024

Sempre nos filhos a sonhar

 O pensamento voa sem taxiar, sem decolar

O instantâneo da mente chega no destino

Por isso muitos sofrem, outros enlouquecem

Os amantes adoram assim viajar

Os tristes não embarcam

Os loucos procuram voltar à terra

Os poetas dão piruetas no ar

E as mães sempre nos filhos a sonhar

domingo, 24 de março de 2024

O sonho

 O sonho da sombra é ser pisada 

O sonho do vento é ser asa

O sonho do amante é a eternidade

O sonho da mãe é o filho

O sonho do sonho é não sonhar

O sonho do amor é ser real

O sonho do pecador é o arrependimento

E o sonho mais puro que há é só sonhar

sábado, 23 de março de 2024

Tempo pensado

 Tempo pensado


O tempo pensado é digerido pela mente

O tempo dormido pela alma

O tempo amado pelo coração

O tempo sem tempo pelo desespero

sexta-feira, 22 de março de 2024

E a poesia morreu

 E a poesia morreu


A poesia morreu de tristeza e abandono

Ela não é mais vista como uma dama

Foi, literalmente, desprezada pelos jovens

Esquecida na poeira das prateleiras


Na cerimônia de despedida amigos vieram

Sra Literatura, velhinha, chorava muito

Dna Felicidade, com olhar perdido, triste estava

Uns poetas se abraçavam, outros bebiam

O Amor era, de todos, o mais desolado


O pedido dela foi atendido:" quero ser cremada"

Um sábio senhor sussurrou "ela é Fênix"

Os outros entenderam que ela era encantada

E que, das cinzas do nada, sempre ressurgiu depois

quarta-feira, 20 de março de 2024

O observador

 O observador


O idoso é, antes de tudo, um observador. Ele necessita ser para sobreviver, a começar pelo próprio corpo: suas dores, manchas, atitudes; depois olhar, literalmente, pra onde pisa e limitar seus movimentos; mais além é olhar pro lado, observar com quem vive e respeitar os limites da convivência. O mais aprazível é olhar a natureza, ver o outro com delicadeza, aceitar o imprevisto, não tentar mudar o mundo e sim se adaptar. Sim, a adaptação é a receita da felicidade do mais velho. Então vamos observar mais e se adaptar sem reclamar?


Roberto Solano

terça-feira, 19 de março de 2024

Senhora Poesia

 O livro Senhora Poesia é uma coletânea de poemas leves, rápidos para fazer pensar.

Quem desejar adquirir pode me contactar no Instagram


@robertosolanovaes





domingo, 17 de março de 2024

Como?

 Como?


Como acertar o passo no descompasso?

Sentir o calor do coração frio?

Amar desamando dia e noite?

Saber sorrir com olhos rasos d'água?

Viver sem pensar na morte?

Como ser ave sem asas?

E sonhar com olhos abertos?

Como?

quarta-feira, 13 de março de 2024

Águas mornas de Porto de galinhas

 Fui nadar nas aguas mornas de Porto de galinhas 

Lavei a alma

Pedi, em silêncio, saúde e capacidade de ver

O torto no certo, o certo da torto

No adverso poder fazer um verso

Calor no amor, e no desamor esquecer

Dar mais que receber

E ser como esse mar que me envolve

Limpo e quente 

Amém



terça-feira, 5 de março de 2024

O homem mais preguiçoso do mundo

 O homem mais preguiçoso do mundo


Meu saudoso pai morava, quando jovem, na rua Benfica, Recife. Naquele tempo tinha um tio dele que morava em uma casa ao lado e tinha fama de ser preguiçoso: passava o dia deitado na rede, gastando o tempo, pensando na "Massaranduba do tempo", algo que não se sabe bem o que é mas necessita de muito relaxamento. Meu pai, um belo dia, chegou e ouviu um gemido vindo da varanda da casa ao lado.

Uiiiiii, uiiiiii...

Ele lá foi averiguar o ocorrido com tio Gumercindo que lá morava. Abriu o portão e o gemido, agora mais auditivo, continuava...

Uiiiiii, uiiiiii...

Tio Gumercindo lá na rede gemia de dor.

Uiiiiii, uiiiiii...

- Tio, meu tio, o que o senhor está sentindo?

- Muita dor meu sobrinho...

- o que houve?

- sentei nos ovos, meu filho

Aí meu pai perguntou o óbvio:

- por que o senhor não se levanta?

Tio Gumercindo respondeu de pronto:

- Estou com uma preguiça...

😁😁😁😁😁

Tubarão em Recife

 Minha família é de Pernambuco, mortes por mordida de tubarão é coisa antiga. Tem um igreja que fica quase a beira mar no bairro de Piedade, uma praia sequencial à Boa viagem, sentido sul. Diz o povo que muitos padres foram deglutidos por tubarões na década de 40. A lenda conta que o problema cresceu de tal ordem que chegou ao bispo e até o Santo Papa, a pergunta era " como evitar a morte dos padres na igrejinha de Piedade?" O Papa, na emergência da resposta, decidiu: " o padre só pode se banhar na praia na companhia do respectivo sacristão, na condição desse ir na frente". As mortes de padres " se acabaram se " mas, em contra partida, nunca mais a igreja teve sacristão! 😁

domingo, 3 de março de 2024

A eternidade

 No desacerto da idade pouso o pensamento na eternidade

Qual seria a graça de uma vida eterna?

O corpo, já cansado, suspira, pede o fim

A alma, nem sabe o que fazer, desfalece

E a mente flutua levemente sem rumo

Até pousar sobre a asa de uma águia

E lá de cima mirar, cá em baixo, a vida