segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Dom Justino

Dom Justino

Na minha infância, no Alto da Boa Vista, fui arrastado para o ensino superior do colégio São Bento, sim superior, como sempre. Era um aluno relapso, só gostava de jogar bola, bafo-bafo, soltar pipa, caçar passarinho e bola de gude. Estudava na escola municipal Menezes Vieira, até entrar no São Bento : minha vida mudou. Os alunos eram internos e sofriam com a distância dos pais, invariavelmente ricos, com filhos a educar no melhor colégio, educação superior, insisto. Minha Mãe era uma diplomata, na boa conversa, e sabia agradar a todos, bateu na porta do reitor, Dom Justino. Esse senhor tinha um olhar calmo e uma severidade ímpar, sabia comandar os meninos, era culto e um bom apreciador de vinho, ela chegou com uma garrafa de um ótimo italiano e um pedido de ingresso para um péssimo aluno. Tudo resolvido e coloquei meu uniforme azul adentrando no internato, sendo semi-interno, voltava prá casa todos os dias e meus amigos lá ficavam para rezar e dormir, acordando com um banho frio ás cinco da matina, disciplina.
Uma vez um colega fugiu, pulando o muro. Dom Justino foi atrás e trouxe o infeliz pelas orelhas, chamou os internos no campo de futebol e aplicou uma bela surra com seu cinto de couro grosso, não houve mais tentativas de fugas, Dom Justino era justo, isso ele era. Em 1967 tivemos uma chuva centenária no Rio de Janeiro, uma calamidade, 1000 mortos! Ficamos isolados no Alto da Boa Vista, sem vista alguma, sem luz, sem estradas. Minha Mãe, temerosa com a estabilidade de nossa casa, apelou para Dom Justino, homem bom, para acolher seus dois filhos homens no colégio em período de férias. Lá passei uma semana vendo os padres jogando bocha e comendo do melhor. Nas tardes eles conversavam se cruzando pelo corredor em uma marcha contínua e creio que espiritual, os beneditinos eram aplicados e exigentes. Aquele verão foi calamitoso, chuva imensa na nossa precária cidade, que o próprio nome diz “Um Rio em Janeiro”, verdade. Tenho medo do verão desde aqueles tempos confinados no colégio de São Bento sem entender que o mundo pode acabar debaixo de chuva. Longe de meus Pais estava sem medo, pois sabia que tinha do meu lado o homem mais justo de todos, meu querido reitor Dom Justino.
Roberto Solano

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Na praia

Na praia

O calor era abrasante. Jovens como a minha companheira não percebem uma tênue linha de gotículas que caminham rumo ao umbigo, a respiração ajuda, a barriga bem desenhada, uma rampa leva aquela água ao interior do biquíni. Uma bela fêmea deitada ao sol, com lábios carnudos, vermelhos, respira calma. Pasmo fico imaginando os segredos que se escondem sob aquela escuridão, entre coxas, aquele suor me excita, a boca começa a secar e o membro avisa, estou vivo ! Limpo a testa dela com um dedo reto e quase paralelo ás sobrancelhas, bem rente, como uma brisa. Mexe um pouco e abre os olhos “Amor”. Isso marcou, descobri um desejo forte que vinha como as ondas do mar ali junto, salgado, tentando me atingir. Boca seca, idéias avançando sobre aquele corpo doirado de pelugens finas, quase loiras, por vezes não reconhecidas pela visão. Deu-se um beijo, não aquele que eu gostaria, mais úmido, e sim salgado e seco, línguas iguanas, raspam-se. O sol começa a incomodar, a ereção também. O corpo pede água e a respiração já descompassada, brota o cheiro da pele feminina, no canto do pescoço. Lambo. Sal e sol. Preciso de mar, ela percebe que o ato se anuncia, aperta meu braço e fala “vamos?” Não há resposta imediata, a gata é felina e ágil, pula livre com os seios amaciados e levemente soltos do aperto cruel da parte superior de um biquíni branco neve. Sou, nesse momento a presa, percebo que a força do desejo é soberana e feminina, sem volta, ela precisa gastar essa energia, que o sol aumenta e o vento empurra.
Penso, sem muita certeza, a praia é deserta, há chance, no mar quente e meio parado, nordeste. Levanto-me sem jeito, sem formas para andar com o incomodo pau exageradamente duro, lateralmente marcando um calção surrado e velho, melhor assim. Caminho em direção ao oceano, minha deusa já escorre o cabelo longo e me vê de braços abertos, “vem”. Mulher de pouca fala me enlouquece, afirmativa e poderosa, no querer, e pode no jogo do sexo. Um beijo, já molhado, aquático, se deu. Eu queria, sem coragem, ter uma experiência de amor livre, tropical, estava no rumo certo. Ela em pé tinha a água na cintura, me apertou contra seu peito, meu membro no delicioso umbigo roçava. Fiquei mais calmo quando percebi uma nuvem que tapava o sol e trazia a força de uma sombra, me encorajei e apertei as nádegas rijas da moça. Fugi, precisava respirar, mergulhei ao lado na tentativa de não pensar na loucura que já cometia. Como vou poder ? Se passar um vendedor tardio ou uma senhora descalça ? Turistas, um risco, não, não posso! Ela veio maldosamente por trás, mamilos duros pedra, roçando as costas queimadas, a mão inquieta penetrou no meu calção, como uma flecha rápida, mergulhou nos pêlos e segurou firme, como se segura uma arma, mão fechada em torno do macho, forte, me puxou prá baixo, estava louca, sem controle, rosto vermelho e boca aberta. Outro beijo, esse mais aquecido e demorado, estelar, céu da boca, cometas. Não largou o pênis que já se manifestava solto no mar, peixe espada, predador. A nuvem se mantinha firme, o corpo já se mantinha sobre joelhos, na areia incomodava. Ela fez o que sabia, trouxe a vagina para perto, um ângulo difícil, penetração impossível, ela inquieta, começou a apertar demais meu membro, estava firme, certa daquela pescaria, tinha o peixe na mão e a rede no sexo, tinha fome.
Fui duro e objetivo “Você quer?” Ela mais e mais certa, " preciso ! " Isso me marcou, talhou o macho indeciso, feriu um orgulho dantesco de um jovem que não podia fracassar, nem morrer na teia da aranha venenosa. Vire, disse. O controle era meu, a água um esconderijo, um lençol quente que nos envolvia , o céu começava a escurecer e a mão corajosa tirou um pequeno triângulo de pano que cobria aquelas montanhas brancas e duras. Ela percebeu a técnica perfeita, inclinou 15 graus á frente e abraçou meu mastro em movimento calmo mas certeiro. Arde um pouco, confesso que o mar não é o melhor lubrificante, ela era mulher de fibra e molhos, a coisa foi evoluindo devagar, meio talo, suave. Minhas mãos já estavam afoitas, percorrendo um seio pequeno e redondo, que eu dividia com a linha d’água, olhando sobre um pescoço curvado, cabelos soltos, língua na orelha, eu mordia, um pouco. A maré crescia e os movimentos também, já dominava aquela rede com meu peixe espada se debatendo contra o fluxo daquela vagina apertada e moldada ao meu desejo. A respiração era forte, a boca aberta recebia a incomoda visita do mar, a luta era grande, o peixe se debatia nas paredes da caverna que apertava mais e mais, estava nos seus últimos momentos. Mordi forte uma nuca, abracei a fêmea como a um tronco o náufrago, o sexo no minuto final. Ela percebeu que a luta estava ganha, jogou o corpo prá trás com força e apertou com unhas finas a minha coxa “ goza, amor ! "
Um choque percorreu o corpo, um tremor nas pernas, sem forças fui me desvaindo em líquido, no fluído canal, agora mais fácil ir e vir, mordi o pano do biquíni e me soltei daquela rede de pesca, daquela que trazia o mar em outras formas e sabores, tentáculos. Escureceu.
Vi o mais lindo mergulho do sol no horizonte, senti o corpo anestesiado. Boiando ficamos um pouco, mãos dadas, só o vento nos tocava... Eles sabiam de tudo: Netuno, a nuvem, e talvez a vendedora do delicioso sorvete de pitanga...

Roberto Solano

O efeito bicicleta

O efeito bicicleta

Na vida devemos parar atividades e começar outras, uma troca de função que trás tristezas e melhorias (ás vezes), temos que aprender. A primeira troca é a chupeta, duro de largar, um vício danado, acalma e lembra a mãe usando a boca. A boca é o problema maior nessa tarefa da troca. Você já fumou? Parou? Meus sinceros parabéns! A tua boca provavelmente não gostou... Ela quer continuar, bichinha teimosa, briga pelo último cigarro, trago, doce, etc... Insaciável e também fala, reclama, chora. A vida seria menos dura sem a boca, no quesito vícios.
Você vai crescendo e tem que abandonar hábitos, esportes, roupas, amigos: Uma chatice ver teu corpo fugir da briga e cansar. Já corri, fiz futebol, judô, jiu-jítsu, caratê e outros esportes prazerosos. Hoje dou uma caminhada na praia e só. Pifei. A cabeça ainda está jovem e quer mais, pede o gole extra na cerveja, a feijoada com pimenta, um sorvete, coisas boas da vida. Fica a briga do corpo com a mente e a saudade, muita, do tempo que não tinha erro, dava tudo certo! Farras, noites mal dormidas, fome, frio, nada incomodava o corpo forte, quebrava e consertava, o tempo era o remédio, logo ele (o tempo) que hoje é meu inimigo maior.
A bicicleta continua andando e vai parar ou cair com você, perigo. Tenho que entender a hora de parar para não me esborrachar no chão. Quando? Vivo nesse País de velhos desvalidos, sem aposentadoria digna, um sistema há muito falido, e parar pode ser a morte, a vergonha maior, ver tua bicicleta se estraçalhar no caminho e não poder andar á pé. Parar, parar de reclamar, tentar carregar o corpo com fé, brigar com as dores e incômodos, trabalhar mais e mais, fingir a juventude que não tens, se encher que vitaminas e Viagras, macho, poderoso ciclista incansável, morro a cima, eternamente. Não quero parar e sim trocar a bicicleta por uma vespinha que me leve, tranqüilo no caminho, assoviando. Está difícil...
E agora, o que fazer? Esquecer o amanhã é o plano melhor, curtir a “laminha” de saúde que sobrou aproveitar e esquecer o velho que está crescendo dentro de você. É legal aquele papo, 60 anos? Tá novo! Morreu com oitenta... Olha o Oscar com 103, e animado com seus projetos infindáveis. A verdade é uma só, parar e não cair, ou não parar nunca, estilo Niemayer, forever! Escolha logo e vá se enganando por aí, eu já comecei meus dois planos: Ficar rico e parar ou não parar nunca! Comecei a me interessar por arquitetura...

Roberto Solano

segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Três mudanças

Três mudanças

A vida humana é curiosa e tem opções difíceis de serem vencidas, a mais dura é a mudança, de qualquer natureza, ela é o maior desafio! Vamos raciocinar. Você mudou de colégio quando pequeno? É duro, os novos colegas vão te dissecar, achar uma fraqueza, um defeito e te sacanear legal. Mudou de amor? Terminou com a namorada e está em outra aventura amorosa? Vais sofrer, sem chance, vais sentir saudades e ciúmes da “outra”. Levou um chifre? É duro amigo, o problema chifral é oriundo da mudança, não estamos preparados para o descarte, virar um lixo do amor, dói muito. Sempre nos achamos os melhores, os homens são assim, “cada homem prá si mesmo é o maior e quer respeito” disse Paulo Vanzolini, grande artista, é verdade. E vem a galha te machucar, te colocar no segundo plano, inferior é claro, muda-se de mulher não é mesmo? A vida continua e o problema vai permanecer pois você mudou!
Casar então é um esporte radical! Risco total, a mudança mais pesada da tua vida, carregar os pianos (sogra, cunhado, etc...) e se auto-prometer felicidade eterna! Piada amigo, piada. Mudou-ferrou ! Trocou de emprego? Novos desafios, é duro também, chefe novo, tens que agradá-lo. A vida é uma eterna mudança, sempre, porém a regra é clara: “Três mudanças correspondem a um incêndio!” Um ditado Chinês que ouço desde jovem e que hoje tenho que concordar e me prevenir. Faça uma simulação e procure exemplos no teu convívio. Alguém que casou e descasou mais de três vezes? Burro ou louco, não vai ter paz nunca! Casar uma vez é normal, aceitável. Dois já começa a ter uma leve tendência ao meu descrédito, vai dobrar os problemas e quadriplicar as despesas, mas errar é humano, pode-se consertar, aceito! Três não é o certo! Pode internar o cidadão, ele vai fazer mal a todos, filhos, parentes, amigos, só tem meu perdão se for jogador de futebol e com apelido de PATO! Quem vai pagar o pato? Esse posso perdoar.
Então amigo aí, corajoso, erre e conserte, seja feliz! Nunca faça a mesma besteira mais de duas vezes, a regra é clara! Três mudanças correspondem a um incêndio! Ensinamento milenar, colega.
Espero ter contribuído para a felicidade dos casais, com chifres ou sem, dos jovens aventureiros e indecisos nos seus caminhos, aos profissionais. Sejam fortes e decidam, corrijam seus erros e vivam felizes, de preferência com uma sogra só...

Roberto Solano

domingo, 9 de janeiro de 2011

Verão carioca

Verão carioca


- Olha o mate...
- Biscoito o globo, olha o globo...
- Salsichão e queijo coalho na brasa...
- Genial, genial...
- Olha o mate...

A moça do lado, prá lá de boa, pede prá eu dar uma olhadinha... Mas eu estava olhando a meia hora, que rabo, que curvas, uma maravilha de mulher, pele queimada, peitos naturais, meu Deus. Pensei, digo que estou olhando? Falo que a praia sem ela é um nada? Ou simplesmente dou um sinal com a cabeça, afirmativo e babante? Que mulher... Sim, balancei o quengo concordante, pode mergulhar minha deusa, volte logo, estou olhando sua bolsa, a bolceta, há muito querida...
Paulinho, volta, volta !!! E Paulinho lá no meio das ondas, queimadão, se achando “ O “ surfista, prancha de baixo do braço ele volta “ Pô mãe, sacanagem, tava maneiro... “ E dá aquela fungada de catarro. Qué um milho? Paulinho se anima e vai correndo na barraca, milho quente para fome juvenil, delícia de ver a manteiga escorrendo da boca salgada, cabelo molhado, desalinhado, calção meio frouxo... Que bunda passou, até Paulinho viu, a loira estava demais, sabia do “ pedaço “ , no Pêpê, na Barra da Tijuca não tinha rabo melhor..
- Olha o mate...
Olha o mate colega? E a bunda? Imagino-me deitado no motel com aquele monumento por cima de mim e um mate gelado na boca, loucura meu, tô delirando... Rio de janeiro, praia, febre dos sentidos. Parei e reagi: Mais uma cerveja aí ô Zacarias! A garganta seca de tesão, meu Deus, estou no Paraíso até chegar o macho da fêmea! Já notou que mulher boa NUNCA está sozinha? Se estiver, colega, tá bichada... O grande Ataulfo Alves já dizia “ Laranja madura, na beira da estrada, está bichada Zé ou tem marimbondo no pé “ Grande poeta!
- Quem não pediu PIDA !
Um baiano vendendo óculos da maior qualidade: Prada, Ray-ban, e outros produtos de primeira ordem!
Priuuuuuuu, priuuuuuuuuuu , O salva vidas avisa ao destraído banhista, volta ! volta! Como se chama um zagueiro de subúrbio, volta! E o magricelo se agarra com a gordinha. Glup, glup, uma tomada de ar e glup, bebe água, muita, junta gente, o nosso herói nada, abraça a menina (claro) , a gordinha bóia... Voltam, tudo certo, o magrelinho respira curto a ganha uma vaia... Estragando a praia?
Bola, altinho, uma onda... Priuuu, a chato da camiseta vermelha parou o jogo, proibido, não é legal! E agora, venta, o tempo vira, vai chover, calor, 40 graus amigo, vamos ter temporal, fim de praia, verão carioca...
Olha a chuva! Espero o mês de Maio para ser realmente feliz!

Roberto Solano

O prazer idiota

O prazer idiota



Sei que vocês vão ficar chateados com o meu dizer. O papo é sério, vou tocar em assunto polêmico e delicado. Até aonde vale o prazer pela vida, ou a vida pelo prazer? Tem gente que sofre, no meu humilde pensar, de um defeito técnico de gostar de coisas perigosas e no meu ver sem sentido: um prazer idiota. A vida é única e boa se você colega aproveitar uma boa praia, a natureza, vinhos, comidas deliciosas, sexo e prazer,viagens, o ar e os passarinhos, tantas coisas a fazer... Entendo um bom charuto, uma dose de “underberg” (meu pai tomava, horrível!) e até gostar de dar o fiofó, gosto é gosto, me esforço para entender e me adaptar daí esbarro na loucura: gostar de subir em pedra! Ou seja, alpinismo. Quando menino fui, pelo colégio de São Bento, me aventurar em programas similares, não achava muita graça, mas era divertida, uma caminhada com amigos e um cabo de aço prá subir na pedra, os padres todos felizes (estavam mais perto do céu...) o coletivo valia mais e éramos crianças.

Hoje vejo mais uma tragédia de um alpinista morrendo á toa. Volto a dizer minha restrita opinião, e só! Vou tentar entender o prazer idiota-egoísta do cidadão. Ele planeja o ano todo, gasta dinheiro e tempo, viaja lá pro cú do mundo, passa frio e fome acampando e olhando pro céu e decide “Hoje é o dia! Vou subir!” E tome a furar pedra, fincar ferro na rocha ou no gelo, vento, o pé congela, o nariz fica vermelho e dói, o pinto desaparece e chega lá. Delícia dos deuses, orgasmos milenares, uma festa para os sentidos, estou no topo, sou o melhor e mais corajoso, sou o fodão do cú do mundo! Só eu comi o cú do mundo! E...

Tira-se uma foto do local, uma bandeira do Brasil, uma respirada no pior ar rarefeito do planeta, troca a cueca (toda molhada das ejaculações permanentes) e volta. Tudo de novo, corda, pino, frio e vento. Esqueceu de um detalhe, a morte. Sim, ela, a velha da foice, a nossa companheira de nascimento, safada e esperta, te espera. Um escorregão, um pino mal ancorado, uma avalanche, muitas formas da filha da mãe de abraçar, ele te quer, ela te ama , viu? E aí, você descobre que estavas é perturbando a velhota, futucando o rabo dela, provocando, prá que? Não entendo, sinceramente não entendo...

Tem doido prá tudo nesse mundo, até prá mascar fumo de rôlo (meu avô dizia), mas burrice é demais... Subir na pedra e tirar uma foto vale tua vida? Trazer uma pedra de gelo prá sogra? Um dedo congelado e amputado é uma medalha prá mostrar ao neto? O que é isso? Entendo várias loucuras, desvios, até gostar de sexo-sujo (o carinha da novela gosta!), correr de carro, trepar com o pau dos outros (voyeur), pular de pára-quedas, etc... São atos curtos, são riscos menores. Subir em pedra não é prazeroso, não sou lagartixa e vou parando por aqui, antes que o leitor fique bravo com esse velho chato e conservador que tem medo até de subir escada...



Roberto Solano

sexta-feira, 7 de janeiro de 2011

Pertinho

Pertinho



Minha ida à NY city foi, pelo menos, divertida. Eu não queria ir, até porque prá ver gente gorda é melhor olhar no espelho, né? Fazer o que? O dólar baixo, a patroa doida prá gastar e eu fui minando minhas forças contra. Peguei o “visa”, o seu passaporte para o império americano, sou velho e cheio de empregados que, se eu fugir eles (os americanos) mandam me caçar na 5ª avenida, ou seja: risco zero! Os gringos querem teu dinheiro colega, não se engane, você é uma carteira que anda em NY, só isso, mais nada.

Estou lá, hotel grande, movimento de gringo prá cá e prá lá, arrumadeiras educadas “Good morning “, aspirador de pó a todo vapor, pergunta: Porque americano adora aspirador de pó? É uma tara por veludos, tapetes e tome aspirador nos coitados... Enfim, os americanos são exagerados. Pedi um café pequeno e veio um balde! Quente, hot, very hot, o babaca aqui queimou os lábios naquele chá preto que chamam de café.

Vamos ao tema. No segundo dia, já não me perdendo no hotel, entrei no elevador com a minha compradora oficial (mulher) do lado, veio no vácuo um casal: Ela toda arrumada, de botas longas, bolsa de grife, calça jeans mais apertada que salário mínimo, blusa colorida, peito de plástico tamanho GG, rosto maquiado, ou melhor, asfaltado de cremes, brinco de brilhantes estilo cascata do Niágara, cabelo escorrido e comprido ( quase chegando na bota ) e lábios mais vermelhos que o meu ardido do café torturantemente quente, resumo: uma arvore de natal do Bradesco ali no meio do enorme elevador que cabiam umas 500 pessoas! Lembrei-me da lagoa Rodrigo de Freitas em época natalina, sorri. Juro que perdi uns 30 segundos analisando a “peça rara”, da espécie feminino-consumista do BRASIL! Claro, vocês sabem reconhecer uma perua não sabem? Dou a dica: Assoviar e esperar... Gluglu, glugluglu, gluglugluglu... É infalível! Olhei para o parceiro da arvore, o presente de natal: O bicho era baixinho e arrumadinho, sapato novo que brilhava mais que o brinco da patroa, barrigudinho e empinado (aqueles baixinhos com pose de “grande homem”, sabe como é...), calça de vinco, cinto de couro com fivela dourada, camisa social de primeira ordem, blazer azul, bonito mesmo, relógio de ouro, homem de posses, com certeza. Eu voltava do bar e tinha deglutido umas “ beers “ perguntei “ Você é brasileiro? “ A pergunta mais idiota que já fiz, do tipo “ você é padeiro? “ na padaria, ou “ você é lixeiro? “ pro sujeito que vestido de laranja recolhe o lixo na porta de sua casa. Pergunta idiota, feita, não dá prá voltar. Resposta : “ Sou simmmm “ Vocês conhecem o nordeste ? O sotaque do nordestino é arrastado, comprido e meloso. Rebati “de Recife? “ o cabrabaixinho respondeu “ PERTINHO “, de pertinhooo... Maceió... Fizemos os comprimentos e as portas se abriram, pertinho no 17 e eu no 20.

Meus amigos, Pertinho era um herói! No dia seguinte choveu muito e eu tomava um café na lanchonete do lado do hotel, me divertindo com a gringalhada que passava correndo e parava na frente do negão elegante, vendedor de guarda-chuvas. Como os americanos gostam de comprar, o big-black-men tinha belas peças, grandes e pequenas, coloridas, automáticas, uma fartura de modelos e vendia muito. A patroa disse “ Vou comprar ! “ Eu arrematei o único e poderoso não da viagem “ NÃO" , você vai levar no avião essa espingarda ? Ela murchou e entendeu que não cabia na mala aquela “ big umbrella “, aceitou o argumento e ficamos vendo os rápidos e decididos filhos da terra comprando em 5 segundos seus novos protetores de chuva. Veio um judeu ortodoxo com o guarda-chuva todo fudido, meia banda espeto de churrasco e meia banda pano preto; ele quando viu a cena de consumo acelerou, correu segurando o graveto na cabeça, com medo de comprar, 10 dólares é muito caro prá judeu! Chegou Pertinho, nosso visinho, e como todo bom brasileiro empatou a venda no Michael Jordan: Abria um, fechava outro, testava na chuva, voltava, o nosso Litlle men consumiu uns 10 minutos do afro-descendente que, calmo como uma estátua, só revirava os olhos atrás de Pertinho que era rápido como um raio, comprou cinco peças! A patroa gritou “Pertinho levou e eu não vou levar”?”“ Não! " Curto e grosso. Eu estava macho-todo !

Pois bem, Pertinho criou uma crise conjugal. Todas as lojas que eu ia lá estava a porra do Pertinho! Cheio de sacolas, com aquela arvore natalina do lado, ele era bom de braço, carregava umas 20 em cada mão. Out-let, lá vem Pertinho, desconverso a patroa e mudo de rua. Macys, Pertinho de novo... Rapidamente chamo á atenção da patroa para o teto com decorações da loja e acelero como o judeu. Ufa ! Ela não viu...

Só sei que o baixinho fez a festa dele e a minha desgraça. Minha companheira ficava com ódio de mim “ele comprou amor... Posso ? “ “ Não ! " . À noite sofri imaginando pertinho afogado nos enormes seios da companheira em um sexo memorável por cima das sacolas da Louis Vuitton e eu na mão... Amor vamos dar uma “totadinha? “ “ Não ! "



Nunca mais volto á Nova York !


Roberto Solano

quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

Brizolinha

Brizolinha

Na minha juventude eu era tímido, criado no mato e depois removido para Ipanema dos loucos e avançados rapazes, moças e veados. Pirei. Fui me adaptando e me enturmei com uma galera mais “ligth” que freqüentava outras” praias”, menos avançadas e mais adaptadas a minha quietice. Nisso fiquei com os amigos Lulu, Jorginho das bocas, Aluizinho e outros do Flamengo e adjacências. Jorginho, mais descolado, sempre otimista e topando tudo. Tinha uma Rural que fazia a festa da turma nos finais de semana, e avançávamos para além túnel Rebouças, zona norte, aonde éramos reis! Nada como ser garoto zona sul naqueles tempos, tínhamos até uma rede de vôlei na praia de Ipanema, sucesso total, mas não pegávamos nenhuma gatinha de Ipanema, elas eram muita areia para o nosso caminhão (ou melhor, rural) e só fazíamos pose na praia, pegando uma cor e rumando para a zona norte.
Certa feita o nosso ídolo espiritual e cachaçal, Jorginho das bocas, descolou um apartamento em Araruama, quarto e sala, de uma tia velha. Os tempos eram bicudos e não havia grana prá nada, só para uma cerveja gelada com conhaque, ovo colorido e entrar de penetra em alguma festa “maneira” no Méier, tijuca ou santa Tereza (meio caminho do sul ao norte). Uma viagem para uma praia, com apartamento “free” era um sonho ! Eu não sabia que Araruama era Araruama, entendes? Ir para o lado de Cabo frio já era um luxo só. Fomos!
Jorginho tratou de convidar “as “ meninas “, tudo gente fina, que vinham da barreira do Vasco, uma favela de São Cristóvão, aonde o nosso herói era gentilmente chamado de “ Jorginho das bocas “, tratamento fino para um cliente zona sul. Embarcamos na rodoviária , “ ele “ apareceu com uma linda gatinha “ falssiê “ , toda na moda , linda, cabelos de fazer inveja às riquinhas do Leblon, mas pobre e carente... As amigas já não eram assim tão gostosas mas davam pro gasto, meio brega mesmo, cavalo dado não se abre a boca, não é ? E tinha uma morena jambo, boazuda, carnes fartas e peitos maiores, coxões invejáveis, vamos chamá-la de Tânia ( um nome chic na época ! ). Lulu gamou na peça e eu fiquei com a loura oxigenada,Ruth, tudo bem, vamos para Búzios ! Que nada, Araruama...
As compras feitas : cerveja, miojo e só ! E basta, o resto compramos lá. Mochilas nas costas e entramos no Ônibus rumo às magníficas praias do litoral norte fluminense. Um pacote branco me chamou á atenção, um conjunto de panos brancos e uma bolsa azul de plástico, nas mãos da adorável morena-jambo. Seguimos viagem até o “pacote” acordar ! Hem, hem... Fraquinho, depois aumentou Heeeeeem, heeeeem, mais forte , até o famigerado Búaaaaaaaaaaa !!!! O pacote tinha fome e queria mamar ! Brizolinha explicou a fartura dos seios da morena e a cara de espanto do seu acompanhante, um bebê em nossa adorável viagem ! Susto geral ! A mãe sacou os mamilos marrons maiores que já vi, um sapoti, e sapecou na boca do moleque bem tostado de natureza, morenão quebrando as asas para um negão, bonito e forte. Mamou que era uma beleza ! A Mãe colocou a cria no final do ônibus, que tinha aquele banco integral e confortável e voltou para a se esfregar em Lulu que gostou muito da comissão de frente da cabrocha, estava feliz, e brizolinha também ! A viagem foi boa, até um cavalo adentrar a pista, que susto! Alías dois. O motorista deu uma freada grande e os passageiros se assustaram, nada de mais, graças a Deus, o motorista ia retomar sua marcha quando pisou em algo estranho, Búaaaaaaaaaaa, búaaaaaaaaaa. O brizolinha tinha rolado do fundo até a frente do ônibus, quase vazio, Rio-Araruama, 15 cruzeiros novos, direto. Levou um susto e pegou o “pacote” nas mãos e alto chamou:” Quem é o responsável por essa criança? “ Búaaaaaaaaaaa, búaaaaaaaaaaaa, brizolinha acordou, estava com fome, tadinho. A mãe apareceu e resgatou aquele tubo branco, um O.B. de Itu, com um menino dentro,entalado, agradeceu e seguimos viagem.
Araruama, praia? Lagoa ? O que é aquilo? A largura da areia de 2 m, a pista da BR passando do lado, a água parada e mais salgada que bacalhau seco, uma verdadeira desgraça, mas de graça ! Chegamos ! Já que a praia não era convidativa, que tal as meninas ? Fomos para o amplo quarto e sala da Tia, outra bosta ! Combinamos, 2 horas por casal, uma voltinha na praia e uma trepadinha, rodízio perfeito até o nosso pequeno político começar a berrar, muito, que sufoco, não dava prá trepar no quarto com aquela cuíca desafinada na sala. Búaaaaaaaaaa, búaaaaaaaaaaaa, merda ! Fomos socorrer a criatura, tiramos a fralda e descobrimos a maior assadura que já vi na vida! A carinhosa mãe não limpava os “possuídos” do neném, era carne viva, os olhos mareados do futuro traficante dizia tudo, dor, muita dor! Fomos á luta: Pomada minâncora, que tinha trazido para o meu branco e pontudo nariz, o bichinho chorou e desmaiou, uma boa mamada e três fodas, das boas, Lulu deu...
Na volta a Mãe de Lulu viu a pequena criatura nos braços da sambista e declarou : “ Meu neto ! “ Foi amor á primeira fralda ! E tratou de brizolinha com afeto e amor, o bicho engordou uma semana (tempo da boa moça resolver umas paradas lá no morro ), lindo, brizolinha estava um brizolão, gordo, saudável, sorria prá todos, um CIEP, que beleza! Meu nariz era um tomate de vermelho.
Concluí que morar na zona sul faz um bem danado para assaduras e que a vida no morro
não é mole não...

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Xixi sentado

Xixi sentado

As relações entre marido e mulher são curiosas. Todo casal tem seu lado criança, brincalhão até: “Xuxuzinho coça o pé do seu fôfuco”,” Piu-Piu dá uma bitoca no Tchutchuco” e outras baboseiras que se alguém ouvir pega mal. Mas rola um clima jovem, de um amor adolescente e puro, devemos ver por esse ângulo e compreender. Nas minhas rodadas de cervejas e conversa fora já ouvi coisas muito interessantes de amigos mais ainda. O Paulão era boa praça e adorava a mulher dele, apaixonado mesmo, não olhava para as outras, toda vez que alguém contava uma vantagem ele rebatia com uma da sua esposa querida, que não era “esse balaio todo”, um” mais ou menos” em todos os quesitos visuais, dava pro gasto, só isso. Bem, gosto é gosto e não vamos comentar. Um dia o homem chegou triste e abatido no bar, confessou que a mulher não era a mesma, não estava dando atenção e se recusava a fazer sua “misturinha”. Misturinha? A galera parou e curiosa ficou a imaginar o que seria a tal da “misturinha”. Eu, de minha parte, viajei na maionese, deve ser uma sacanagem de primeira ordem! Imaginando o peludo Paulão, com seus fartos atributos sexuais, na cama com a claríssima Claudinha (1,60m), uma mulher de bolso para o alto e forte rapaz. Nunca entendi direito esses casais “chupa-em-pé”, o sujeito alto com a dama baixinha... Mas deve dar uma “misturinha” das boas! Pensando na moça montada naquele touro, rodopiando, frente, costas, tira e bota, bota e tira, loucura de “misturinha”, deve ser uma delícia! Perguntei: “Paulão, sem querer ofender, o que é uma misturinha”? Ele se animou” é uma especialidade de minha mulher, só ela sabe fazer, adoro! “ Eu, fiquei animadíssimo com o rumo da prosa e já me via fazendo a tal misturinha como o mestre Paulão e sendo elogiado no leito conjugal “ Amor, aonde você aprendeu isso ? Que loucura ! Estou com falta de ar, já tive 12 orgasmos triplos ! Assim você me mata, meu “latin lover!” Sempre quis ser chamado de” latin lover” e nunca consegui... Era a minha grande chance, o rei da misturinha, ou “ The King of little mixture “ ou “ Sexual Milk-shake Men “, tenho que aprender ! Fala aí ô Paulão, pô está me deixando nervoso !E ele, com a calma de um guru indiano, se abriu “Quando chego em casa, cansado, me jogo na poltrona e peço, amor a minha misturinha, pituquinha...” Eu, pensei: Errei, não é na cama! Melhor ainda, na farta poltrona de veludo vermelho da sala do casal, ela nuinha, vindo como uma nadadora, mergulhando naquele mar de pêlos do Paulão, que loucura ! Fala porra ! Calma, explico: Lá já sentado e sem sapatos vejo a Claudinha trazendo a minha misturinha na mão direita e uma toalha na mão esquerda, bebo com prazer e ela me enxuga o rosto, delícia ! “Cacete, que bebida é essa? É água gelada com água natural... Meus amigos, eu gelei de raiva, que merda é essa, um copo de água com a temperatura perfeita, no qual o Paulão se deliciava... Ele explicou, tinha uma garganta muito sensível e no calor sofria com o desejo de beber um gelado e pimba! Adoecia... Tadinho... Até conhecer a Cláudia, ela sabia o ponto certo da temperatura fria que não afetava o calorento e suado Paulão, que depois de enxuto pela amada ganhava um selinho na boca! Não é lindo isso! Fiquei muito puto ! Cortei relações com o Paulão, ele exterminou meu sonho doirado de latin lover! Babaca filho da puta!
Outro foi o Ayrton, sujeito calmo, inteligente, presidente de uma grande empresa multinacional, rico. Casou com linda mulher, morenaça, de forno e fogão, prendada, uma foda-completa, sacou? O tempo passou e o casal cada vez mais enamorados, tiveram quatro filhas, lindas, cresceram. Um belo dia chegou em casa e no jantar recebeu o comunicado oficial da família: “Querido, nós todas juntas já decidimos, você não pode se negar, somos cinco mulheres nessa casa” O bom pai ficou curioso, fazia todas as vontades da mulher e das meninas, roupas, viagens, tudo enfim, estava tranqüilo. Pode dizer amor, sou só ouvido... Querido, a partir de hoje você só vai fazer xixi sentado! Meus amigos é pura verdade, a Leoa com suas crias já tinha decidido, nunca mais teriam que se preocupar com as gotinhas eventuais do pinto único da casa, sentado! Sentado !!!! E isso é uma ordem!
Só tenho a dizer que o famoso executivo não sabia mais mijar de pé ! Confessou, em uma bebedeira de carnaval, para os amigos do clube, pegou mal, muito mal. Coitado do Ayrton ficou taxado de pau-mandado da mulher, que já não estava tão gostosa quanto antes, gordinha desfilava feliz pela piscina do clube. Só sei te dizer que ele hoje está solteiro, vive bem em outra cidade, está até mais jovem e feliz, estive com ele, muitas mulheres o cercam, jovens e bonitas, realizado. Tomamos uns drinks juntos, contei a estória da misturinha, ele riu muito e disse “Solano, estou me mijando de tanto rir, volto já” Levantou-se e foi ao mictório e eu fiquei louco para acompanhá-lo, mas podia pegar mal né? Afinal é melhor dormir curioso que perder outro amigo...

Roberto Solano

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

O amor por um fio

O amor por um fio

Fato verídico, anos 70, tijuca, Rio de janeiro, RJ. Paulo, rapaz alegre e descontraído conheceu Paula no Méier, festinha de fim de semana, na casa da prima. Ele rapaz bonito e zona sul, descolado, bom paquerador, bom de beijos e abraços, família distinta, estudava no São Bento, menino de qualidades. Ela vinha de família tradicional, tijucana na base sólida de pais bem casados, apartamento próprio, carro novo na garagem, título do tijuca tênis clube, colégio Santa Marcelina, fina flor da zona norte.
Para lembrar: Não se ficava não! Os tempos (outros há muito já passados) eram de namoro sério, as festinhas sempre de família, com os penetras é claro, mas as meninas sempre acompanhadas de irmãos ou primos, beijo? Nem pensar colega! No máximo uma dancinha apertada, dropes no bolso para disfarçar a incomoda ereção, calça boca de sino, cabelos compridos e um amasso no escurinho da garagem (boate da época), uma cheiradinha no pescoço da moça, roçando nas coxas dela... Voltávamos prá casa feliz, ovos doendo, pegava um hot-dog na Praça Saens peña, ou um “rango” no centro, Angu do Gomes ! Quem provou sabe que é comida de substância, forte e vigorosa, mata a fome na hora e dá forças para a redenção dos pecados alcoólicos da época.
O amor é lindo! Paulo se encantou com a bela, pele clara, olhos infinitamente azuis, cabelos castanhos, umas sardinhas discretas no rosto, cara de pura e santa, prometia muito segredos entre aquelas coxas duras e roliças, se encantou. Ligou no dia seguinte, telefone preto no colo adolescente, esperando dar linha e pensando “vou marcar um cinema lá na praça, no domingo de tarde, acho que ela topa”. Ligou. Resposta positiva em parte, tinha que levar o pentelho do irmão da Paula, garoto chato, cara de babaca (toda irmã gostosa tem!), não era nerd, pois não havia o termo nos idos anos do tri-campeonato de futebol. O garoto era uma mistura de Gérson (lembram da lei?) com Tostão (os olhos meio vesgos), feio e idiota. Tudo tem seu preço...
Domingo, tarde quente, cine Odeon, filme bobo, um beijo roubado! O tri-campeão infantil foi comprar pipoca e ele não segurou a emoção de colar os lábios naquela tímida boca, sem antes mostrar a força de sua pegada naquelas coxas divinamente escondidas, quentes, na calça jeans (a mãe não deixou ir de saia, vai que rola uma mão boba...). O pinto duro como pedra pulsava na cueca e o coração na boca, chegou a ver o seio dela crescer na respiração forte quando sua língua atrevida alçou o céu da boca virginal. Amigos, tesão era isso, ver, apalpar e não comer o fruto do desejo ! E tome angu do Gomes com o famoso “cinco-contra-um” no banheiro frio. Paixão declarada, convite feito. A família marcou almoço dominical para selar o namoro nas bases pré-estabelecidas da cultura tijucana: Horário de chegada, vigilância de algum parente confiável, boas notas no São Bento! Minha filha não vai casar com qualquer um! Pai bravo, mãe calma. Vó surda, irmão pentelho, tio manguaça e tia metida a besta (toda na última moda, colecionava a revista cruzeiro e usava produtos Avon), mesa posta. Veio o arroz de forno, a carne assada que era o orgulho da mãe, uma salada para enfeitar o conjunto e Paulo na mesa, prato na frente, primeira garfada, queimou a língua, nada que tirasse o sabor do beijo concedido na noite anterior, no portão do prédio na Rua Conde de Bonfim (ele gostou do Bonfim, afinal queria evoluir naquelas coxas maravilhosas, já adivinhava a belezura que se escondia na calcinha de renda branca que viu por baixo da saia plissada de Paula), o amor chegou para ficar! Tinha certeza absoluta até que... Um ronco meio estranho na barriga, um frio nas costas, um aperto no fiofó, a lembrança de ter trocado o angu do Gomes pelo cachorro quente com aquele molho “especial” na porta do clube... É colega, a bomba ia explodir, a palavra era BANHEIRO, rápido, urgente. Dna Clara posso usar o “toalete?“ , não era” chique “ usar o banheiro, tinha o toalete , apertado cubículo aonde o amigo Paulo derramou seu problema, foi no estilo “ escola de samba “ veio tudo certinho e arrumado no começo mas acabou naquela esculhambação geral no final, na avenida. A obra de arte fedia muito, Paulo se preocupou com o vento que poderia soprar da janela basculante, levantou, limpou o traseiro, fechou a janela e puxou o fio da descarga. Merda, merda meus amigos, ele engoliu a palavra feia e segurou na mão aquela cordinha perdida e partida, branca como a pele de Paula, quebradinha na mão e o conjunto pastoso ali olhando marrom para ele. Paulo não era de fugir da briga, lembro que ele deu umas porradas no 68 (número do colega Beneditino, famoso pela cabeçada mortal), bom de briga! O Paulo tinha um pé grande e usava aqueles coturnos do exercito, no dia estava com um lindo pizante comprado na Casa Tavares (aquela do cachorrinho, que não foi com a cara do Paulo e era a mascote da família), bonito mesmo, relógio sicura no pulso, cigarro parliament no bolso. Subiu no vaso para a pescaria da salvação, um pé sobre a lousa fria, um impulso vertical e a mão na água fria da caixinha de descarga. ESCABUM... Desabou nosso herói com o sapato novo no balde de merda e fundo falso ! Meu Deus, que tragédia! O pé grande e preso,a carteira de cigarros americano por cima da bosta quente. Tentou puxar o pé, não saía!!!! Um terror baixou na pele morena do rapaz, olhou no espelho e viu seu rosto branco, pálido, um defunto de pé! No chão os respingos intestinais, nos olhos as lágrimas correram tímidas até romperem em desespero total quando ouviu a amada chamar (com o dedo tampando o nariz do odor insuportável que emanava do recinto lavatório). Paulo, amor, o que houve? Paulo mudo ficou até a chegada do porteiro, seu Zé, nordestino acostumado com a vida dura das palafitas, adentrou derrubando a porta e pisando na merda desentalou o gélido Paulo de Tarso...
Depois disso notei que o saudoso amigo estava mais calado na escola, triste até, chegou a levar uma cabeçada do 68 sem reagir. Conversei com ele, no recreio, ele se abriu... Tinha saudade da Paulinha e toda noite sonhava com ela nos seus braços, beijos loucos na boca, nos seios rosados, até visualizar os pêlos pubianos, lindos e suaves, cor de âmbar, e acordar de susto quando essa cor lembrava o Zé que lembrava o toalete que lembrava essa merda de vida!
Assim acabou-se um amor perfeito por um mísero fio de corda sanitária, na tijuca quente e elegante do meu tempo.

Roberto Solano

sábado, 1 de janeiro de 2011

Que venha a velhice

Que venha a velhice

Venha leve e curta, doce como uma brisa na tarde quente de Recife, suave a beira mar... E que seja curta. Vento breve, que balance o meu ser fazendo cair os frutos da grande arvore da memória, que eu os colha, saborei-os, sinta ainda o gosto bom da vida, que só é e só se percebe na idade madura. O fruto da saudade, sabor doce e ácido, travando a boca, umbu-cajá, fruta boa misturada na cachaça, hei de beber com os amigos e esquecer a vida vindoura. Quero viver de lembranças, de rir e esquecer, sim esquecer para lembrar, ler o mesmo adorável livro várias vezes, mastigar o alimento da alma sentindo o mesmo sabor e redescobrir o primeiro beijo.
Estou me preparando, apreensivo, temeroso, leão sem dentes, dragão sem fogo. Vou ficar de pé, espero. Vou caminhar, suponho. Serei digno? Os cabelos brancos terão brilho, passaporte para o orgulho? Netos? Bisnetos? E a vontade de viver, saberei moldá-la na tolice do simples, na gargalhada do idiota, no sorriso puro do menino? Terei forças para talhar a madeira dura do cansaço? Verei a vida como o absurdo do nada, me divertindo disso? E a fé? Será ela minha bengala? Não sei... Estou com medo, o pavor da queda, do susto, da cegueira maior: Não crer no amanhã! Vou chegar ao banheiro antes do meu mijo quente? Terei a perna firme para calçar meus sapatos? Serei alvo da piedade e mais um imóvel no salão de um asilo? Solidão.
O castigo maior me cerca, do meu eu só, parado e gélido, minha solidão. Trabuco na mão caminho nesse caminho duro de pó, no escuro, as corujas piam, nas pedras tropeço, a velha da foice me aguarda, com certeza da emboscada fatal, velha safada. Que venha a morte com força e fibra de macho, nordestina na peixeira, boa de mira, em um tiro só, um tombo só, num só adeus. Não quero a morte homeopática da medicina moderna, dos homens que não são homens de verdade, que mentem no jaleco branco da vida eterna, covardes na falta de humor e de morfina, agulhentos e feios, sombras brancas do nada, impiedosos.
Vou parar essa tortura que te exponho amigo, você vai ser velho se sorte tiver e serás mais ainda feliz se olhares agora teu Pai ou Avô, teu vizinho torto, aquela senhora de cadeira de rodas e fazê-los sorrir. Se uma breve gargalhada colher terás colhido uma flor, a mais bela flor, que um dia trarás na lapela. Encontraremo-nos no caminho, o amigo que aqui te escreve, nós e muitos, juntos marchando rumo ao céu. Um lugar pleno de crianças e sabores, frutas doces, animais, gatos, cavalos brancos, de uma só verdade reinante, a fantasia. O Céu será a fantasia que moldaste nos olhos dos mais velhos, eles te abraçarão com carinho e num passe de mágica dirão “A velhice é o castigo dos lábios, á a falta do riso, a chatice do nada” Te pegam pela mão e sobre a verde grama celeste chamarão as crianças para brincarem de tudo que foi proibido, travessuras mil, cambalhotas e gargalhadas, do nada vais rir e entender a beleza do grande palhaço que você já foi.
Carequinha, Golias e Muçum venham me ensinar o riso aqui da terra e me dê o dom de colher o riso do mais velho, desde o mais chato e rabugento, do emburrado ao inconformado, para que eu possa me redimir dos meus pecados.

Diferenças

Diferenças

Nordeste, Recife, costumes. Moro no Rio de Janeiro e percebo as diferenças culturais nas minhas vindas por aqui, muitas delas são só pontos de vista pessoal, outras verdades, vocês que venham sentir para apreciá-las. Acordou? Tome banho! Isso é regra. Explicação não há, será o calor? O sujeito sonha com uma bela companheira e acorda suado... Será preguiça? Não sei. A água daqui sai quente da torneira e os que podem tomam banho mais quente ainda, fervendo mesmo! A teoria da preguiça morre aí, no banho quente, se fosse frio vá lá! O povo daqui gosta e trabalha muito, não creio que o banho quente aumente as energias, será? Vou testar. Vi, creiam, o sujeito tomar banho e ir para a praia, perfumoso... Meu pai contava que um tio dele, rico cidadão, era questionado pela digníssima esposa, ao cair do crepúsculo, “Vóis meçê vai me ocupar?” No caso do” Sim” ela partia para o banho noturno, fora de hora. Então fiquemos assim, acordou-banhou!
Café matutino, coisa boa e farta: Macaxeira, carne de sol refogada, inhame, tapioca, queijo de coalho assado, banana comprida, suco de graviola ou pitanga (prá refrescar), ovos mexidos, café preto, bolo de Souza Leão... É prá comer e morrer... O povo acorda cedo, come bem (quando tem), trabalha e... BEBE muita cana, “cerva”, nos” pega-bêbo” que são bares improvisados nas esquinas, tem na cidade toda, desde o maior até um” isonor” com um” tamborete de forró” para sentar. Lembro-me de um professor de concreto armado que nos ensinava o que seria um pilar curto, sem flambagem, o nobre Paraibano definiu “Pilar curto é tamborete de forró! Não flamba nunca!” Cabra bom, professor objetivo, um tamborete de forró é a coisa mais estável do mundo! Um anão com alma de super-homem.
São os costumes da “terrinha”: Comer, beber e repetir a receita, engordar feliz, exibir a linda barriga cultivada, saúde. Um magro, por aqui, é doente ou um problema genético. Um tio de minha mulher era tão magro, tão magro, que quando ele morreu o médico colocou-o de pé e sacudiu, foi só varrer os ossos...
Beber uísque é aqui, arvores de natal feitas de Red Label, banho quente e uísque, certo? Vai que entra uma frente fria rigorosa, não é mesmo? O povo é prevenido. No inverno vai à Suíça brasileira: Gravatá, 22 graus e acende-se a lareira, vinhos e fondue, uma beleza mesmo, clima europeu. Eu gosto muito, mas não sinto frio, acho que sou muito resistente, diferente, afinal sou carioca pô ! Qual é mermão? Sou da turma que não toma banho de manhã, que vai prá praia e não volta cedo, bebe chope sem muito colarinho, fica no bar até tarde, de calção mesmo, não tem receio do frio e nunca toma uísque, só convida a galera “passa lá em casa prá tomar um uísque!” Aliás, alguém já foi comer e beber em casa de carioca? Se foi tenha a certeza que ele era nordestino!

Roberto Solano

Eu acho

Eu acho

Do verbo achar, muito usado e comum. Eu acho que o ano de 2011 será bom! Eu não concordo com o verbo em nossa língua portuguesa, ele pressupõe que você achou algo, encontrou o que querias, etc... Vamos para o Francês: “Je pense”, não é lindo? Eu penso que vou achar ou que é verdade o que penso, não achei nada ainda, certo? I think, também vai bem, o inglês também “pensa” não procura como nós. Eu acho... “Tem um gosto do definitivo, do certo, do “eu sei” , do “ Papai sabe tudo “ ( os mais velhos lembram ) , eu sei o que quero ! Másculo mesmo, poderoso. Vamos lá, trocar o “ acho “ por “ penso “ , que tal ? Mais inteligente, simpático, elegante mesmo. E dá um ar intelectual no locutor : “ Eu penso que o ano de 2011 será bom ! “Ficou mais leve e até poético, gostei! Eu não acho mais nada, pronto! Eu penso!
Sempre fui educado a ver o mundo falho, torto mesmo, como ele sempre foi. Meu pai dizia “Nunca afirme nada meu filho! Nada é absolutamente certo!” Verdade, hoje eu acho (achava, cacete! Já estava errando, EU PENSO!) que devemos ter cuidado com nossas certezas e cuidado com as pessoas para qual afirmamos a " nossa verdade “. Desconfie sempre! E pense muito, não ache nada, pesquise, ouça, olhe para os lados, e se possível diga “Nós achamos” ( merda de novo! Nós pensamos! ) aí vou te dar uma nota DEZ! Você é inteligente e corporativo! Equipe, meu velho, trabalho de equipe, tudo diluído, até o erro... Mas ás vezes tem que afirmar, e re-afirmar, com o tenho certeza! Se não tiver muita platéia concordata pise fundo: Tenho certeza ABSOLUTA! Meu amigo, estás na beira do abismo, se bobear você vai cair no abismo, se morrer na tua certeza passarás a ser o bobo da corte, um piadista ou um idiota mesmo, quiçá burro. CUIDADO! Certeza absoluta é um bilhete só de ida companheiro, sem crédito de milhas e sem previsão de retorno, avião vazio, vais saltar de pára-quedas, lá no meio do Alasca, se der sorte não cairás na cabeça do faminto urso polar, cuidado... Primeiro pense, depois ache, confira, dê uns beliscões na pele e se tiver bebido volte atrás. Depois conte até 10, respire fundo e dispare a bala: Eu tenho certeza! Na cartucheira a segunda bala: ABSOLUTA! Vá lá, veja se o tiro pegou no adversário, veja se ele morreu, esse duelo é mortal, querido. Cuidado! Quando achamos (porra! errei de novo!) que matamos a questão aparece um super-herói do nada, o Fantasma, ou o Batmam, pior ainda com o Tio Patinhas, e ele te dá o troco, prova que estás errado, ferrou! Então a regra é: Pense, ache, desconfie e diga o famoso “será ?”. Será que Oslo (antiga Christiania ou Kristiania) é a capital e maior cidade da Noruega ? Você tem certeza, mas joga a isca contra os super-heróis, isso dá certo! Não afirme nada colega, principalmente com os sabichões na mesa: O silêncio é o melhor dos conselhos! Se tiver que falar seja humilde, não afirme, e se fores muito inteligente se faça de bobo, antes que “eles” te promovam a um bobo-maior!

Roberto Solano

A lagosta do Marimbás

A lagosta do Marimbás


Na década de 60 meu Pai se associou a este clube que á época era o “ must “ da nata social de Copacabana. Clube pequeno, no posto 6, abaixo do forte de Copacabana, desfruta de vista previlegiada e guarda barcos que dali saem para a pesca submarina, motivo de sua criação. Até hoje lá existe, recomendo uma visita !
O velho era um homem de vanguarda, teve o primeiro Karmann Guia na cidade ! Fica orgulhoso quando as pessoas estavam rodeando o carro, com olhar curioso. Esses fatos me marcaram, mas pelo peito inflado do contador do que pelo ato em si. Tinha que ser sócio de um clube privado e que oferecia o baile do Popaye, famoso por mulheres extravagantes, bebidas e lança perfume.
Copacabana era o bairro da moda, eu menino passeiava de carro com meus irmãos aos domingos, via o povo na av. Atlântica, arrumados, sapatos novos, vestidos coloridos. Ganhava um Algodão doce e voltava para a rotina: Meu Pai não gostava de crianças, fazia a sua parte dominical e pronto, basta.
Já maior, vim a conhecer o Marimbás aonde ele ia tomar seus Whisques com amigos na varanda, eu ficava na praia em frente e via os barcos chegando com peixes para a venda na calçada, minha mãe comprava. Um pouco mais velho comecei a desfrutar da lagosta : Os mergulhadores traziam lagostas frescas para a cozinha prepará-las, delícia dos deuses meus caros ! Antes de ir nós ligávamos para o clube, confirmando a presença do nobre crustáceo, marcando mesa na varanda. Me lembro de chegar com meu pai ao volante e um negão ( da maior qualidade ! ) nos receber vestido de comandante de navio ! Roupa impecável, luvas e a cordialidade que só o povo rico conhece, abria a porta e estacionava, era assim, muito “ chic “ . Tinha uma rampa de cimentado vermelho que chegava na varanda, a vista já começava a incomodar; a praia, as redes de vôlei em frente, barcos e banhistas margeando a princezinha do mar, Copacabana dos bons tempos, me incantava. Sentávamos em mesa redonda de frente para um janela vendo as delícias praianas e pedíamos a lagosta na manteiga. Ela chegava, linda, dourada, branca e macia. As batatas nadavam ao redor, faziam um balé lindo de se ver e comer. Quentes ! Eu sempre me queimava, era a gula e o desejo de comer o impossível, a lagosta fresca do Marimbás. Meu Pai fazia desse evento uma comemoração rara ! Poucos tinham esse direito de desfrutar da melhor comida, melhor vista do Rio de Janeiro e da melhor companhia : ELE . Sim, meu Pai sabia do riscado, era bom de marketing, um Deus que elegeu seu Olimpo na orla de Copacabana, eu me sentia um príncipe, com aquele sabor indecifrável do prato único, manjar dos deuses, a lagosta do Marimbás...

Eu acho

Eu acho

Do verbo achar, muito usado e comum. Eu acho que o ano de 2011 será bom! Eu não concordo com o verbo em nossa língua portuguesa, ele pressupõe que você achou algo, encontrou o que querias, etc... Vamos para o Francês: “Je pense”, não é lindo? Eu penso que vou achar ou que é verdade o que penso, não achei nada ainda, certo? I think, também vai bem, o inglês também “pensa” não procura como nós. Eu acho... “Tem um gosto do definitivo, do certo, do “eu sei” , do “ Papai sabe tudo “ ( os mais velhos lembram ) , eu sei o que quero ! Másculo mesmo, poderoso. Vamos lá, trocar o “ acho “ por “ penso “ , que tal ? Mais inteligente, simpático, elegante mesmo. E dá um ar intelectual no locutor : “ Eu penso que o ano de 2011 será bom ! “Ficou mais leve e até poético, gostei! Eu não acho mais nada, pronto! Eu penso!
Sempre fui educado a ver o mundo falho, torto mesmo, como ele sempre foi. Meu pai dizia “Nunca afirme nada meu filho! Nada é absolutamente certo!” Verdade, hoje eu acho (achava, cacete! Já estava errando, EU PENSO!) que devemos ter cuidado com nossas certezas e cuidado com as pessoas para qual afirmamos a " nossa verdade “. Desconfie sempre! E pense muito, não ache nada, pesquise, ouça, olhe para os lados, e se possível diga “Nós achamos” ( merda de novo! Nós pensamos! ) aí vou te dar uma nota DEZ! Você é inteligente e corporativo! Equipe, meu velho, trabalho de equipe, tudo diluído, até o erro... Mas ás vezes tem que afirmar, e re-afirmar, com o tenho certeza! Se não tiver muita platéia concordata pise fundo: Tenho certeza ABSOLUTA! Meu amigo, estás na beira do abismo, se bobear você vai cair no abismo, se morrer na tua certeza passarás a ser o bobo da corte, um piadista ou um idiota mesmo, quiçá burro. CUIDADO! Certeza absoluta é um bilhete só de ida companheiro, sem crédito de milhas e sem previsão de retorno, avião vazio, vais saltar de pára-quedas, lá no meio do Alasca, se der sorte não cairás na cabeça do faminto urso polar, cuidado... Primeiro pense, depois ache, confira, dê uns beliscões na pele e se tiver bebido volte atrás. Depois conte até 10, respire fundo e dispare a bala: Eu tenho certeza! Na cartucheira a segunda bala: ABSOLUTA! Vá lá, veja se o tiro pegou no adversário, veja se ele morreu, esse duelo é mortal, querido. Cuidado! Quando achamos (porra! errei de novo!) que matamos a questão aparece um super-herói do nada, o Fantasma, ou o Batmam, pior ainda com o Tio Patinhas, e ele te dá o troco, prova que estás errado, ferrou! Então a regra é: Pense, ache, desconfie e diga o famoso “será ?”. Será que Oslo (antiga Christiania ou Kristiania) é a capital e maior cidade da Noruega ? Você tem certeza, mas joga a isca contra os super-heróis, isso dá certo! Não afirme nada colega, principalmente com os sabichões na mesa: O silêncio é o melhor dos conselhos! Se tiver que falar seja humilde, não afirme, e se fores muito inteligente se faça de bobo, antes que “eles” te promovam a um bobo-maior!

Roberto Solano