quarta-feira, 27 de abril de 2011

A mentira


Mentira

Já pensou um mundo sem mentiras? Aliás, sem o mentiroso? Eu já e não gostei do que vi. O mentiroso é, em primeiro lugar, mal entendido (nem todas as mentiras “colam”), por isso sofre demais. Quem fala só a verdade sofre muito mais, pela burrice que toda verdade traz, e pode ser muito pior conviver com esses chato de galochas, o santo da verdade pura, o certo, certíssimo! Grande filho da mãe! Nunca erra, só tem verdades. Para você só falar a verdade tens que ser um chato, estudioso, para não cometer enganos! Errar? Jamais, só a pura verdade, informação correta, na bucha, sem deslize, chato prá encrenca! E encrenca tu vais arrumar se andas com esse cidadão da confiabilidade total, ele te entrega: “Não foi bem isso que você falou!” Pronto, ferrou tudo, você já estava avançando no papo, a galera acreditando na tua manobra, a mentira virando um fato, e chega o contraditório, teu colega chaturinha, desfaz tudo... “Não acredito, prove!” De novo o intrigante vem pentelhar teu memorável fato, tua conquista, estavas agradando a menina, fazendo o perfil atlético que ela gosta, e dissestes que subiu a pedra da Gávea, 2 vezes, certo? Não acredites! Putz, que cara chato! E a facada no coração é aquela frase “Mentindo de novo!” Essa é mortal! Normalmente vêm da ala feminina, elas sempre não acreditam na tua estória e nunca há uma “mentirinha” só, uma vez só, nunca. Não! Sempre mentes “de novo”, é duro mesmo, mas, ainda assim é melhor mentir.
Mentir é uma arte! Final de ano prova você chega a casa, véspera de Natal, pedido já feito e vem à maldita pergunta “Foi bem na prova?” E aí, colega, você entrega teu pescoço? Vai dar uma de santo e se martirizar, ou confiante na revisão de prova, arrancar os pontos que te faltam? Eu sempre respondia, fui muito bem, mamãe! Olhava para o Pai, que tirou brevemente os olhos do jornal, desconfiado, eu dizia “Deu prá passar!”. A linda garota também deu prá passar! ( Ela respondeu : DEI ) Mas isso é outro artifício. Eu sabia que meus irmãos passavam por média, fato terrível de ser aceito e entendido. Pô, sempre assisti às aulas, os professores é que são exigentes demais! Colégio de São Bento, duro, e mais ainda estudar para a prova final, largando a bola e os amigos já de férias, que merda...
E você? Sempre passou por média? Disse a verdade, sabe de tudo, é um “consultor”? Nunca mentiu né? Mas teve vontade de pular a cerca... Seu frouxo ! Tua inteligência emocional é ZERO!!! É isso aí, inventaram a tal da inteligência emocional, que infelizmente não havia no meu tempo de guri. È a ONG dos mentirosos atuando no mundo intelectual, coisa de gênio preguiçoso, dá certo! Você passa a mentir e agrada todos! É comunicativo, alegre, descontraído, todos te querem, sabe prá que? Mentir, mentir muito, com classe e respeito! A nossa ONG é coisa séria!
Estamos salvos: Mentirosos unidos jamais serão vencidos! Viva a UM (Universidade da Mentira), faça seu MBA (Mentir Bem Agrada) por lá e tenha sucesso na vida! Sem a mentira não há a criatividade, a arte, e você não sobrevive nesse mundo cão! Viva o Barão de Munchhausen (Karl Friedrich Hieronymus von Münchhausen )! Nosso patrono na UM!

Roberto Solano

terça-feira, 26 de abril de 2011

Na praia

Na praia


O calor era abrasante. Jovens, como a minha companheira, não percebem uma tênue linha de gotículas escorrendo rumo ao umbigo, a respiração ajudando. A barriga bem desenhada serve de rampa e leva essa água ao interior do biquíni.
Uma bela fêmea deitada ao Sol, com lábios carnudos e vermelhos, respirava calmamente. Pasmo, me pus a imaginar os segredos escondidos por trás daquela escuridão, entre as coxas. Aquele suor me excitava, a boca começava a secar e o membro avisando: “Estou vivo!”. Limpo a testa dela com um dedo reto e quase paralelo às sobrancelhas, bem rente, como uma brisa. Ela se mexeu um pouco e abriu os olhos, “Amor”. Isso me marcou e eu descobri um desejo vindo forte como as ondas do mar, bem ali, junto, salgado, tentando me atingir. Boca seca, ideias avançando sobre aquele corpo doirado de pelugens finas, quase loiras, por vezes imperceptíveis aos olhos. Deu-se um beijo, não aquele como eu gostaria, mais úmido, e sim um beijo salgado e seco, de línguas iguanas se raspando. O Sol começou a incomodar e a ereção também. O corpo pedia água e a respiração já ia descompassada, quando brotou o cheiro da pele feminina no canto do pescoço. Lambi. Sal e Sol. Precisava de mar. Ela percebeu que o ato se anunciava e apertou meu braço: “Vamos?”. Não houve resposta imediata. A gata, felina e ágil, pulou livre com os seios amaciados e levemente soltos da prisão cruel da parte superior de um biquíni branco-neve. Nesse momento, eu era a presa. Percebi a força do desejo feminino e soberano, sem volta. Ela precisava gastar essa energia, aumentada pelo Sol e empurrada pelo vento.
Sem muita certeza, pensei, “A praia está deserta, há chance... No mar quente e meio parado, nordeste.”.Levanto-me desajeitado, sem meios de andar com o incômodo pau exageradamente duro, marcando na lateral de um calção surrado e velho (melhor assim). Caminho em direção ao oceano, onde minha deusa já escorre o cabelo longo e me olha de braços abertos, “Vem”. Mulher de pouca fala me enlouquece – afirmativa e poderosa no querer, além de poder no jogo do sexo. Um beijo, já molhado, aquático, aconteceu. Ainda que sem coragem, eu queria ter uma experiência de amor livre, tropical, e estava no rumo certo. Ela, em pé, a água pela cintura, me apertou contra o peito, enquanto meu membro roçava em seu delicioso umbigo. Fiquei mais calmo quando percebi uma nuvem que tapava o Sol e trazia a força de uma sombra. Tomei coragem e apertei as nádegas rijas da moça. Então, fugi. Precisava respirar e mergulhei ao lado, na tentativa de não pensar na loucura que já cometia. Como poderei? E se passar um vendedor tardio ou uma senhora descalça? Turistas... Um risco! Não, não posso! E ela veio maldosamente por trás: os mamilos duros como pedra roçando minhas costas queimadas. Com a mão inquieta dentro do meu calção, rápida como uma flecha, mergulhou os dedos nos pelos e segurou firme, como se segura uma arma. A mão fechada em torno do macho, forte, me puxou para baixo. Ela estava louca, sem controle, com o rosto vermelho e boca aberta. Outro beijo, esse mais aquecido e demorado, estelar, céu da boca, cometas. Não largou o pênis, que já se manifestava solto no mar, peixe espada, predador. A nuvem se mantinha firme. Meu corpo, apoiado sobre joelhos na areia, incomodava. Ela fez o que sabia, trouxe a vagina para perto. O ângulo era difícil e uma penetração seria impossível. Ela, inquieta, começou a apertar demais meu membro. Estava firme, certa de que naquela pescaria tinha o peixe na mão e a rede no sexo, e tinha fome.
Fui duro e objetivo, “Você quer?”. Ela mais e mais certa respondeu, “Preciso!”. Isso me marcou, talhou o macho indeciso, feriu o orgulho dantesco de um jovem que não podia fracassar nem morrer na teia da aranha venenosa. “Vire”, disse. O controle era meu e a água, um esconderijo, um lençol quente que nos envolvia. O céu começava a escurecer e a mão corajosa tirou um pequeno triângulo de pano que cobria aquelas montanhas brancas e duras. Ela percebeu a técnica perfeita: inclinou 15º à frente e abraçou meu “mastro” em movimento calmo, mas certeiro. Ardeu um pouco. Confesso que o mar não é o melhor lubrificante, mas ela era uma mulher de fibra e molhos. A coisa foi evoluindo devagar, a meio talo, suave. Minhas mãos já estavam afoitas, percorrendo um seio pequeno e redondo que eu dividia com a linha d’água, olhando sobre um pescoço curvado; cabelos soltos, língua na orelha, eu mordia um pouco. A maré crescia e os movimentos também. Já dominava aquela rede com meu peixe espada se debatendo contra o fluxo daquela vagina apertada e moldada ao meu desejo. A respiração era forte, a boca aberta recebia a incômoda visita do mar. A luta era grande e o peixe se debatia nas paredes da caverna que estreitava mais e mais, enquanto estava em seus últimos momentos. Mordi forte a nuca, abracei a fêmea como um náufrago se agarrando a um tronco – o sexo estava no minuto final. Ela percebeu que a luta estava ganha, então jogou com força o corpo para trás e apertou com unhas finas a minha coxa “Goza, amor!”.
Um choque percorreu meu corpo e senti um tremor nas pernas. Sem forças, fui me desvaindo em meio à água, no fluido canal. Já era mais fácil ir e vir. Mordi o pano do biquíni e me soltei daquela rede de pesca, daquela que trazia o mar em outras formas e sabores, tentáculos. Escureceu.
Vi o mais lindo mergulho do Sol no horizonte e sentia o corpo anestesiado. Ficamos boiando um pouco, de mãos dadas e só o vento nos tocava... Eles sabiam de tudo: Netuno, a nuvem e, talvez, a vendedora do delicioso sorvete de pitanga...


Roberto Solano

sexta-feira, 22 de abril de 2011

A máquina da solidão

A máquina da solidão

Descobri, diante dessa tela colorida, dessa vida agitada, ela é quem fabrica e multiplica solidão. Você que aí desfruta das benesses da máquina não vai brigar com ela, certo? Quer mudar de assunto, né? Solidão é papo chato... Vou ligar para um amigo! Boa idéia! Será que ele está ocupado? E então vamos ao facebook, melhor checar. Ele está lá! Vou chamá-lo para conversar? E no MSN??? Será boa idéia? Ele está ocupado... Ligo depois...
A máquina cumpre o seu dever, te ocupar e te fazer PRESENTE, sempre! Isso é a melhor máquina do mundo!!! Eu posso ser amigo de infinitas pessoas que me querem bem! Tanto que nunca me viram e gostam de mim, maravilha!! Não estou só, tenho 200 seguidores no meu Twitter, legal! Sou ativo em vários fóruns, no facebook estou plugado direto, cabra bom! Aqui tranqüilo sem incomodar ninguém, sem me sentir só, alegre e confortavelmente sentado. Deu tesão, vixe... Quanta mulher gostosa nesse site que o Paulão mandou, aquele tarado só pensa nisso! Tem uma mulher gostosa e só me manda sacanagem!!! Porra!!! Porque não manda a mulher dele? Ela tem cara de carente e peitos indecentes ! As coxas, coisa de louco!!! Meu Deus que foda é essa aqui? Tô ligado, a loirinha com um Negão, ela não vai agüentar... Que loucura, ela gosta disso!!! Vou sair. Música clássica para me acalmar... Um chamado no MSN, meu cunhado, filho da puta, não trabalha e fica contando vantagens... O quê? Vai viajar de novo? Cabra de sorte, a mulher paga e o babaca sai por aí sem falar nada, nem Inglês nem Francês muito menos Alemão ! Aproveitando a vida com tudo pago... Porra! Aquela mulher feia de novo me dando bola na Internet! Ela ficou louca com o poema do Vinícius de Moraes que enviei, prá ela e prá TORCIDA DO FLAMENGO inteira, mulher carente...
E eu aqui doido para ir ao botequim tomar uma, mando mensagens, ligo e a galera está sem tempo, MENTIRA!!! Todos na frente do computador vendo sacanagem ou estudando Grego!!! Cada desculpa fantástica, para ficar feliz com sua máquina, a toda poderosa máquina da solidão. Uma amiga me recebe e conversa comigo com o dito cujo no colo (laptop), “não posso perder a promoção!” Tem cada “galinha morta” nesse site! E fico ali, educadamente, vendo as super, hiper-vantagens, do hotel falido em Maringá por R$ 10,00 a diária!!! Ela compra feliz, sua gaveta está cheia de alegrias improváveis, fazer o quê? Ela vai contar vantagens para as amigas que terão outras maravilhas “Di Grátis” para contar... Tudo na máquina.
Vamos ficando felizes, conectados ao mundo veloz, todos interligados, amigos, quase irmãos! Eu quase chorei com uma declaração de amizade eterna da Claudinha, minha amiga “Face”, tadinha, carente como eu, nessa máquina de absorver homens e crianças, de tirar meu sono, de sonhar por mim, meu computador...
Que saudades do telefone com fio, da espera na fila do cinema, da namorada da esquina a me esperar vindo de um ônibus vazio, das peladas, mentiras do bar, abraços suados e fedorentos, do calor humano que me mantinha vivo e palpável, agora estou só como todos e não me sinto assim! Maravilha!!! Vou parando por aqui, tenho que responder vários e-mails e jogar com a Fernanda no facebook... FUI..........

Roberto Solano

A coragem de fazer um livro

Amigos

A idéia nasceu com o empurrão de alguns leitores, mas sempre ficamos com mêdo do novo e, neste caso, com o " peso " da decisão. Fazer um livro ! Custa tempo e dinheiro, mas qual o objetivo ? Massagear o ego ? Divulgar seu nome ?
Perguntei à muita gente e poucos responderam. A melhor resposta veio de um amigo de infância, lá do saudoso São Bento, vejam :


"

Solano,



Você está sendo corajoso de se submeter à opinião alheia, mas acho que não haverá consenso. Cada um achará uma coisa... O mais importante é que você escreve, o livro é uma simples conseqüência de concretização material em papel. Uma vez li uma frase do escritor Paul Valéry que dizia: “A principal função de um livro é surpreender o seu autor”. Interpretei que quando isso ocorre, a “química” está ocorrendo. Ou seja, se o que você escreve te surpreende, vem de dentro e é sincero, expressa o que você deseja de forma natural e espontânea. É você, tem a sua dimensão. E cada um que leia e aprecie do modo que desejar. Sua missão estará cumprida.



Abração e boa sorte.



Marcelo Schwob "


Uma maravilha !!!!!

O livro vai sair em Maio próximo, aguardem!!!!

Roberto Solano

O dono do Mundo

O dono do mundo

Quem seria?
Sempre tive a curiosidade infantil de saber quem, de fato, é o dono do mundo? O presidente dos EUA? Teria sido Napoleão? Hitler tentou... Mas tudo isso é poder, mandar, ditar ordens, ser um capataz da fazenda, não o verdadeiro dono. Depois fui me acostumando com a feliz idéia que ainda não há um proprietário para o nosso magnífico planeta! O leitor deve estar pensando em desistir e partir para outra ação, menos ficar lendo essa idiotice aqui... Calma, vamos começar pela teoria. O que é ser dono do mundo? Ter poder político? Comprar infindáveis terras? Matar gente? Ou ser suficientemente rico e sair por aí podendo adquirir o que quiser? Qual a tua definição?
Vou na minha: conhecer! Claro, antes de comprar você deve conhecer a posse, escolher o patrimônio, não é verdade? Então, simplificando essa filosofia de botequim, vamos para a parte prática do negócio: escolher o produto! Se gostar leva, certo?
Amigos é simples, o futuro dono do mundo está por aí vagando, de chinelos e bermudão no Caribe, todo agasalhado na Antártida, ou perdido em algum deserto. Esse é o homem certo! Procurando tesouros no mundo, vendo céus de diferentes tonalidades, mergulhando em águas frias e quentes, florestas adentro, montanhas acima, um observador criterioso. Um dia ele vai fechar negócio, uma ilha aqui, uma fazenda lá no Pantanal, um castelo na França e um bar em Praga. Neste dia ele pode encontrar amigos como ele, homens que desejam ter o mundo e estão por aí soltos, na pesquisa louca de seu mais impossível desejo e dizer “Sou o dono do Mundo!!!” Já encontrei figuras assim, curiosas, contadores de aventuras, bons de copo e conversa, nos botequins espalhados desse mundão de Deus. Essa é a graça do poeta, do sonhador, do aventureiro, ser dono do mundo. Missão árdua, dura, nada que um bom papo regado à cerveja não aplaque e o conforte.
Aqui vai a minha homenagem aos futuros proprietários desse sonho maior, vá conhecer o mundo! Sentir-se dono dele! Acreditar nessa fantasia maravilhosa, provar um pouco de cada cantinho, cada esquina de Amsterdam. Viajantes, mochilas nas costas! Sigam desbravando terras, vendo culturas e gentes de toda qualidade, memorizem, viajem com o coração, e retornem para a tua velhice cheio de estórias e medalhas. Isso é teu tesouro maior: teu passado de memórias, tua bagagem de souvenir, para teus filhos e netos.
E, caro amigo, finalmente um dia você poder inflar o peito dizer: Eu fui o dono do Mundo!!!!!!

sexta-feira, 15 de abril de 2011

Formas de amar

Formas de amar



Posso amar com raiva, com força, carinho

Posso também te amar...

Desamar com a intensidade absoluta

Te esquecer na poeira do cosmo...



Quero te amar com luz

Te ver, lamber, saborear...

Quero te amar no escuro

Te sentir, sonhar, te imaginar...



Desejo tua carne crua

Desejo teu desejo solitário

Desejo que sonhes comigo

Desejo que me desejes...



Sonhar para não ter os pés na terra

Acreditar no impossível amor

Inventar teu amar na forma de sonhar

Sonhar teu amor na forma de inventar...



Amar de todas as formas e sabores

Saber de todos os gestos

Entender de todas as dores

Se apaixonar...



Quero dizer do amor o que nunca foi dito

Gostaria de te ensinar o que nunca aprendi

Teria o prazer divino de compartilhar essa lição

Não sou Deus para saber amar...



Só uma coisa eu sei e vou te ensinar

De todas as formas de amar a melhor

Melhor de todas, de calores e emoções

O amor arrependido da melhor reconciliação.



Ainda te amo, meu amor...



Roberto Solano

quinta-feira, 14 de abril de 2011

Coluna do meio

Coluna do meio



Uma idéia me fascinava, no tempo que jogava na loteria esportiva: jogando todos os jogos na coluna do meio eu começava milionário! Pois é, simples assim. Os jogos sempre começam no zero a zero e eu acertava sempre! Essa maravilha de pensamento lógico esbarrava em jogadores competentes que faziam gols, e meu sonho durava pouco, mas me encantava essa lógica de ver lógica em jogo, coisa de maluco...

Hoje tenho uma teoria mais fundamentada em fatos e experimentada com muito sucesso: o meio é o melhor caminho, a melhor opção, independente de ser no jogo, na vida dá certo! O que nos dá mais prazer???? Pensou??? Maldou??? Sim, você acertou: sexo! E o melhor dele está aonde??? Bem no meio, ali no ponto exato, central e fundamental. Ponto prá mim! Já estás gostando da minha teoria né? Na prática é que podemos tirar proveito da “coluna do meio”, vamos lá: atravessar uma rua no meio do quarteirão é o mais seguro, você vê as esquinas, analisa o trânsito e a velocidade dos carros, se tentar fazer essa operação na esquina podes se dar mal! Viajar de avião? Aconselho o meio da aeronave, ficas perto de dois banheiros, visão total, maravilha. Jogo de futebol então é certo ficar no meio, vista privilegiada e longe das confusões das torcidas organizadas. Cinema? Vá no meio, a tela frontal, os chatos que passam na tua frente caem para ZERO, o indivíduo pede licença e pisa no pé de quem que fica do meio prá direita ou prá esquerda. Aquela bunda enorme esfregando na tua cara, o grandalhão que passa te apertando contra a cadeira e derrubando a tua pipoca, chato isso... Sente no meio colega! Restaurante, procure o lugar eqüidistante, longe dos garçons afobados, meio caminho do caixa e do banheiro, podes ficar mais visível e atraente! Nada de ficar no cantinho ou na janela, aproveite o conjunto e curta o movimento no seu entorno, quase sempre dá certo e é melhor. Jogas futebol? Tente terminar tua carreira no meio do campo, corres menos e serás o cérebro do time, um Gérson, um Rivelino, não esquecendo o Zico. Todos foram bons e escolheram serem armadores para atingirem a perfeição. Dançar? O meio do salão é o ponto, você paquera com todas, mesmo dançando mal a turma que não dança e te derruba com maldosos comentários no dia seguinte não te vê, isso é bom!

Em tudo o melhor está no meio: hot-dog, miolo da alcatra, sofá, hora do almoço, casamento e a vida. Começar é difícil, terminar sempre triste, o meio caminho é bom, estável e naturalmente feliz.

O Leão da montanha foi o meu melhor professor “Saída pela direita”! E vez por outra “Saída pela esquerda” isso sim é sabedoria! Ele sempre escapava, meu herói infantil, sempre pelo centro e escapando... É o que tento fazer até hoje.

Vou parando aqui no meio mesmo, é melhor, antes que você queira me criticar e me partir ao meio...



Roberto Solano

segunda-feira, 11 de abril de 2011

Bom senso

Bom senso

Os humanos vivem em grupos e criam regras que podem conduzir a uma civilização próspera ou não. A vida comunitária deve ser boa, embora o homem não o seja, isso é incoerente, mas real. Os antigos faziam sacrifícios aos Deuses, condenando à morte indefesas crianças, a Igreja matou muito em prol de um Jesus que não pregou isso, e sim o amor à vida. Para vivermos temos que acreditar no amanhã seguro, viver a “paz” de nossa comunidade, e não temer a morte sem explicação. Esse é o ponto: explicar o que não tem lógica civilizatória, o que não admitimos. Imagino a dor das Mães que doavam seus filhos aos Deuses, e como o mundo a consolava...
Vamos ao dia de hoje, ao fato da morte despejada em nossa cara sem explicação: um louco se matou e na carona da sua loucura levou inocentes estudantes de um bairro proletário na capital da cidade dita maravilhosa e calma... Alô, alô Realengo aquele abraço! Gritou a velha da foice acompanhada de um rapaz franzino e solitário, despejando seu ódio ao mundo. Triste. Mais que triste: ilógico! Como explicar a morte louca, sem amarras, infeliz no puro ato de simplesmente matar, matar para nada, por nada. O louco tem uma idéia e a executa, e nós aqui, do outro lado do muro que ele construiu ficamos à deriva... Por quê???? Os jornais estampam o rosto fino, quase normal, de um jovem pobre de tudo, um lixo que caiu na terra e contaminou a nossa vida, matando, só. O povo, revoltado, vai jogar pedras na casa do infeliz, tentar mostrar a sua revolta no material, no lógico e palpável, na parede que devia ter contido o doido, na sua prisão que não o aprisionou... A mídia tirando seus frutos da tragédia, a morte vende bem! E aquela que vem banhada em sangue puro, vende mais! Vamos viver essa dor com toda sua força para esquecermos e, o quanto antes, deixarmos de questionar o “porque” e voltarmos a viver acreditando na morte anunciada ou pelo menos possível. A vida e seus mistérios se confundem em um computador de um mero suburbano esquecido, desamparado, procurando uma saída nas “verdades” que a internet, esse poço sem fim do conhecimento, poderia trazer. Dê um computador para um louco e veja o que colherás.
A morte, ela de novo mostra sua cara indigna, podre, safada, cretina, vestida de maldades e na contramão da vida atropela quem passar na sua frente. Fomos criados para morrer com explicação, para não se morrer mais, para a ciência evoluir, trazendo novas drogas, novas curas, novos aviões, air-bags, em carros mais velozes... O maluco que escala uma montanha no frio limite e morre, tem explicação. O piloto de corrida se espatifa no muro, é a adrenalina, essa vontade de sentir o prazer divino de brincar com a morte. E a vida? Ela deve ser vivida? O herói existe? Os valores modernos e comportamentais aceitam que jovens se matem em esportes radicais, em experimentações de limite, de dor, em prol da vitória! Que lindo é morrer como um símbolo de sucesso e aventura. Essa morte provocada é aceita. E aquela que vem do nada, da escuridão de nossa incapacidade de ver o mundo como ele é? Você aceita?
Amigos, esse é o maior desafio da psiquiatria, detectar o desequilibrado a tempo, não deixá-lo entrar em uma escola, nem tão pouco virar um ditador, um Hitler, um Kadafi, que tanto mataram, mas com uma explicação...
Explicar a morte pela vida, não! Ela não se explica! Ela é um fato, devido a outro fato, que brotou do ventre de tua Mãe...
Simples.

Roberto Solano