segunda-feira, 28 de outubro de 2013

Interpretação de um sonho ( Por Maria Elizabeth )



Interpretação de um Sonho

Era verão, tempo de praia no Nordeste. A família do senhor de engenho tinha uma casa de veraneio no litoral norte de Pernambuco. Como acorria todos os anos, ali se reunia a família nos finais de semana. Manhã de domingo.  A turma jovem ainda em pleno sono, a dona da casa na cozinha providenciando o almoço. Na sala, sentados à mesa do café sogra e genro conversavam animadamente, ele contando um sonho que tinha tido naquela noite:  “Sonhei que estávamos na casa de minha mãe em plena cheia. Água para todo lado, a casa inundada e todos os carros boiando no quintal, uma coisa danada.” Na década de 70 houve várias inundações (cujo codinome no Recife é cheia) que atingiram a cidade do Recife e outras no caminho do Capibaribe. Na capital de Pernambuco, muitos bairros ficavam completamente alagados, as casas tomadas pela água imunda. Uma coisa terrível mesmo, só resolvida com a construção de uma barragem muitos anos depois. Pois bem, o narrador dava detalhes à sogra do seu sonho e ela ouvindo a tudo bem atenta.
Semana seguinte e todos na casa de praia novamente. O genro ansioso esperando a sogra chegar para contar sua fracassada investida no mundo do jogo do bicho. Explico a ansiedade, a sogra era jogadora contumaz, fazia fé na Loteria, jogava no bicho, na Sena, etc e tal. O marido não gostava que ela jogasse, então ela se valia do silêncio e cumplicidade do velho motorista da família. Estava acostumada a ganhar de vez em quando, lembrando sempre de gratificar bem o seu cúmplice.
Lá pelas 10h a sogra chegou, trazendo sua alegria e muitos presentes para os netos, uma festa! O genro ficou pensativo. Seria aniversário de alguém? O dia das crianças já passou, o Natal nem chegou. Então qual seria o motivo de tantos presentes?
Beijinhos pra lá, beijinhos pra cá, a criançada alvoroçada abrindo os presentes, o genro chamou a sogra de lado e iniciaram o seguinte diálogo:
- Que tantos presentes são esses, minha sogra?
- Você lembra do  sonho que me contou, meu genro? Baseada nele, eu joguei uma milhar certeira e tirei uma bolada boa. Deu até para o motorista comprar uma geladeira nova!
- Como assim, sogra?  Estava justamente esperando a senhora chegar para contar que seguindo seu exemplo, joguei no bicho. Apostei na milhar de todas as placas dos carros da família. Como resultado, fracasso total. Não acertei nem no grupo! (No bicho, a mais baixa remuneração.) Não é possível! Eu joguei na placa de todos os carros, de papai, de mamãe, dos meus irmãos, da minha irmã, dos meus cunhados, no meu, no da minha mulher, de todos da família!
A senhora olhou pra o genro frustrado e com seu jeito simpático lhe disse:
- Meu filho, venha comigo que vou lhe explicar.  
E segurando-lhe o braço, conduziu-o até o local desejado. O bar. A casa era grande e embaixo da escada que dava acesso aos quartos ficava o bar, elemento indispensável naquela casa de praia.  A sogra deu uma boa risada e disse “No seu sonho os carros não estavam boiando na água da cheia? Então? O que anda na água é lancha e não carro, meu querido!” E feliz apontou para um objeto.
Pendurada na parede de trás do balcão do bar estava a placa da lancha que havia caído há algum tempo e ficou como decoração e naquele momento servia como comemoração!
E a velhinha matreira arrematou: “Não basta sonhar meu genro. Tem que saber interpretar o sonho”.

 Maria Elizabeth Heráclio do Rêgo Freire


sábado, 26 de outubro de 2013

Traduzir-se

Uma parte de mim
é todo mundo:
outra parte é ninguém:
fundo sem fundo.
Uma parte de mim
é multidão:
outra parte estranheza
e solidão.
Uma parte de mim
pesa, pondera:
outra parte
delira.
Uma parte de mim
almoça e janta:
outra parte
se espanta.
Uma parte de mim
é permanente:
outra parte
se sabe de repente.
Uma parte de mim
é só vertigem:
outra parte,
linguagem.
Traduzir-se uma parte
na outra parte
- que é uma questão
de vida ou morte -
será arte?

sexta-feira, 25 de outubro de 2013

Meu amor tem um pouquinho disso tudo...




 http://www.youtube.com/watch?v=MM4ygcKUItY

Prova dos nove




Prova dos nove

 Quem aprendeu? Os pré-históricos estudantes de matemática tinham que saber somar, multiplicar e dividir, você não acredita? Nem eu... Pergunte à seu avô (melhor bisavô) que saberá responder “nove fora zero!”. Nunca gostei do 9, um número que me entristecia, pois significava o erro. Sim! Se tirei nove foi porque errei, era prá ser um belíssimo 10! Poucos jogadores com essa camisa me encantaram, não sei não, há uma implicância direta minha, sou um chato mesmo.

 Voltando. A tal prova dos nove era chata e o número também (na minha ótica); muito bem, agora vem ele (o nove) novamente (ou novemente) encher nosso saco! Você sabia, prezado leitor, que terás que colocar um número nove, adicional, na frente do teu número de celular? Você que decorou seu número como vai passar essa informação adiante? Pensou? Eu ainda estou deglutindo a ideia e maquinando soluções. Acho que deveríamos entender o tal nove como um “alô” ou um “oi” e subentender o cidadão. Quando você conhece uma pessoa fala “muito prazer” e depois dá o nome, certo? Então vamos admitir que não existe esse novo-nove.

 - Muito prazer, meu nome é Roberto;

- O prazer é meu, me chamo João;

- Qual o seu telefone? 99****** (oito dígitos e decorado por anos)

 Eu, malandramente, entendo que há um nove dentro (não é nove fora!) pescou? Fácil, fácil, vamos adotar o “nove dentro” e fim de papo! Fica bem entendível.

 E a tua agenda no celular, já pensou? Ter que redigitar tudo? Dizem que as companhias vão oferecer aplicativos que, automaticamente, vão inserir o novo número obrigatório. Você acredita? Se sem o nove não funciona com o nove novo, ou novo nove, vai funcionar? Sei não... Vou continuar com raiva do tal número e dividir com vocês a minha incompreensão: porque não colocar um zero na frente? Ficava mais destinto!

 De toda forma vou de nove dentro mesmo. Pergunte meu telefone que darei o número atual decorado, terminando a frase com o “nove dentro”, ou melhor, você anota e não enche meu saco, tá? Bote o nove aonde quiser, eu estou valendo um DEZ! Boa tarde!

quinta-feira, 24 de outubro de 2013

Coisas de família ( de Maria Elizabeth, minha prima Lizá )

O Vereador e a Macaca
A senhorita já tinha passado da idade de casar, pois naqueles tempos moça depois dos vinte e tantos e solteira, estava prestes a ficar pra titia, quando conheceu o rapaz. Ela estudante de biblioteconomia e ele de direito.  Pois bem, namoraram e sem muitas delongas marcaram o noivado. 
Havia um problema: ela era mais velha do que ele! Um pecado. O que a família do rapaz iria dizer? Então mais do que depressa, a não tão jovem deu um jeito de “trocar” todos os documentos e pronto: dois anos mais moça que o noivo. Tudo certo. Marcaram o dia da festa.
Acontece que naquela época o rapaz era vereador de Orobó, cidadezinha que faz divisa com a Paraíba. Uma rua corta os dois estados, num lado Orobó (Pernambuco) do outro Umbuzeiro (Paraíba).
No dia do noivado, haveria uma sessão solene na Câmara de Vereadores local e lá foi o noivo cumprir sua obrigação como legítimo representante do povo de Orobó. A sessão estava marcada para as duas da tarde e como Orobó ficava a menos de duas horas do Recife, daria tempo para tudo, inclusive para o noivo se apresentar cheiroso e elegante para pedir oficialmente a mão da filha do senhor de engenho.
Tudo corria como esperado, quando o presidente da Câmara tomou a palavra. O rapaz gelou. O danado do homem puxou do bolso um maço de papéis e começou a falar.  O quase nubente foi ficando nervoso, olhou pro relógio, já marcava mais de três horas  e o homem falando. Olhou de novo, o ponteiro grande passava das quatro e o homem ai que estava empolgado. Quando finalmente bateram cinco horas da tarde, o noivo não aguentou mais. Levantou-se, foi se esgueirando, passando pela multidão, que, diga-se de passagem, já estava bem enfadada, pois fazia um calor danado e o homem nada de parar a discurso. Finalmente, o pretendente chegou perto da tribuna. Ficou olhando para ver se o locutor se tocava, mas nada, o homem não parava nem para beber água. Num gesto desesperado, próprio dos amantes verdadeiramente apaixonados, o vereador prestes a noivar chegou mais perto e num golpe certeiro roubou o restante das folhas que ainda estavam para ser lidas. O povo gostou. Aplaudiu. O presidente, surpreso, ficou sem saída, e para o bem de todos, encerrou a sessão.
O noivo correu, foi para a capital. Banhou-se, barbeou-se, enfeitou-se e tirou a senhorita do caritó!
Não entenderam porque no título tem macaca? É que aqui no Nordeste, quem passa dos vinte e cinco anos e não casa, diz-se que dá o primeiro tiro na macaca. A cada 5 anos a mulher dá mais um tiro. O risco é a macaca morrer e a mulher ficar solteira para todo o sempre! Desta feita, a filha do senhor de engenho e a pobre macaca escaparam!
Maria Elizabeth Freire


quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Qual a tua idade?

Qual a sua idade?

 Pergunta indiscreta essa... Se o questionado for velho pode dar briga! Hoje escondemos tudo: idade, capacidade mental, dinheiro, etc... Bobo quem mostra! Eu mesmo, quase 60 com aparência de 59,5. As amigas de minha mulher são magras e jovens, umas velhotas usando biquines, saradas, botocadas (cheias de botox) e siliconadas: lindas! (elas se acham). Malham, correm com o personal e fazem alimentação balanceada (o prato balança prá lá e prá cá com um tomate cereja e uma alface), se cuidam. Hoje descobri, no jornal, que o “conjunto da obra” não pode ter idade única: Dr. Steve Horvath, da universidade UCLA, mediu as alterações químicas do DNA, conhecidas como metilação e tabularam nossos órgãos:

- Mamas: O tecido é geneticamente de 2 a 3 mais velho do que a mulher.
- Coração: É o mais jovem de todos! 9 anos mais novo que o corpo.

 O resto não informam... Chato isso. Qual a idade do meu fígado? Se tiver 10 anos menos vou tomar todas! O bilau? Como estará o meu amigo de tantos anos? Meu joelho quebrado vai melhorar? E por aí vão as nossas dúvidas.

 Interessante é o fato de que isto pode ajudar na prevenção do câncer: “O tecido mamário saudável é 2 a 3 anos mais velho que a mulher, se ela tiver câncer de mama o tecido saudável em torno do tumor é 12 anos mais velho”. Isso indica uma relação direta com o envelhecimento de nossos tecidos e a doença. Mas tem uma boa notícia, é possível reverter o envelhecimento! Ele não diz como... Outra informação é de que o relógio do tempo não corre igual ao longo da vida; ele é mais rápido na infância e adolescência e depois estabiliza e diminui com a velhice. Ou seja, teu dia quando jovem vale por 32 horas! Quando velho umas 12 horas. Hoje entendo como não percebia as horas passando nas travessuras e farras, hoje tudo está mais lento, para pensar e para agir. Beleza! Diminui o ritmo do meu relógio biológico. Oscar Niemeyer tocava a vida em câmera lenta e chegou lá! Garoto esperto!


 E agora vou perguntar: qual a tua idade? Será a média? O que vale mais, tua bunda jovem ou teu peito velho? E a cabeça? Essa é a grande gestora do nosso relógio biológico, vamos cuidar dela, pois pode equilibrar o conjunto tão bem que você vai esquecer a idade do dedão do teu pé! 

terça-feira, 22 de outubro de 2013

domingo, 20 de outubro de 2013

Para quem tem infernos diários...

Tenho o mesmo segredo
Dos malditos solitários
Só a noite é minha amiga
A quem friamente confesso
A natureza noturna
Dos meus infernos diários
Nem a mulher que me ama
Sequer a moça de gênio
Nem a de riso argentino
Nem a de beijo flamenco
Nem a fã no seu afã
Nem as bonecas do tempo
Nem o poeta ordinário
Nem literato de prêmio
Eu tenho o mesmo segredo
Dos malditos solitários
Ninguém sabe a natureza
Dos meus infernos diários
Eu tenho o mesmo segredo
Dos malditos solitários
Só a noite é minha amiga
A quem friamente confesso
A natureza noturna
Dos meus infernos diários
Nem a mulher que me ama
Sequer a moça de gênio
Nem a de riso argentino
Nem a de beijo flamenco
Nem a fã no seu afã
Nem as bonecas do tempo
Nem o poeta ordinário
Nem literato de prêmio
Eu tenho o mesmo segredo
Dos malditos solitários
Ninguém sabe a natureza
Dos meus infernos diários

O cigarro, a luz acesa

 Para quem gosta de música:

http://www.youtube.com/watch?v=UK28y1H8mFg


Essa saudade
O cigarro, a luz acesa
E a noite posta sobre a mesa
Em cada canto da casa
Asa partida e dor
Gemido morto, amor
Tão longe vai, tão longe vou
Nuvem sem rumo é assim mesmo
Eu não queria
A vida desse jeito
Meu olho armando o bote sem futuro
Fumaça
e continua o teu sorriso no meu peito
Essa saudade, O cigarro, a luz acesa
E esta noite posta sobre a mesa...
Em cada canto da casa
Asa partida e dor
Gemido morto, amor

sábado, 19 de outubro de 2013

Só faz sentido ser feliz




Só faz sentido ser feliz

     Meu filho disse “a vida é feita para ser feliz!” Achei-o tão filosófico que abismado fiquei com a frase. E é pura verdade: ser feliz para viver e viver para ser feliz. Fácil não é? Não senhor! É difícil... Ser feliz é um ato contínuo de busca de renovação, o tempo muda teus valores e a felicidade de hoje não é igual à de ontem. Complicado não é? E vou complicar mais ainda: o que é felicidade? São tantas variáveis, são tantos desejos que fica uma “mistureba” danada em nossa cabeça. Para piorar um pouco mais a sua equação coloque o vetor dinheiro. Meu pai, um simplificador de tudo dizia “a vida é um tripé de amor, saúde e dinheiro”, quando minha mãe morreu ele ficou deprimido e disse” agora tenho que aprender a andar com 2 pernas” , eu entendi sua lógica: você pode andar com duas pernas, mas tendo 3 você, matematicamente, não vai cair. Ele sabia de tudo, o velho Solano.
     Voltemos à tal felicidade. Ser feliz é diferente de viver feliz. Complicou de novo, esse cronista é um chato e fica inventando moda para escrever (será que ele está feliz com isso?). Com calma podemos entender o ser feliz, já o estar feliz é mais complexo e vulnerável. Tem gente que sendo rico ou pobre, com saúde ou sem, amando ou não, é feliz; esse povo é raro de se ver, mas existe. Talvez sejam defeituosos ou até um pouco abestalhados no sorriso fácil e na alegria espontânea, contagiosos e indiferentes à nossa tristeza, eles são pérolas no oceano da vida. Conheci poucos, ficaram na memória como os mágicos dos circos da minha infância. E o estar feliz? É o lado mais químico da felicidade, são nossas endomorfinas nos encantando e empurrando a busca da felicidade para patamares até perigosos (alpinistas e esportistas de risco, alcoólatras, drogados, etc...). Qual foi sua maior alegria? O casamento, o nascer de um filho, seu primeiro salário ou o diploma tão sofrido e conquistado? Não existe a maior alegria, ela já passou. A maior alegria é estar vivo hoje, olhar o sol, pensar com clareza nos teus desejos e controlar a ansiedade. Tentar ser feliz é a maior das alegrias. E para isso tenho a melhor professora: minha mulher!


Roberto Solano

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

A mariola e o macarron



A mariola e o macarron

 Eu, quando jovem, comi muita mariola no colégio. Pão com ovo também. São coisas simples que tem um enorme valor sentimental (hoje) e educativo (no passado). Vi alguns amigos comerem uma merenda especial, cachorro quente e grapette; na saída da escola os mais favorecidos ($) “traçavam” um belo sundae de morango... Eu babava e comia meu pão canoa com geleia de morango. Muitos anos depois fui experimentar o tal do “macarron”, françês, dos bons, com um sabor indescritível, uma verdadeira obra de arte. Mordi e lembrei-me da mariola, não sei o porquê, mas estava no meu coração adulto uma lembrança de um outro doce tão simples e puro que apareceu do nada essa lembrança. Na minha boca o sabor incomparável do magnífico macarron e na mente a mariola com alguns fragmentos dos suspiros que mamãe fazia (ótimos!). Por quê? Ao provar um belíssimo Bordeaux me veio um certo ranço do vinho “sangue de boi” de garrafão que me deu o maior porre juvenil de todos os tempos. Estou revivendo sabores, uma bela confusão mental que tem um objetivo: saber o que é bom e o que é melhor, entender que o tempo faz o tempero da vida. Com 15 anos eu não saberia valorizar o macarron e com 20 um belo Bordeaux não valia um centavo do meu bolso. A vida dando seu devido valor na moeda do tempo. E as decepções? Foram tantas e tão idiotas (hoje) que me vacinei para o amanhã. Amores passaram, beleza, e fica a dureza de entender a dor da perda com a alegria do saber perder. Isso é ser objetivo. Simples.
 Voltemos aos nossos valores “mariolas” e os valores "macarron”. Sabia que o tempo pode invertê-los? Hoje tento simplificar, ou melhor, “mariolar” as coisas. Por que ter um carrão se ando engarrafado todos os dias? Não é melhor andar mais à pé do que se acomodar aos modernismos, aos confortos? E falar “Tête-à-tête”? Melhor que mandar uma mensagem ou achar que o facebook é o melhor dos macarrons e usá-lo para tudo? Um feijão feito em panela de barro, um bom café da roça, uma pinga mineira, coisas simples. Um belo presunto “pata negra” é caro e muito bom, viajar de classe executiva é ótimo! Paris??? Se você pode desfrutar faça-o, sem receio de experimentar uma mariola antes. E o nossos objetivos? Quando devemos buscar o “macarron”? Quando ficar feliz com a "vida mariola”?  Aí é que é o “ó” do “borogodó”, temos que dosar o desejo do querer tudo com a satisfação do pão nosso de cada dia. Viver e ser feliz é muito difícil na equação de criar objetivos possíveis sem se acomodar; ao mesmo tempo imaginar o impossível como meta abstrata e verdadeira ao mesmo tempo. Você está se doando demais? Confundindo valores? Sonhando demais para sofrer além, ou levando o dia-a-dia como se fosse um paraíso na terra? Amando demais ou de menos? Comendo e bebendo sem limites? Trabalhando feito um louco e infeliz com o que faz? O chefe então... Nem vamos falar...

 Pare um pouco para saborear uma mariola, depois coma o que mais ama. Compare. Pense e repense seus valores. Tenha força para mudar, coragem! Não admita que a vida te chame de “Mariola” como um amigo da infância, que talvez hoje seja o Dr. Macarron!

domingo, 13 de outubro de 2013

Carinho




 Carinho

Moeda de via única, não pode ter volta
Por vezes troca-se, no amor e sexo
Não é sua melhor virtude, não é seu destino
Seu destino é ser único e solitário, afago

Nunca dê carinho egoísta! Veneno terrível!
Só dê, sem volta, como um conselho à um passarinho
Carinho é a flor impossível do jardim da eternidade
Pense nisso e vista a roupa do dar sem receber

Talvez isto seja o pequeno gesto da tua salvação!

domingo, 6 de outubro de 2013

Talvez o melhor disco...

 Talvez o melhor disco de anos passados...
http://www.youtube.com/watch?v=CPKDgPTatII

Dormindo de calça jeans

 Dormindo de calça jeans

 Paulão, sempre o Paulão, era “o cara”: bonito, forte e avantajado. Mulher prá ele era diversão e não faltava até... Dulcinéia aparecer. Pensem em uma mulher bonita. Pensou? Esqueça então, passe uma borracha na sua imagem e fixe-se na minha descrição:
- Cabelos: morenos e lisos, um tanto índia talvez...
- Olhos: verdes da cor do mar nordestino.
- Nariz: perfeitamente moldado para enfeitar o “conjunto da obra”.
- Boca: tal qual a da Paola Oliveira, entendeu?
- Seios: perfuradores de camisetas! Dizem que a Hering chegou a oferecer uma grana para a moça pousar em uma propaganda, mas Paulão vetou..
- Barriga: nada de negativa! Positiva sim, mas de poucos dígitos, perfeita!
- Bunda: Pausa para meditação... Respirou colega? Vamos lá: Um misto de cabrocha com miss bumbum, ali alocada no meio da escultura humana, linda de frente e melhor ainda de perfil. Nem grande nem pequena, apalpável. Simplesmente perfeita!
- Pernas: de propaganda de creme nívea, alongadas e talhadas por deuses, suficientemente grossas para sustentar a obra prima que pousa sobre elas...
- Pés: até o pé da moça era bonito, nem precisava ser não é mesmo?
 Vamos aos fatos: Paulão conheceu a Dulcinéia (que nome ele pensou, mas o belo conjunto apagava o nome feio e o apelido era “doçura”, lindo mesmo...), Doce, Doçura, Néia e Nenéia. O amor bateu mais forte e Paulão parou na dela. Para encurtar casaram. Para fazer um atalho maior: eram felizes! Paulão não mais dava encima das “outras”, pois já tinha o suficiente para encher sua cama de prazeres desvairados. Sabem aquele programa “amor e sexo” da TV? Nunca viu e não vai ver nunca! Confessou no bar, entre amigos que concordaram: prá que? Nós, meros mortais, temos interesse em saber se estamos “nos conformes” e se os” outros” são melhores. Isso se chama insegurança. Ponto final. Já Paulão não tinha esse problema, obviamente, bem resolvido e prá lá de feliz... Até... Dulcinéia ver a cena de Clara (uma loira de fechar a academia) conversando com o Paulão dentro do possante carrão do nosso herói. Nada de mais, não há nada demais em oferecer um carona para uma colega, não é mesmo? Erro mortal! Amigo leitor há certo apelo sexual entre carros esportivos e mulheres bonitas. Vejam os desfiles de lindas moças nos salões automobilísticos. Tenho um amigo que não gosta de carros, mas adora ver mulher bonita: não perde um salão de automóvel, “coisa de louco” diz ele. Voltemos: jamais dê carona para mulher bonita, entendeu? Paulão não assistiu a essa aula de educação sexual e se ferrou! Greve sexual da mulher.
 Agora estou vendo a imagem do triste Paulão (com cara de Paulinho) no bar, todo choroso:
- Não suporto mais, estou me consumindo...
- Que foi amigo?
- Greve de sexo, greve de sexo, preferia uma de fome!
- Que aconteceu Paulão?
 Ele descreveu o ciúme de Dulce, a briga e a reação dela. Um mês sem comparecimento, decretou a morena. Ele não pode reagir e calado aceitou a penitência.
- O pior amigo é que a tortura vem medieval!
- Como assim?
- Ela dorme de calça jeans!!!!
 Aí entendi seu sofrimento: a bela, toda noite, se despia na frente do maridão e colocava uma calça jeans apertadíssima (strech), deitava sem camisa e o abraçava por trás, do tipo “mata-leão” do vale tudo, entendeu? E dormia tranquila... Ele enlouquecia, se contorcia e quando revertia a posição e passava a guarda se deparava com aquela maldita calça jeans... Que sofrimento colega, que sofrimento.
 Conclusão: mulher + carro = traição; Não deixe sua mulher ler essa crônica nunca, tá bom?????

 Sorte!

sábado, 5 de outubro de 2013

A importância da estética



A importância da estética

A Estética é a arma da modernidade, e a beleza o passaporte para a facilidade. “Beleza põe a mesa” diziam meus parentes mais velhos; ou “desculpem as feias, mas beleza é fundamental!”, isso é antigo! Hoje o que pesa é a estética das coisas, somos iludidos pela forma e cores, curvas e tamanho. Onde foram parar a funcionabilidade e o contexto social? Podemos ter objetos velhos e insubstituíveis (dentro da ótica de sua individualidade), tais como: coador de café no pano, fogão de lenha, o bom e velho aparelho sanitário de louça, as gôndolas de Veneza, um relógio Omega estrela vermelha ou um Eternamatic... São tantos...
 As coisas precisam mudar para vender e vender para mudar. Os carros e celulares estão aí para nascerem e morrerem ao mesmo tempo. Quando falta ideia vem o relançamento, o novo “Golf” da Volkswagen está no mercado, é novo? E quando vão relançar o Opala? Já era tempo! O importante é ser novo e “esteticamente aceito”. Se é prático e funcional não sabemos e compramos por impulso ou necessidade de acompanhar a moda vigente. Os carrões invadem as ruas no modelo americano do “off Road”, que coisa! Infernizam o trânsito carregando uma ou duas pessoas. Hoje priorizo o funcional e migro para as coisas práticas. Carro pequeno é regra, cidades com bom transporte público é alvo de futuras viagens, a boa mesa de pratos simples e feitos com carinho também.  
 A novela da globo fala de um amor inaceitável de um rapaz com uma moça gorda, as piadas são intragáveis e de mal gosto do tipo “baleia” não entra em Igreja, etc... A gordura é sempre condenada, a feiura também, e depois querem que as crianças não sejam vitimas de bullings nas escolas, aprendem em casa na TV. E aí vem a geração infeliz, sem maiores referências, sem olhar nos olhos, só comparando dados estéticos, grudados em celulares de ultima geração. Triste isso.
 Acho que devemos ensinar aos pequenos o valor das coisas velhas e úteis, mostrar tanto que valeu o objeto a ser substituído pelo novo, se a troca é valida não cultive o desprezo pelo antigo objeto. Também ensinar a viver sem o “100 %”: aprender a pegar carona, andar de ônibus, ver outra realidade, conviver com o pobre, preto ou velho. Talvez possamos abrir a cabeça dos futuros adultos que podem mudar o mundo, e quem sabe o conceito comercial-ditatorial da estética.

 Então mãos à obra! Repensar o que temos, e na compra do novo não desprezar o antigo, olhar o outro sem olhar a forma e sim o conteúdo, conversar mais e dizer não mais vezes. Ser feliz não combina com magreza, beleza, luxo e grifes, carros e atributos materiais. Ver a utilidade das coisas é ato de inteligência e conhecer o produto final é o caminho mais fácil de saber viver sem amarras. Liberte-se! Ponha um calção velho e um bom chinelo de dedo e vá até a feira, coma um bom pastel de queijo com um caldo de cana, compre frutas frescas e sinta-se feio e desarrumado, porém feliz, muito feliz!

Quando o céu azul encontra o mar azul



 Quando o céu azul encontra o mar azul
 Conversam...
 Falam de cores, nuvens negras e peixes dourados
 Divagam...
 Sobre o criador e as criaturas
 Pedem...
 Paz para os que vivem em terra
 Oram...
 Na linha do horizonte por mais cores
 Em nossos corações...

sexta-feira, 4 de outubro de 2013

A trajetória




A trajetória

 Já fui satélite de minha mãe, lua de meu pai
 Percorri atrás de um amor meio mundo, à pé
 Saltei riachos, cruzei montanhas, criei calos
 Continuo na trajetória, rumo ao nada, na vida

 Conduzi soldados e venci batalhas, procurando o caminho
 Descobri que o meio não é o fim, no meio do caminho
 Fui buscar outras vielas, ratos e lixo, nas grandes cidades
 Entendi que o homem anda sempre sem trajetória...

 Hoje só ando por andar, sem rumo, sem guia, só
 Se nessa vida não há destino certo, porque procurar?
 Andante anda por ter pés e vontade, para ver e sorrir, chorar
 Então vou trilhando sem rumo, sem mapa, meu Deus...

 Na trajetória só ficarão as pegadas, nas areias do deserto
 Que tantos já passaram e outros tantos passarão
 Para o vento apagar, e a vida te dizer, valeu!

 Bem-aventurados são os pássaros que costuram o céu
 Sem pegadas, cruzando desertos, sem uma trajetória definida
 Esses sim são filhos naturais de Deus, nos descaminhos da vida


 Sem trajetória...

quarta-feira, 2 de outubro de 2013

O sol beija o mar salgado




 O sol beija o mar salgado

 O céu, como testemunha, observa

 Eu estático olho um amor eterno

 Sol e mar, mar e sol, até amanhã

 Outro beijo virá, puro e simplesmente

 Belo!

 Roberto Solano