terça-feira, 21 de setembro de 2010

Recordações de Tramataia

Recordações de Tramataia


Eu vi nascer as luas fictícias
Que fazem surgir no espaço a curva das marés.
Garças brancas voavam sobre os altos mangues de
[Tramataia.
Bandos de Jandaias passavam sobre os coqueiros doidos
de Tramataia.
E havia um desejo de gente na casa de farinha e nos
[mucambos vazios de Tramataia
Todavia! Todavia!
Eu gostava de olhar as nuvens grandes, brancas e sólidas.
Eu tinha o encanto esportivo de nadar e de dormir.
Se eu morresse agora,
Se eu morresse precisamente.
Neste momento,
Duas boas lembranças levaria:
A visão do mar do alto da Misericórdia de Olinda ao
[nascer do verão.
E a saudade de Josefa.
A pequena namorada do meu amigo de Tramataia.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

Virando uma página

Virando uma página

Virando uma página

Sim, da vida. Recebo notícias de sobrinhos e filhos de amigos casando, “meninos” de 25 anos que buscam uma vida nova, fora do antigo e saboroso lar materno, é o amor (canção sertaneja!) que bate mais forte, e a vontade de mudar de construir o novo, ser adulto. Casar é comprar responsabilidades e problemas, que estão nas prateleiras desse enorme supermercado que é a vida, hora de crescer e assumir, e assim é que tem que ser.
Vamos falar um pouco dos Pais que vão virando essa página da vida. O dever de alimentar, educar, dar, é forte, mas o desejo de posse é grande, explico: Os pais têm um lado “material” de amar filhos, querem TÊ-LOS; é difícil comandar e depois ser promovido à recruta! Assim me sinto, um recruta que já foi general e vê seu colega de quartel ser promovido a cada dia, mandando em você, com medo, mas sereno, e tendo a certeza que vai largar a farda. Você vai ficar um General sem tropa, e isso dói, pior mesmo é ficar sem guerra. No teu quartel, solitário lar, vais assistir os “meninos” partirem, seguros e de armas na mão! Vão lutar em outras batalhas e prometem cartas e notícias, quem sabe umas visitas á cantina do forte? Comida é sempre bem-vinda, não é mesmo? Até porque eles não gostavam muito desses serviços pesados da cozinha. Os Pais, ficando na solidão que é o único caminho previsível. E as Mães? Essas são as menos preparadas para o desmame, querem ter a cria junto, sofrem mais.
Estou falando do óbvio, dirá o leitor. Certo! Respondo com uma certeza absoluta da página virada, mais uma etapa que começamos a viver, nessa caminhada para a velhice. Sorte dos que casam, vão ter filhos, e você Vôvô vai ser um General das fraldas!

Roberto Solano

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Conta de Português

Conta de Português



Venho fazer uma homenagem ao belo e culto povo irmão, os Portugueses. São muitas vezes mal compreendidos por terem uma lógica clara e direta, sem metáforas e desvios. Nós, filhos deles, somos rebeldes (os filhos sempre são) e deturpamos essa lógica direta, com atalhos e falsos caminhos, malandragens, e sacanagens mesmo. Esses Brasileiros são piadistas, não entendem o óbvio, é chato!

Vou citar alguns exemplos: Em Portugal você concorda com algo e diz “Pois sim!”. Senhor (diz o garçom) posso servir o vinho? E você diz “Pois não!”, aí o danado do garçom dá um tranco, volta atrás e para de servir! Claro, o certo é dizer “Pois sim, sirva!”, a lógica direta é clara, o SIM é um SIM, o NÃO é um NÃO! Um amigo viu, em Lisboa uma placa “Não pise na grama”, e abaixo, em letras menores” Se não souber LER pergunte ao Guarda “, óbvio de novo ! Quem além do guarda vai te orientar ? Outra : Estamos abertos na 2ª feira das 9 horas ás 17 horas, na 3ª feira das 9 horas ás 17 horas, na 4ª feira das 9 horas ás 17 horas, na 5ª feira das 9 horas ás 17 horas, na 6ª feira das 9 horas ás 17 horas, no Sábado das 9 horas ás 17 horas, no Domingo das 9 horas ás 17 horas. Certo, perfeito, claro, puro. Quem garante que não possa haver um novo dia na semana ? Um decreto presidencial ? “ A partir de hoje será instituído o Domingo-extra, que virá ampliar o descanso de nosso árduo trabalhador Lusitano, passando a semana a ter oito dias, sendo obrigatório o descanso no Domingo-extra “ E ouve-se um salva de palmas ! Isso é que é Presidente !!!! Não existe “ Abrimos TODOS os dias “ , entendem ? Com a implantação do Domingo-extra essa loja será multada !

Eu, pessoalmente, na engenharia, SEMPRE fiz a “Conta de Português”, fácil, direta, objetiva. De preferência de trás prá frente, vendo o fim e olhando o começo, desconfiando, desconfiando muito; e, very important, se achando meio-burro. O meio-burro é um burro de orelhas em pé, atento, brigador, mas burro. Ele pode errar, e não se pune nunca, pois seu lado burro perdoa o que o inteligente errou, e quando o inteligente acerta o burro corre para o abraço, vai comemorar, beber, rir e brincar, com grossas gargalhadas, que só os burros têm ! Você vai resolvendo um problema e fica feliz! Pimba resolvi! Legal, tudo certo! E feliz vai prá casa todo contente com o dever cumprido e, no dia seguinte, teu chefe descobre o TEU erro e te crucifica! MERDA !!!!!! Eu, na minha “Conta de Português” teria checado os números básicos, comparando com outros números, com outros feitos, e desconfiado de mim mesmo não entregaria meu relatório sem as contas de padaria feitas; o choffer de taxi sabe o que entra e o que sai, colocando no bolso direito o positivo e no esquerdo o negativo, é só fazer o saldo no fim do dia, uma conta corrente simples, orçamento perfeito!

Façam meus amigos, suas contas, e admitam o erro, vivendo feliz com dois lados de nós humanos, o inteligente e o burro, os dois são fortes e amigos, Dom Quixote e Sancho Pança, e vamos lutar contra os moinhos da vida!

domingo, 5 de setembro de 2010

Quando a briga é boa!

Quando a briga é boa!


Vamos esclarecer, o ser humano nasceu para brigar, a começar pela vida e sobrevivência, e aí nasce a dúvida... Somos educados pela PAZ, a cultura gregária dos humanos reza na cartilha da paz, mas nunca a encontra, por quê? Simples: Nascemos para brigar, lutar, dominar e matar. Matamos os animais, para comer pode né? E o tadinho do coelhinho? Os passarinhos mais puros e cantantes? A galinha? Essa tem perdão, não é animal e sim um “conversor de proteínas”, legal! A vaca e o boi são conservados na índia, o tadinho do cavalo vira bife, e o avestruz está na moda culinária. Matamos e matamos, ponto.
As brigas são o prenúncio da violência, certo? Não! ERRADO! Você tem que aprender a brigar com inteligência estratégica para conquistar (até corações!). Eu quero meus amigos para questionar e, se possível, brigar um pouquinho, isso é bom demais! Polêmicas, opiniões diversas, cultura no ar e punhos cerrados, a certeza absoluta (que não existe...), a porrada na mesa, as discussão febril e o contentamento de ser vencido pelo outro. Na música francesa há um trecho “Les plus belles guerre sont l’on que NE ganhe pas” Isso mesmo, perder com sabedoria e aprender a perder. Esses amigos são raros e somem por interferência dos terceiros amigos, as moscas de padaria, a turma do deixa disso, chatos ! Eles vêm a discussão e não entendem essa forma calorosa de amar e se metem, burros ! Querem a paz ! Burros ! Não há paz sem briga, a luta conquista o momento prazeiroso da vitória e a “lacuna” da paz.
Vamos educar nossos filhos para brigar, conquistar, ou para serem cordeiros? Teu filho que tudo pode, á suas custas, é cordeiro a mamar nas tuas têtas, pense nisso! Futuque o cidadão, acorde ele para o mundo feroz dos que querem te engolir a todo custo, o capitalismo bate na tua porta, o Leão não faz acordo, morde! Vamos entender um pouco mais a febre da sobrevivência e fortalecer teu lado animal, forte e perigoso. A luta continua, e a preguiça é o veneno mortal, junto com a falta de sonho. Ficar parado é melhor que andar, sentar melhor que estar de pé, deitar uma maravilha, dormir e sonhar... MORRER!
Mexa-se!


Roberto Solano

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

O valor de uma viagem

O valor de uma viagem

Penso em viajar, mas a intenção é mais para uma auto-comparação, uma análise de atos de formas de vida, de pessoas diferentes. O que você seria se morasse na Alemanha? E um alemão no Rio de Janeiro? São realidades tão díspares que mal se comparam, se perdem no mero turista como Eu, que não quer ver essa realidade. O mendigo de Salvador é mais feliz que o bêbado da Rue D'école em Paris? A cachaça daqui é mais alegre que o vinho de lá? O frio, o descaso, os cães, são mais amáveis? E a minha vida pode mudar com uma observação, posso colher informações humanas e crescer como gente? Viajar...
Pois é a vida pode ter sabores diferentes, lindas paisagens, monumentos e museus, mas me interessa mais o olhar perdido da doida do metrô, o sorriso franco do lixeiro bem alimentado de Barcelona, o calor das mãos da velhinha de Brugges que vende bonecas de porcelana, isso me afeta, me aquece. Agora vou me aventurar em terras estranhas (todas são, não é mesmo?), na potência maior, no capitalismo nato, forte e selvagem. New York, a liberdade total, a terra dos poderosos, da ganância e do sucesso, o “tudo” maior e melhor, dólar. Mas vou tentar ver pessoas, acreditar no ser humano acima do poder, das coisas mais simples, olhares serão captados, numa busca insana da alma alheia. Muito poético não é? Isso vai me trazer o prazer de ver um mundo tão falso e louco como o meu, no meu parco e falho Inglês tentar, e tentar, uma língua mais ampla, a do coração.

Good save America!


Best regards,

Roberto Solano