segunda-feira, 28 de junho de 2021

O desespero

 Quando o desespero se materializa

As mãos buscam o céu

Os dentes querem sair da boca

O ar deixa de ser leve

O coração se rompe como nozes

O tronco se contorce 

Tudo quebra

Tudo some

Nada fica

Nada

Na

N


A dúvida

 Gira o mundo, gira vida


Torce o tudo, no tudo torce


O anel elíptico, o círculo perfeito


O homem gira no centro


O centro que giramundo


E


No eixo da alma


Endoidando a criatura


Doida, doida, doída


A


Dúvida


Roberto Solano Novaes 



quinta-feira, 24 de junho de 2021

O mundo mecânico

 

Foto de Saulo césar


O mundo mecânico tem vida

O aço tem fome 

O parafuso se enrosca

De paixão


A mãe chave e seus filhotes

Alimentando com o bico

Dá a porca pequena

Aos famintos 


É um mundo duro e frio

Nem tão duro nem tão frio

Que se compare aos humanos


Insensíveis



segunda-feira, 21 de junho de 2021

Por do sol em Vancouver

 


Por do sol em Vancouver

O verão chegou com presentes
Em Kitsilano, Vancouver, alegria
O sol traz a vida em cores
Ele brinca no céu de pintor

Sua arte é travessura 
Uma cor aqui, outra ali
Uma surpresa a cada instante
Criança com pincel celeste

Quase um deslumbre, ou um susto
O céu vai respirando o azul
Transpirando o vermelho
Decorando minha retina.

Roberto Solano

Foto de Leonardo Novaes

sábado, 19 de junho de 2021

Árvore do céu

 Árvore do céu!

Como você ficou linda?

No amarelo pintada

Nua e porém vestida

De nuvens


Árvore do céu

Namoradeira do Sol

Agora vais casar com ele

E ter filhos, pepitas de ouro



Árvore do céu

Hoje você é brasa

Amanhã serás fogo

No meu coração celeste



Foto de Joel Schiavinato Trentin

Sou lixo


 O desespero nas mãos

Não tenho rosto

Vivo do lixo

Sou o que não há 

De humano


A pobreza é dura 

A miséria vira  meus calos

Sou gente e não lixo

Vivo do lixo dos que comem


Sofro.


Foto de Noilton Pereira

sexta-feira, 18 de junho de 2021

Icebergs na terra


 Somos icebergs na terra

Quem conhece o outro?

E a si próprio, se descobriu?

É o mistério do mar na mente


A nossa cara ao sol

Nossa alma mergulha

O mistério maior afunda

O tudo se esconde n'água


Somos icebergs 

Vivendo no frio inferior

Sobrevivendo no que sobrou

Somos icebergs na terra

As bailarinas

 As bailarinas escrevem 

Letras com pernas

Poemas nas mãos

São tão graciosas 

Que acalmam o coração


O equilíbrio perfeito

Na linha imaginária

Vai tecendo minha visão

Que em tudo vê ilusão


Obrigado por tanta leveza

Por tanto esforço

Pelo eterno dançar

Nas pontas dos pés nos enfeitiçar




quarta-feira, 16 de junho de 2021

Olimpíadas das aves

 Nas olimpíadas das aves eu me destaco


Meu pulo é longo e preciso


Nem perco a beleza das cores


Sou só alegria e classe 


Meu pulo é pra felicidade


Atleta da natureza


Minha medalha é você que me vê.


Foto de Laila Setton


Amigos

 Pensamento do dia:


" Amigos nada mais são que anjos sem asas, que plenos de paciência, nos ajudam a sobreviver."


Roberto Solano


segunda-feira, 14 de junho de 2021

Coqueiros doidos

 Coqueiros doidos


Nem Joaquim Cardoso com seus coqueiros doidos

Nem Dorival Caymmi com seu " doce morrer no mar "

Nem o melhor dos poetas mortais

Nenhum deles dirá do desejo andante

Aquele de correr para o mar 



Há coqueiros que dão côco

Outros sonoros são

Os da praia dos carneiros

Gigantes na alegria de ver o mar

Caminham, silenciosamente, para mergulhar.


Foto de Eduardo fechine Borges

sábado, 12 de junho de 2021

Cortando os cabelos

 Cortando cabelo


Desde o ano passado não ia ao barbeiro, calma aí! Não estou com cara de profeta ou algo parecido não, andei cortando com a cabeleireira da minha mulher, quem não tem cão... Enfim, quando a moça chegou, devidamente paramentada com 2 máscaras e face shield, na varanda, com o ventilador ligado e eu sentado é que senti o tamanho do problema, ela perguntou " quer o corte Channel ? ", Lasquei-me todo, pensei. Fui mais rápido que meu pensamento e perguntei " tem estilo Cássia Eller ? " E, desconfiado, fui para o sacrifício... Minha mulher atenta ao corte ia dando as ordens " pode descobrir as orelhas, cuidado com a máscara! " Eu triste já me vendo um Van Gogh em plena pandemia me olhava para o espelho improvisado dando adeus às minhas orelhas e pensando com meus botões ( ou melhor, bolas ) " ainda bem que não é um corte íntimo 😁". Seguindo meu sofrimento ele perguntou: " vai fazer chapinha ?" Complicado... Bem, ontem, após um ano e meio, voltei, já vacinado, ao meu barbeiro, coisa de macho, pra fazer barba, cabelo e bigode! Que tristeza, o cidadão, era jovem e bem apanhado, como diz a minha idolatrada SOGRA, e agora está um samba acabado: barrigudo, de cabelos brancos, triste figura. Começou a contar a sua vida e as 2 Covid que pegou, o filho sem aulas, a queda da motocicleta 🏍️ com perda total, a doença da mulher, o dinheiro 💸💰 que não dá pra fazer as compras, etc... Choramos juntos... No final ele lembrou que o sogro dele era quem cortava os cabelos de meu pai. Pausa para uma explicação: o velho era careca e só tinha cabelo na parte traseira indo até a nuca, pouco cabelo. O cidadão lembrou " teu pai era o único cliente que seu Geraldo ( o sogro ) cortava por minutos corridos! " O que ???? Veio a explicação, " seu pai dizia que pra cortar o cabelo dele só era necessário 3 minutos, e com o relógio nas mãos cronometrava, se passar dos 3 minutos não pagava o corte " , eu perguntei como era o desfecho final e a resposta veio rapidinho " o corte não ficava bom mas a conversa dos dois levava uma hora de piadas e mentiras de ambas as partes, uma alegria no salão", bons tempos. Resumo, saí de lá pagando em dobro com pena do cidadão e ao me olhar no espelho descobri que o meu " talho de rosto ", como diz a cobra,SIC 😢, SOGRA, vai me cair muito bem com um corte Channel! 😁😁😁😁😁

sexta-feira, 11 de junho de 2021

A noite no sertão

 Merece uma poesia 👇


Seca terra e seus espinhos

Galhos mortos brotam do chão

O calor do sertão finda seu serviço

A noite vem...

Vestida de ouro

No céu o que falta na terra

Vida que se despede da dor 

Agora um suspiro, um alento

Lua tão linda na forma 

Tão linda na cor 

Socorre o nordestino 

Sempre sofredor



A Lua e o ipê

foto de Evaldo Itor Fernandes



 Que sabes tu Lua de mim ?

Sou um ipê florido 

Os namorados me olham

Sou linda e apaixonante


Que sabes tu Ipê de mim ?

Sou a que enfeita o céu

Os amores nascem de mim

Encanto poetas 


Então temos o amor dos homens

Somos aquilo que eles chamam


Inspiração



quinta-feira, 10 de junho de 2021

Gaivotas estelares

 



Gaivotas estelares sobre a baía de Guanabara

Elas querem escrever com asas

São escritoras no vento, poetas de nuvens 

Vão aqui, vão ali, desenhando 

De braços abertos sobre a Guanabara

Minha alma canta jobinianamente

Estou morrendo de saudades...

A grade e sua sombra

 Eu sou sua sombra

Não! Você é que é a minha


Eu sou o seu amor

Não! Você é o meu amor


Eu sou seu tudo

Qual nada!

Como nada?


A sombra sem a grade

É

A grade sem a sombra

É

A vida sem sol

É

Eu sem você



segunda-feira, 7 de junho de 2021

O tripé

 O tripé


Nosso tripé humano é o racional, o emocional e o químico. Nosso cérebro é mutável e reage ao tripé, o racional traz a inteligência e as reações delas advindas, é o melhor nesse item entre os animais. O emocional vem no DNA, é adquirido e moldado ao longo da vida, talvez a perna mais frágil do tripé. O químico, esse pode ser interno ou externo, o álcool, as drogas, a endomorfina dos atletas, a boa alimentação influencia. Então temos que usar bem as 3 pernas pra não ficarmos bípedes e, no pior dos casos, um saci Pererê, neste caso um saci perdido.

sexta-feira, 4 de junho de 2021

Enfermeiro de flores

 


Sou enfermeiro de flores

Ela desmaiada ficou

Diagnóstico: excesso de beleza

Fui lá, vi seu amor

Medi seu perfume

Chequei a cor

Medicação: cuidados e carinhos

Agora

Estou voltando pra outro atendimento

Assinado:

Caracol das flores



Foto de Naty Franco



quarta-feira, 2 de junho de 2021

Arte viva de Deus


Foto de Iara Tonidandel


Não me basta voar

Quero a geometria perfeita

A asa na linha da perfeição

As cores salpicadas matematicamente


Voar, voando ao encontro

Da arte viva de Deus

Aqui na terra desenhada





O menino graveto


 

Magro graveto menino

Mãe árvore abençoa

No seco e duro chão

Caminha


O céu espia sem chorar

A vida ainda anda

No mato a desbravar 


Os mistérios do sertão

São tantos que duvido

Que mesmo o menino os

Descubrirão