domingo, 10 de junho de 2012

Um mundo novo




 Um novo mundo

 Amigos. É um prazer saber que vocês puderam realizar um sonho. Talvez não o maior e nem o melhor: mais um! Isso basta! Porém a minha alegria se expande no momento em que Paris aparece como a cereja do bolo. Sim a cidade luz é poderosa em seus encantos diversos e díspares. As coisas por lá são diferentes em um passado longo de vitórias e derrotas de um povo estranho...Nada interessa se não há emoção. Lá há! Seja nos pontos turísticos, nas ruas pequenas ou avenidas longas. Em grandes igrejas ou simples capelas. Nos ricos e mendigos que bebem a vida em forma de vinho. São muitos segredos para você eleger como teu. Isso importa ao coração do viajante: o seu amor refletido no lugar escolhido, só teu. Pode ser uma recanto no jardim, uma esquina, uma imagem que te fará reviver a alegria da vida expressa em arte e cultura aberta. Só Paris é a cidade em que podemos concentrar o mundo, teu mundo caberá lá também.
 Lute para ser feliz e viva a vida com olhos de um provador. E é lá, que saberemos o verdadeiro " savoir faire " de habitar o mundo, teu mundo interior.

 Isso é só uma impressão minha!

 Bonjour!

sábado, 9 de junho de 2012

Chuva no Rio


 Chuva no Rio

 Estava tudo normal: mês de maio, sol, dias claros e um céu azul deslumbrante. A felicidade batendo na janela nas manhãs frias e límpidas. Um calor suportávelmente agradável que até incomoda! O mar com humor variável, de ondas mais atrevidas e outros momentos de paz, assim seguia a cidade maravilhosa até vir a frente fria invasora.
 Sim, existe a guerra com tempos frios. O carioca não entende de chuva e frio: não somos paulistas e tememos as nuvens, com motivos mil! No verão o mundo se desfaz em dor, sob ondas de calor e chuvas torrenciais, poderosas, derrubando casas e morros, pavor sentimos.
 Chegou o feriado de Corpus Christi e veio do céu o vento varrendo calçadas, uivando e derrubando folhas. Logo depois a chuva fina e feia, constante, fria e mal educada. Uma sombra cobre os morros e belezas da cidade maravilhosa que ficam escondidas sob esse manto cinza. Feio. Muito feio não ver as curvas da linda mulher vestida. Ela vinha sempre linda, dourada de sol, pernas compridas, seios dois-irmãos e peitos maracanãs, seminua em biquínis da moda. Mulher cidade, cheia de segredos e calores íntimos, túneis, florestas e águas. Fêmea por natureza, de curvas perfeitas, linda e nua, clara, banhada de sol e mar, salgada.
 Agora já é Sábado e o castigo continua. Chuva e vento sem piedade. O povo se assusta na falta de um manual de instrução: como viver na chuva! Estamos apavorados!!! Já liguei para um amigo paulista e ouvi uma voz tranqüila de quem sofre há muito dessa tristeza. Ele gosta de carros, cinema, teatro, shows e roupas caras. Tem até galocha! Usa capa de chuva e diz que tem uma “ puta mãe”! Vocês sabem o que é isso? Paga tudo com “pau” e me chama de “meu”. Carinhoso e amigão! Quando vem para o Rio exibe suas gordurinhas e as celulites da patroa, estranha a piscina grande e salgada com areia. Gosta e muito de caipirinha com churrasco. Foge do sol...
 Ele me deu conselhos de paulista, tentou me levar para Campos do Jordão, acalmou minha impaciência com os quilométricos engarrafamentos e disse que um dia eu vou morar em Sampa! SOCORRO!!!! Amigo é assim, conforta mas não resolve o problema.
 Liguei de pronto para Recife. Ali temos tudo de bom: calor, sol e alegria. Recebi conselhos nordestinos de plantar e agradecer aos céus a chuva. Desliguei. Fico com a minha tristeza de viver quatro dias de frio e chuva sabendo que “Ele” vai, lá de cima, fechar a torneira. O Cristo Redentor tem que tomar banho não é mesmo? E banho frio! Ele sofre muito com o sol do dia-a-dia, tadinho...
 Amanhã vai dar sol (espero) e os cariocas vão voltar a sorrir e brincar com a vida. É o que somos: alegres, desde que haja sol amigos, sem vento, muita mulher bonita e chope na praia, futebol e descompromisso. Sim, sem esquecer de sacanear os paulistas, é claro! Faz parte!

sábado, 2 de junho de 2012

Um só


      
                                                   Um só


    Temos, por simplificação e desejo, o costume de querer tudo concentrado em um só. E isso é propagado pela vida. A Mãe é única, certo! O Pai talvez... O resto é convenção. Meu único amor e eterno! Desejo de todos e objetivo de uma mente educada para ter a unidade: meu melhor amigo, meu tio preferido, a mulher mais gostosa, meu ídolo, etc... Temos obrigatoriamente que eleger o “único!”, por quê?
    Eu sou Flamengo e não posso gostar de mais nenhum outro clube, certo? Sou macho e não posso admirar outro... Certo? O mais rico do mundo, o melhor, Jesus, Buda, e tudo se concentra em um só. Cansativo...
    Agora quero ser plural! Pensar em tudo com a opção de gostar do outro, de ter escolha, de mudar de caminho, de ser uma metamorfose ambulante, poeta e descrédulo. Firme certeza que posso mudar, como minhas células, meus desejos se vão e vem. E aí? Você já pensou sobre essa competência? Já viu o amanhã como uma redescoberta do mundo? Ele não muda, mas tua cabeça pode. Tentar é o caminho! Esquecer certos ensinamentos que te embutiram desde tua infância: meu super-herói preferido, minha boneca, meu cachorrinho ou minha gatinha mimi. Tudo um só banhado pelo aplauso de teus ídolos (pai e mãe). A vida simples no objetivo estruturado no único. Teu pai ficou feliz com tua nota baixa? Você foi aplaudido e melhor aluno? Chato isso. Que tal ser mais um, um a mais no todo que se move? Sem o castigo de ser o único?
     Dói saber que somos o que somos e nunca o que deveríamos ser. Rico, poderoso, bom pai, herói, vitorioso, exemplo. De que? Tudo uma descoberta tardia, estamos aí nas ondas de um mundo louco, com muito medo. Como ser o único?
      Dá para sentir o tempo te consumir? Ou vais continuar achando que teus ídolos são os mesmos? Está difícil de aturar o novo: estás velho! Sem saída e o único só tem questionamentos. Hoje dizem que Pelé não é mais o Rei do futebol. Só sobraram fantasmas que acreditamos neles como ainda acredito na mula sem cabeça e nos Rolling Stones. O último é real e existe firmemente na minha cabeça. Só.
             Hoje tento amar tudo dobrado, triplicado, multiplicado. Será inteligência? Ou uma forma de sofrer menos? Querer um só é o caminho direto para a perfeição: dor. Fujo dela e quero perdoar meus heróis por serem únicos e impotentes. Dos gênios me afasto, dos mais eufóricos também. Chato estou por ser o único a pensar que nada é único e permanente.
     Então me calo.
     Não falo só.
     Um só.
     É nada.


Roberto Solano