quarta-feira, 30 de novembro de 2016

O homem e a máquina



O homem e a máquina

 Vivemos uma relação de amor com as máquinas, quase impossível viver sem elas, desde o carro, o avião e o computador. O matuto lá do interior é que tem risco zero, só se cair um avião na cabeça dele! Misture esse “amor” com o dinheiro, vai ver que teremos umas relações distorcidas, que em muitos casos gera a morte. Quantos morrem em acidente automobilístico porque tem muito dinheiro e compra um esportivo para se matar em uma estrada? Outros vão morrer por trabalhar em excesso e dormir na direção, outros tantos em veículos velhos, a turma da cachaça que bebe pela falta de dinheiro, etc...
 Então temos um tripé perigoso (homem, máquina e dinheiro) para analisar em nossas decisões em nosso dia a dia. O avião caiu e perdemos várias vidas, quem é o culpado?  Eu diria que foi o tripé! Ele falhou principalmente pelo homem encantado com o dinheiro, o contratante foi movido pela falta de recurso e fretou o avião, que por sua vez vive uma crise constante de TER que voar para pagar seus custos, e deu no que deu.
 Choremos todos por vivermos em um país pobre e mal governado, cuidem do seu tripé (não confundir com triplex!), e sobrevivam atentos. Lembrem-se de Gilberto Gil que canta “é preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte”.


 A tempo: já fez a revisão de seu carro?

sexta-feira, 11 de novembro de 2016

Para refletir...



Passados pouco mais de 14 anos, este texto permanece atualíssimo.
Ganhei coragem
“Mesmo o mais corajoso entre nós só raramente tem coragem para aquilo que ele realmente conhece“, observou Nietzsche. É o meu caso. Muitos pensamentos meus, eu guardei em segredo. Por medo. Albert Camus, ledor de Nietzsche, acrescentou um detalhe acerca da hora quando a coragem chega: “Só tardiamente ganhamos a coragem de assumir aquilo que sabemos“. Tardiamente. Na velhice. Como estou velho, ganhei coragem. Vou dizer aquilo sobre que me calei: “O povo unido jamais será vencido“: é disso que eu tenho medo.
Em tempos passados invocava-se o nome de Deus como fundamento da ordem política. Mas Deus foi exilado e o “povo“ tomou o seu lugar: a democracia é o governo do povo... Não sei se foi bom negócio: o fato é que a vontade do povo, além de não ser confiável, é de uma imensa mediocridade. Basta ver os programas de televisão que o povo prefere.
A Teologia da Libertação sacralizou o povo como instrumento de libertação histórica. Nada mais distante dos textos bíblicos. Na Bíblia o povo e Deus andam sempre em direções opostas. Bastou que Moisés, líder, se distraísse, na montanha, para que o povo, na planície, se entregasse à adoração de um bezerro de ouro. Voltando das alturas Moisés ficou tão furioso que quebrou as tábuas com os 10 mandamentos. E há estória do profeta Oséias, homem apaixonado! Seu coração se derretia ao contemplar o rosto da mulher que amava! Mas ela tinha outras idéias. Amava a prostituição. Pulava de amante a amante enquanto o amor de Oséias pulava de perdão a perdão. Até que ela o abandonou... Passado muito tempo Oséias perambulava solitário pelo mercado de escravos... E que foi que viu? Viu a sua amada sendo vendida como escrava. Oséias não teve dúvidas. Comprou-a e disse: “Agora você será minha para sempre...“ Pois o profeta transformou a sua desdita amorosa numa parábola do amor de Deus. Deus era o amante apaixonado. O povo era a prostituta. Ele amava a prostituta. Mas sabia que ela não era confiável. O povo sempre preferia os falsos profetas aos verdadeiros, porque os falsos profetas lhes contavam mentiras. As mentiras são doces. A verdade é amarga. Os políticos romanos sabiam que o povo se enrola com pão e circo. No tempo dos romanos o circo era os cristãos sendo devorados pelos leões. E como o povo gostava de ver o sangue e ouvir os gritos! As coisas mudaram. Os cristãos, de comida para os leões, se transformaram em donos do circo. O circo cristão era diferente: judeus, bruxas e hereges sendo queimados em praças públicas. As praças ficavam apinhadas com o povo em festa, se alegrando com o cheiro de churrasco e os gritos. Reinhold Niebuhr, teólogo moral protestante, no seu livro O homem moral e a sociedade imoral observa que os indivíduos, isolados, têm consciência. São seres morais. Sentem-se “responsáveis“ por aquilo que fazem. Mas quando passam a pertencer a um grupo, a razão é silenciada pelas emoções coletivas. Indivíduos que, isoladamente, são incapazes de fazer mal a uma borboleta, se incorporados a um grupo, tornam-se capazes dos atos mais cruéis. Participam de linchamentos, são capazes de pôr fogo num índio adormecido e de jogar uma bomba no meio da torcida do time rival. Indivíduos são seres morais. Mas o povo não é moral. O povo é uma prostituta que se vende a preço baixo. Meu amigo Lisâneas Maciel, no meio de uma campanha eleitoral, me dizia que estava difícil porque o outro candidato a deputado comprava os votos do povo por franguinhos da Sadia. E a democracia se faz com os votos do povo... Seria maravilhoso se o povo agisse de forma racional, segundo a verdade e segundo os interesses da coletividade. É sobre esse pressuposto que se constrói o ideal da democracia. Mas uma das características do povo é a facilidade com que ele é enganado. O povo é movido pelo poder das imagens e não pelo poder da razão. Quem decide as eleições – e a democracia - são os produtores de imagens. Os votos, nas eleições, dizem quem é o artista que produz as imagens mais sedutoras. O povo não pensa. Somente os indivíduos pensam. Mas o povo detesta os indivíduos que se recusam a ser assimilados à coletividade. Uma coisa é o ideal democrático, que eu amo. Outra coisa são as práticas de engano pelas quais o povo é seduzido. O povo é a massa de manobra sobre a qual os espertos trabalham. Nem Freud, nem Nietzsche e nem Jesus Cristo confiavam no povo. Jesus Cristo foi crucificado pelo voto popular, que elegeu Barrabás. Durante a Revolução Cultural na China de Mao-Tse-Tung, o povo queimava violinos em nome da verdade proletária. Não sei que outras coisas o povo é capaz de queimar. O nazismo era um movimento popular. O povo alemão amava o Führer. O mais famoso dos automóveis foi criado pelo governo alemão para o povo: o Volkswagen. Volk, em alemão, quer dizer “povo“...
O povo unido jamais será vencido! Tenho vários gostos que não são populares. Alguns já me acusaram de gostos aristocráticos... Mas, que posso fazer? Gosto de Bach, de Brahms, de Fernando Pessoa, de Nietzsche, de Saramago, de silêncio, não gosto de churrasco, não gosto de rock, não gosto de música sertaneja, não gosto de futebol (tive a desgraça de viajar por duas vezes, de avião, com um time de futebol...). Tenho medo de que, num eventual triunfo do gosto do povo, eu venha a ser obrigado a queimar os meus gostos e engolir sapos e a brincar de “boca-de-forno“, à semelhança do que aconteceu na China.
De vez em quando, raramente, o povo fica bonito. Mas, para que esse acontecimento raro aconteça é preciso que um poeta entoe uma canção e o povo escute: “Caminhando e cantando e seguindo a canção...“ Isso é tarefa para os artistas e educadores: O povo que amo não é uma realidade. É uma esperança.
(Folha de S. Paulo, 05/05/2002)

quinta-feira, 10 de novembro de 2016

Sobre o Trump...

 Saiu no jornal O GLOBO de hoje ( 10/11/2016 )


quinta-feira, 3 de novembro de 2016

Presente de Natal



Amigos

 Repassando uma ideia que recebi de um amigo :

 "

Façamos o seguinte para o Natal: Compre os presentes de pequenas empresas e autônomas. Da vizinha que vende por catálogo ou pela internet, de artesãos, da amiga que tem uma loja no bairro, do pasteleiro que faz os doces artesanais, ao rapaz que tem uma banca no mercado ... Façamos o dinheiro chegar às pessoas comuns e não às grandes multinacionais. Assim haverá mais gente que tenha um melhor Natal. Se achas que é uma boa proposta, mande para os teus amigos. Apoiemos a nossa gente.
                                                                                                "

 Vamos ajudar os desempregados que foram vítimas da corrupção de desgoverno no nosso País !