A importância da estética
A Estética é a arma da
modernidade, e a beleza o passaporte para a facilidade. “Beleza põe a mesa”
diziam meus parentes mais velhos; ou “desculpem as feias, mas beleza é
fundamental!”, isso é antigo! Hoje o que pesa é a estética das coisas, somos
iludidos pela forma e cores, curvas e tamanho. Onde foram parar a
funcionabilidade e o contexto social? Podemos ter objetos velhos e insubstituíveis
(dentro da ótica de sua individualidade), tais como: coador de café no pano,
fogão de lenha, o bom e velho aparelho sanitário de louça, as gôndolas de
Veneza, um relógio Omega estrela vermelha ou um Eternamatic... São tantos...
As coisas precisam mudar para vender e vender
para mudar. Os carros e celulares estão aí para nascerem e morrerem ao mesmo
tempo. Quando falta ideia vem o relançamento, o novo “Golf” da Volkswagen está
no mercado, é novo? E quando vão relançar o Opala? Já era tempo! O importante é
ser novo e “esteticamente aceito”. Se é prático e funcional não sabemos e
compramos por impulso ou necessidade de acompanhar a moda vigente. Os carrões
invadem as ruas no modelo americano do “off Road”, que coisa! Infernizam o
trânsito carregando uma ou duas pessoas. Hoje priorizo o funcional e migro para
as coisas práticas. Carro pequeno é regra, cidades com bom transporte público é
alvo de futuras viagens, a boa mesa de pratos simples e feitos com carinho
também.
A novela da globo fala de um amor inaceitável
de um rapaz com uma moça gorda, as piadas são intragáveis e de mal gosto do
tipo “baleia” não entra em Igreja, etc... A gordura é sempre condenada, a
feiura também, e depois querem que as crianças não sejam vitimas de bullings
nas escolas, aprendem em casa na TV. E aí vem a geração infeliz, sem maiores
referências, sem olhar nos olhos, só comparando dados estéticos, grudados em
celulares de ultima geração. Triste isso.
Acho que devemos ensinar aos pequenos o valor
das coisas velhas e úteis, mostrar tanto que valeu o objeto a ser substituído
pelo novo, se a troca é valida não cultive o desprezo pelo antigo objeto.
Também ensinar a viver sem o “100 %”: aprender a pegar carona, andar de ônibus,
ver outra realidade, conviver com o pobre, preto ou velho. Talvez possamos
abrir a cabeça dos futuros adultos que podem mudar o mundo, e quem sabe o
conceito comercial-ditatorial da estética.
Então mãos à obra! Repensar o que temos, e na
compra do novo não desprezar o antigo, olhar o outro sem olhar a forma e sim o
conteúdo, conversar mais e dizer não mais vezes. Ser feliz não combina com
magreza, beleza, luxo e grifes, carros e atributos materiais. Ver a utilidade
das coisas é ato de inteligência e conhecer o produto final é o caminho mais
fácil de saber viver sem amarras. Liberte-se! Ponha um calção velho e um bom
chinelo de dedo e vá até a feira, coma um bom pastel de queijo com um caldo de
cana, compre frutas frescas e sinta-se feio e desarrumado, porém feliz, muito
feliz!
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