A Dúvida
Mal maior. Nascemos com sentidos para perceber fatos, pessoas, ver. Não sabemos do não saber, e nasce a dúvida. Uma sensação rápida, sempre coerente no primeiro momento e monstruosa em seguida. Ela se multiplica por si só, calada, não se manifesta, mora na tua cabeça e nela é dominadora. Com a dúvida tua vida se paralisa, morre de autoflagelo, se condena à própria forca. Não posso nem pensar na dita que me desequilibro, preciso saber do bem, do mal, sofrer com a matéria, sentir a dor, respirar a solidão, cavar meu desespero para enterrar o que me matou. Tenho que ser e viver de coisas palpáveis não dá para ser escravo da imaginação, isso gera a loucura e o caminho não tem volta.
Se não sabes onde estás, com quem vives, se a verdade é falsa, o amigo um traidor, a fidelidade uma hipótese, a vida uma eternidade de interrogações, estás no inferno. Não há sangue, não terás o fogo te queimando vivo, o veneno já te contaminou na veia jugular, não tens a resposta. Não há vida sem resposta, o mundo te engole, e ficarás um paralítico de tua própria respiração, a cada segundo a dúvida te consome como uma erva daninha, vai te abraçando lentamente, subindo no teu caule de gente e trazendo parasitas e vermes para te consumir, lentamente.
È melhor ver, sentir a faca te penetrar do que saber a notícia da condenação, que não terás a chance de retroceder, e viver no corredor da morte, pagando teus pecados ou mastigando o amargo da tua inocência. Não podemos saber da morte e muito menos viver a dúvida dela.
Perdão, mas fiquei realmente em dúvida se deveria te falar isso como um amigo ou um inimigo, se esse texto te fará sofrer ou em um desespero máximo te abrir os olhos para esse monstro escuro, que te habita, me habita, ser humano, eu.
Roberto Solano
domingo, 5 de dezembro de 2010
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