domingo, 3 de março de 2013

Dieta escondido





Estou fazendo dieta escondido

 Vocês acreditam? Já viram alguém que faça dieta escondido? Eu estou fazendo e vestindo as sandálias da humildade! Santo ficarei até cumprir a minha missão quase impossível. Não sei se chegarei lá calado, esse é o maior desafio! Sofrer calado! Incrível como a dor tem que ser compartilhada, sem plateia não há graça, não há sentido. Admiro muito os que sofrem calados, acho até que esse grupo não existe; se ele é calado para mim não o é para outrem (velho isso "outrem"...). Quem aqui já viu o sofrimento ser calado, trancado, digerido dia-a-dia por um só? Coisa rara, se existir! Alegria e sofrimento estão do lado oposto da mesa de tênis da vida (não falei tênis de mesa não!), mas querem torcidas. Viram o jogo do Corinthians no qual não havia torcida? Coisa estranha, quase utópica, sem sentido até! Na vida também temos que ter alguém olhando para nós, nas alegrias e tristezas, nas conquistas e nas perdas.
 Voltemos á dieta. Minha dieta é de amor. Tenho que gostar de mim mesmo, sem falar, sem contar vantagens, quieto. Como um monge recluso tenho que exercitar a auto-doação, e deglutir minhas próprias críticas, com carinho. Sou pouco piedoso comigo mesmo, se erro me condeno, se condenado tenho que me auto-flagelar! Ora, assim vou ser refém da minha própria existência! Errar todos erram, mas a condenação tem que ser mínima, será? Olhar pelos outros é o caminho certo, desde que tenhas sapatos de couro duro, nordestino por vocação e muita dedicação para percorrer esse trabalhoso roteiro. Estou tentando melhorar, viver com menos atenção e chorar menos, sofrer pouco e sofrer esquecendo a dor. Essa é a linha: esquecer! As dores foram feitas para gerar sentimentos bons, arte e esperança no amanha, e só. Apagar tudo, escrever com giz, sendo o seu próprio professor e ficar assistindo a sua aula em silencio, só. Fazer sempre o dever de casa sorrindo no prazer sádico de se conhecer mais e mais. Professor e aluno em uma só pessoa, para aprender e ensinar a regra maior da felicidade: esquecer o ruim da vida, sem mágoas e sem receio de ser injusto. Viver é simples para quem vive apagando suas dores e aprendendo a não valorizar tanto as que virão, “apanhar calado e bater sem dar risadas” diz a música, concordo.
 Dieta de amor. Muito amor sufoca. Só o amor próprio constrói o poder de oferecer mais e melhor. Não recebas tanto, viva mais com menos. Fácil? Não! Mil vezes não! Perder é difícil! Mas, entendas, não é paralisante. Perder e ganhar, tudo na mesma moeda, na mesmíssima mesa de jantar de todos os dias. Misture isso com sua capacidade única de ver o mundo em preto e branco e pense nas cores, satisfaça-se com tua criação, e viva na dieta do dar sem querer receber. Duro mesmo é mergulhar na verdade maior da existência: prá que e prá onde vamos? Porque estou aqui? Sou bom e merecedor? Pequei mais ou menos que deveria? Culpo-me demais? Faço o que é certo? Existe o “ meu “melhor? Há luz no fim do túnel? Não há dieta que te faça ver no escuro, só o “crer” tem a resposta, que não é única.
 Viver é ato simples quando não precisas de dieta. Seja qual for! De comida, dinheiro e amor. Limite-se e pagarás o preço da existência. Mas tente ser menos expansivo e achar que teu mundo é mais valioso que o do outro. Somos iguais e igualados na dor. As diferenças estão em detalhes mínimos que se faz com esforço máximo, respeite as conquistas alheias, por menor que pareça, na tua visão. Faça dieta para, por raras vezes fugir dela! Comer escondido o doce proibido, pecar no absoluto desejo do arrependimento. Não se culpe tanto, se não deu certo pode ser que o mundo esteja errado, a dieta é fraca e o médico é um verdadeiro charlatão! Quando você é o médico da tua própria doença é que verás o quão difícil é o tratamento. Viva sem alarde e agradeça cada sol que aparece, ele é a prova da vitória de ontem! E isso tem que ser o bastante.
 Viva simplesmente para ser único e aprenda, como fez Sidarta ,os três mandamentos : rezar, esperar e jejuar. O resto vem fácil fácil...

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