quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Pesado como pedra




 Pesado como pedra

Hoje acordei pesado como pedra
Não pedra comum e sim pedra de pedreira
Pedra que será triturada em seu destino incerto
Em pó, que é nosso destino final, em alma de pedra

Tem dias que acordo como areia
Não areia comum, areia boa, de rio doce
Areia que será acariciada por pedreiros, macia
Areia que vai casar sólida com cimento, forma

Outros dias sou cimento puro
Sou cinza no ser e útil para os outros
Sinto-me forte como madre Tereza de Calcutá
Viro concreto! Realizo sonhos! Bom homem...

Mas hoje acordei pesado como pedra
Procuro areia, procuro cimento e mãos
Quero virar concreto, quero ser algo melhor
Quero reviver sem pensar no pó

Com olhos ardidos vou levantando cansado
Da pedra despir-me, ser gente como gente comum
Dela só herdar o cansaço, o peso e a dureza
E ouvir Chico...
“Tem dias que a gente se sente
 Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi mundo então que cresceu “

 E nessa roda viva olhar a vida
 Tão dura como pedra
 Tão concreta que dói
 Tão água que choro

 Devoro-me nessa dor sem explicação
 Dormi pluma e acordei pedra
  “É sol é pedra, é o fim do caminho...”.
 Pouso os olhos no calendário: Março chegou

 Quero ser Abril e, tomara, virar Maio
 Quero ser leve para sonhar com músicas
 Voar sem destino certo e andar solto
 Da pedra só gostar do nome, só pisar, mais nada!

Mas hoje acordei pesado como pedra...

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