A grelha
Eu sou um conjunto de vigas abraçadas
Ligadas umas às outras, amigas
Vencemos os vãos com leveza
Somos a opção divertida da laje
Brincamos nas duas direções
A grelha é linda e geométrica
Geométrica e linda
A Giselle Bündchen das estruturas.
Na vida o mais importante é o desejo, é o oxigênio das realizações. a imagem de colher a flor sempre me marcou. A flor é, e deve ser, sempre intocável, linda e viva. Sempre amei as Camélias, elas me ensinaram que a sensibilidade é algo para ser sentido e perseguido a todo momento. Não colha a flor, alimente-a, regue, reze por ela, deseje-a, faça disso uma regra, e se possível use-a para os homens!
A grelha
Eu sou um conjunto de vigas abraçadas
Ligadas umas às outras, amigas
Vencemos os vãos com leveza
Somos a opção divertida da laje
Brincamos nas duas direções
A grelha é linda e geométrica
Geométrica e linda
A Giselle Bündchen das estruturas.
Estrutura aporticada
Atropelando o tempo
O ansioso segue atropelando o tempo
Não freia, acelera, na angústia infinita
Sempre sem o presente
Mordendo o futuro como cão faminto
O ansioso morre de fome com barriga cheia
Se engasga com água, lhe falta o ar
É o único que não vai viver
Vai morrer sem saber pra que veio
No eterno ofício de atropelar o tempo
Prece pela saúde mental
Rezo pelo entendimento do homem com o homem
Do pensamento positivo no erro e no desespero
Que o bom humor esteja presente na terra como no céu
O pão nosso de cada dia mate a fome e a ansiedade
Oremos pela calma, na dor, pela fé no dissabor
E pela serenidade da alma e da emoção
Amém
A foto
A foto morreu. A fot
Isostático e hiperestático
A delicadeza da flor
A delicadeza da flor não cabe no poema
Transborda
Tão pouco no quadro do artista
Inunda
Menos ainda na pureza da flauta
Voa
A delicadeza da flor é inimitável, única
Incomparável
A vida e a viga
A vida é feita de momentos
A viga é feita de momentos
Momentos positivos e negativos
Sempre em busca de um apoio
Sofrendo com os cortantes
Se deformando a todo momento
A viga
A vida
É feita de momentos
A Fissura é uma menina trelosa
Onde tem concreto ela aparece
Às vezes escondida
Outras vezes descarada
A Fissura tem o dom de apavorar
Uma Wandinha da engenharia
Ninguém gosta dela, tadinha
Se cresce é um horror!
A Fissura também é moça de recado
Quando ela aparece tem algo errado
Será?
A Fissura é menina trelosa
Isso ninguém pode negar!
O Tirante é um sujeito elegante
Sempre reto e correto
Simples e objetivo: leva a carga de ponta a ponta
Admirável criatura da engenharia estrutural
Por vezes esquecido ou escondido
Um pena...
Sua irmã Biela é complicada e temperamental
Os dois fazem uma dupla fantástica!
Quase tudo se explica com Biela e Tirante
Seu irmão, pilar esbelto, é um chato!
Por qualquer coisa fica torto, um perigo
Mas os arquitetos o amam...
O Tirante não gosta de ser chamado de diagonal tracionada!
Coisa indelicada
Eu admiro o Tirante
Simplicidade e objetividade
Um grande cidadão!
Pitoco
Pitoco é um cachorro
Magro e tímido
Ele ama o sol
Na janela o admira
Pitoco sonha na janela
Um dia poder voar
Um dia perto do sol
Chegar
Anjo mau
O anjo mau é irmão do bom
Estagiário do diabo
Ele está do seu lado
Cuidado
Teu anjo da guarda não pode cochilar
Um descuido e o anjo mau ataca
Hacker de suas novas idéias
Amante de aventuras e traição
Mau por vocação celeste
Fique sempre atento
Um perigo terrestre
Todo brasileiro quando vai ao Canadá quer ver urso, foca, leão marinho, orca, e outros animais daquela região. Eu, agraciado com um filho que lá habita, fui no verão vê-lo. Sim, lá existe verão! Porém o conceito é outro: eles usam bermudas mas não dispensam um sapato esportivo ( vai que no caminho tem uma trilha, né?), um sorriso de alegria solar, e uma disposição invejável de aproveitar o dia. São incansáveis em fazer programa de índio: acampar no meio do mato, correr de urso, torcer o pé na trilha, surfar com roupa de astronauta e outras maluquices. Meu filho, carioca com pena de mim, convidou-me para um mergulho (SIC) nas águas cálidas de lá. Obviamente que, ao colocar o pé no mar, eu declinei do convite para preservar o pouco de masculinidade que ainda me resta. Ficamos apreciando a vista das montanhas nevadas do EUA lá ao longe e, de repente, não mais que de repente, um movimento diferente na linha do horizonte. Uma foca! Disse ele... Não, é maior... Um leão marinho! Eu fiquei louco de alegria e, ao mesmo tempo, de preocupação: a criatura vinha em direção à praia, lentamente. Leão marinho morde? Vai ao dentista? Tem hálito suportável? É amigável? E outros pensamentos de gente dos trópicos. A criatura avança, a curiosidade também, vem com um tubo pra fora d'água ( será que leão marinho faz pesca de snorquel?). Finalmente chegou na parte raza, um sujeito gordo ( tal qual um leão marinho) que nadava mais devagar que fila do INSS. Pronto, a criatura saiu da água, sem pressa, como se estivesse no caribe, e feliz. Pô! Cacete! Existe alguém que vá nadar, só de short, nesse mar gelado? Perguntei à meu filho . Resposta: esse cara é Russo! Então entendi o mau humor do Putin e voltei para tomar whisky em frente à lareira e prometer nunca mais querer ver animais do hemisfério norte.
Ver no escuro
Amar para sempre
É fácil
Atestar a verdade
Crer no amigo
Desejar
É difícil
O fácil é difícil
O edifício da vida
Não é fácil
O abstrato
Sempre quis o abstrato: o real é tão difícil... Aquilo que habita o imaginário, sem peso e amarras, flui. O que nunca podemos lá se pode, sonhos, desejos infundados, amores incomensuráveis, lá vivem, no imaginário. O tudo cabe no nada, a dor pode evaporar, o amargo vira doce e o amor dá em árvores floridas. Sim, o abstrato é o mais lindo lugar que há, é a fuga do prisioneiro, a loucura da virgem quase santa, a mão piedosa do carrasco. Cuide do seu pensamento abstrato e descuide da realidade dura para flutuar no mundo sem rumo e sentido que, sem você saber, pode te levar ao infinito.
O navio 🚢
O navio desatraca do cais lentamente
Dá tempo de cozinhar a saudade
Um lenço branco ao céu se lança
O vento testemunha o afastamento, vento
Um avião, ao longe, foge em segundos
O navio parece parar no mar
A saudade de quem fica, a de quem vai
Maresia, mistério, tudo se lança
No mar
Olhar
Olhar fulminante
Penetrando meu eu
Devorando pensamentos
Invadindo e destruindo
Olhar de felino
Esse teu
O encanto da flor
A flor encanta por ser frágil por natureza sendo forte em beleza
A flor sobrevive ao vento e chora na chuva, de desalento
A flor tem na sua mágica a certeza de emocionar
Em sua eterna paixão adora as carícias da mão
Do jardineiro amigo, amante e irmão
Espaços
O espaço para avançar é o dobro do retroceder
O espaço para descansar é menor
O espaço da duvidar é maior
O de amar é sempre o mais longo
O de sofrer é quase um palmo
O de ser feliz é, por definição, infinito
Foram pedaços quebrados e pisados no chão
Tanto sofrer que não cabia no coração
Só a cola do tempo vai sarar
O mal feito no vaso desfeito
Do meu coração
Pensamento
Quando o pensamento não voa ele rasteja
Quando para sufoca ou adormece
Ensiste em ficar martelando a mesma música
Ou torturando a incansável culpa
Do viver
Um frio
Um frio adentrou o coração
Sem definição nem aviso
Siberiano e tão invasivo
Lá se estabeleceu como dono
Foi trazendo mágoas retidas
Renascendo medos esquecidos
Matando minha paz
Um urso polar apareceu
Era você, com sorriso gélido
De braços abertos me chamando
Pra conhecer a sua solidão
E lá se vai mais um dia
Na estrada torta e na ventania do tempo
A mágica da vida se renova
Rios, matas e asfalto quente
Dissolvendo o dia
Quando o meu jeito torto de ser encontrou sua retidão absoluta
Um susto! Como ser tão certa no caminho tão torto?
Foi então que entendi o meu destino
E aí se deu a mais valorosa separação
A engenharia da amizade
A amizade começa na arquitetura do amor
Em curvas de Admiração
A fachada transparente
Sempre virada pro sol da confiança
A estrutura da amizade tem uma fundação sólida
O abraço
Os pilares são robustos feitos de
Atenção
As lajes são firmes, planas e plenas de confidências
O telhado metálico, forte, resiste às tempestades
A localização é privilegiada: teu coração
Os maiores tesouros não têm preço
Não estão à venda
Uma pedra escolhida na praia
A folha que dançante caiu
A caneta tinteiro do avô
O solitário da vovó
Talvez um amor impossível
Quem sabe o desejo de voar
Tesouros sem preço são melhores
O dinheiro não pode comprar
Valorize-os
Meu pai era um pavão (outra ave) e gostava de ser diferente, além de dar opiniões e aparecer. Como um engenheiro de grande valia ele foi trabalhar na construção de Brasília. Lá, em terras áridas do planalto central a ema (ave dessa crônica) era abundante, uma graciosa criatura que encantou o engenheiro; veio a ideia de levar um filhote de ema para o Rio de Janeiro e fazer sucesso com o novo animal de estimação. Belo dia ele adentrou sua casa com o filhote nas mãos e entregou aos cuidados de minha mãe, que o adotou com carinho e dedicação. A boa esposa ofereceu milho, papa de farinha, frutas diversas e nada... A pequena ave não comia nada. O tempo passava e a agonia de ver a morte anunciada se instalou. Meu pai foi consultar um veterinário para saber o motivo da inapetência do animal, o médico disse: filhote de ema só come mosca! Ora, por que? Perguntou meu pai. Resposta: a ave mãe choca seus ovos e, na proximidade da eclosão dos mesmos, ela fura com seu bico um deles. Pronto, quando os pequeninos nascem o "ovo irmão" já está podre e as moscas são alvo fácil para alimentar os habitantes do ninho.
A natureza é criativa e, por vezes, cruel; assim papai viu seu sonho desabar no fracasso quando chegou com a nova receita alimentar em casa: a ema morreu!
Roberto Solano
O arco
Devorador de sonhos
Ele pouco se alimenta, magro
Ele devora sonhos, visionário
Ele não se atenta à realidade
Ele prefere voar em pensamentos
A impossibilidade não existe
Só a imaginação traz a satisfação
Só a neve do deserto escaldante
Só um boi voando interessa
No mundo, sem sonho, nada presta
Vovô Euler
Leonhard Paul Euler, vovô Euler, ou Leozinho para os íntimos, avô da temível Flambagem, prima de Compressão, Tração e Torção. Vovô Euler era pacato, gentil e estudioso, um dia ele escorregou e viu sua perna esquerda, fina como um graveto, flambar. Uma experiência sensorial de muita dor que levou o vovô a ficar de cama um bom tempo... Vovô Euler não era qualquer um e, após várias anotações, descobriu a fórmula matemática da flambagem olhando para sua mulher gorda e baixinha pensando "essa aí nunca vai flambar", vovó nunca soube disso, se soubesse o vovô teria as duas pernas quebradas por cisalhamento! Vovô Euler cuidou da netinha flambagem com muito carinho, sempre orientando os engenheiros do perigo que é conviver com essa menina trelosa... Vovô Euler era um arretado, devemos muito à ele, já a netinha...
Uma prima chamada Flambagem
O susto
No meio da noite o sono saiu, batendo a porta
O susto chegou como um ladrão
Roubou minha paz, descaradamente
Agora, sozinho, na cama de castigo
Acordei no escuro da alma
O pensamento escorregando, quiabo, diabo
E o coração já não pulsa, pula dentro
A boca é o portão de saída, solução
O susto chegou tão rápido e certeiro
Pra fazer o que mais gosta e sabe fazer
Assustar
Massagista de ego
Eu sou massagista de ego
Levanto sua moral
Melhoro sua alta estima
Trago energia e vitalidade
Sou complicado e difícil
Mas
Você nunca vai se cansar de mim!
Meu nome é Dinheiro
"Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço"
Mentira! Os apaixonados ocupam.
"A toda ação há uma reação igual no sentido contrário"
Verdade! Todo amor traz a dor
"Um corpo permanece em seu estado de repouso ou de movimento retilíneo uniforme, a menos que uma força externa atue sobre ele".
Verdade! Um corpo apaixonado sempre sai da rota.
"Os planetas se movem em torno do Sol em órbitas elípticas".
Verdade! Só quem ama de verdade sabe o que é uma órbita elíptica.
Agora a lei maior: "
dois corpos com massa se atraem mutuamente por uma força que é diretamente proporcional ao produto de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre seus centros de massa".
Troque massa por amor e apaixone-se.
Sem motivo
O céu azul de Maio vem adentrar minha retina
Sem motivo
O ar puro da manhã invade os pulmões
Sem motivo
Um calor vindo do coração emerge
Sem motivo
Eu fico feliz, como uma criança
Sem motivo
E descubro a felicidade mais tola
Aquela que iguala a humanidade
E faz a pessoa sorrir
Sem motivo
Sou eu
Aquele coqueiro torto dançando o frevo dos ventos
Sou eu
A pedra lascada e escondida na montanha nevada
Sou eu
Os dedos retorcidos da velha rendeira do nordeste
Sou eu
O motor quebrado no meio do deserto quente
Sou eu
O diamante maior da terra, ainda enterrado
Sou eu
A química do olhar
A química do olhar esbarrou na física do corpo
O encontro se deu, matematicamente, perfeito
Em translação e rotação a união se fez
Depois, na imobilidade, Newton trouxe a verdade:
Dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço
No teu coração
Roberto Solano Novaes
Anjos existem
Anjos existem, disfarçados de gente pra servir a gente
Uns doidos, outros atrapalhados, pobres em maioria
Preste atenção!
Aquele pedinte do sinal pode ser um
O soldado da esquina, talvez
O enfermeiro, sim, eles adoram ser...
Como reconhecer um anjo?
Tens que ver a alma do anjo
Anjo tem alma?
Sim, dentro dos olhos
Como ver a alma?
É preciso ter calma
Como ter calma?
É preciso ter alma
Onde está minha alma?
Pergunte ao teu anjo da guarda
Engenheiro de palavras
O engenheiro de palavras trabalha duro como a brita
Argamassa seu pensamentos
Concreta ideias e constrói frases
No prumo correto da gramática, levanta
Pilares, vigas, lajes e paredes no papel
Por vezes faz poesias estruturais
É, sobretudo, um engenheiro incansável
Faz das palavras frases, contos e romances
Um engenheiro nato, construindo cultura, com lápis e papel
Pontes
Lágrima seca
Derramo minha lágrima seca
Nas mãos sujas do mendigo
Ao ver a freira, escrava de Cristo
Na criança que chora de fome
Sobre o chão seco do sertão
Uma lágrima seca e esturricada
Ao ver o destino torto do país
De tanto chorar para o amanhã melhorar
Minha lágrima seca não vai, engulo
Ela representa a morte da alma
O absurdo da falta de amor
A vitória do desamor
O que fiz na vida?
O que fiz na vida? Pergunta o velho
O que vou fazer na vida? Pergunta o jovem
O que vou fazer da minha vida? Pergunta o desesperado
O que sei fazer na vida? O desempregado pensa
O que mais fazer com minha vida? O deprimido
A resposta não vem
A pergunta ecoa
A resposta só vem
Quando a verdade destoa
Arrependimentos
Arrependimentos, pra que tê-los?
Não são remédios
Não curam
A dor
Arrependimentos são panos sujos
Pra limpar o chão da saudade
Não servem
Pra nada
Arrependimentos buscando o perdão
Na esperança do esquecimento
Do amor
Já perdido
Arrependimentos, pra que tê-los?
Melhor esquecê-los
Olhar pra dentro
Olhar pra dentro é o mais difícil
Olhar pra fora é quase natural
Olhar pra dentro é forte, descomunal
Ver seus defeitos, e pecados
Sujar seus olhos com fracassos
Desalinhar a vista com desilusões
Olhar pra dentro é tão difícil...
Olhar delicado
Olhar delicado vê detalhes na perfeição
Na imperfeição ele se diverte mais
O olhar delicado vê a alma da flor
Pode perceber o respirar da árvore
A folha cair, sem rota, e pousar em outra
O olhar delicado sabe do feio o belo
Do belo a certeza da imperfeição escondida
O olhar delicado habita nas avós
Mora no coração das mães cuidadosas
Não perde tempo com os apaixonados
O olhar delicado é crítico sem falar
É puro como um pecado escondido
É tão delicado que desaparece em um segundo.
Como será?
Como será o silêncio do surdo?
A luz da manhã para o cego?
A compaixão do carrasco?
A fuga desesperada do paraplégico?
O amor impossível do demônio?
E te pergunto: como será o meu perdão?
Aço
Aço, prefiro ser chamado de vergalhão
Forte eu vou pra obra, lá me cortam e dobram
Continuo forte e vou pras mãos do armador
Minha casa vai ser pilar, viga e laje
Meu destino é ser enterrado
Concreto, e lá dentro fico
Depois é trabalho, me puxam me comprimem
Sofro muito e ninguém vê
Ali, na estrutura, invisível, padecendo
Sou aço, sou forte
Por favor
Me chamem de vergalhão
Capacidade de abstração
Fazer musculação é um treinamento mental: você tem que abstrair a sua mente para estar dentro de uma academia. Primeiro ponto: ninguém conversa com ninguém; segundo: a sua mente não pode estar lá, é horrível estar lá, tudo feio, os aparelhos parecem alienígenas de aço! Eu tenho medo deles avançarem... As pessoas ou são musculosas demais ou velhos demais, as mulheres fortes demais, os professores sorridentes demais, tudo demais... Só resta a abstração mental! Tipo uma ioga de atenção, atenção pra não se machucar! Triste, mas é assim mesmo, musculação e abstração, você precisa aprender ou vai padecer.
Alma pesada
A alma pesada no corpo leve segue a estrada da vida em busca do nada. O nada, invisível, insensível, a encontra na rua da amargura. A alma pesada suspira o nada respira esse ar contaminado. Em um momento o céu se ilumina com o Sol da felicidade! A alma fica leve e flutuando, vai percorrer o mundo dos tristes para encontrar outra alma pesada em corpo leve, para ensinar que até o nada pode ser tudo quanto existe amor.
Alimentando a paciência
A paciência não tem fome, chata pra comer
Fica magra e irritada, debilitada
Muitos dizem:"você está sem paciência"
Pudera, ela, fraquinha, não sai de casa...
Acordo e levo ela pra tomar café
A bichinha mal come um biscoito
No almoço ela se esconde
No jantar eu tomo um chá, de paciência
Assim vou levando a minha paciência
Magra e debilitada, não conto com ela
Portanto
Não me peça paciência, ela praticamente, não existe
Coleção de defeitos
Já colecionei bolas de gude, figurinhas
Já colecionei canetas e escritos
Hoje eu coleciono defeitos
Bem guardados e sempre limpos
Tenho até orgulho de conhecê-los
São feios, outros aceitáveis, brilham
Meus defeitos são meus, suficientes!
Quando os vejo eu me lembro deles
É, atualmente, o que me salva
Sabedor dos defeitos os guardo
No fundo da gaveta, só pra mim
Só pra me salvar do amanhã
O grande dilema
Amar o outro e compreender o outro, qual a diferença? Amar é ato impensado, compreender é racional. Amar sem compreender não funciona, compreender sem amar também não; amar e compreender são ações complementares e das mais difíceis da vida. Como fazer funcionar o "amor completo"? Resposta: aceitar o lado B, a face errada, o torto de você próprio e da pessoa amada. Difícil? Dificílimo! Aceitar os erros e tentar corrigí-los (ou não) e adoçá-los com amor. Viver é uma arte, conviver um desafio, viver e amar é a perfeição! Atenção: a perfeição não existe! Tente, tente sempre e siga em frente no equilíbrio entre o amor incondicional e a dura razão imparcial.
Mulher, você ama demais
Mulher, você ama demais
Esse é o seu pecado
Amor abundante, deslumbrante
Amor demais pode matar
Amor demais pode marcar
Amor demais vai transformar
Sim, meu coração vagabundo
A minha incapacidade de amar
A minha cegueira
Perdoa-me
Perdidamente, perdoa-me
Meu pecado é não saber amar
Mulher, você ama demais
Mãe maior
Mês de Maria, mãe maior
Mês de Maria, mãe de todos
Mês de Maria, mãe de Deus
Mês de Maio
Maio, mês maior
Maio, mês dela
Maio, mês melhor
Maria, a compadecida
Maria, das graças
Maria, mãe das mães
Rogai por nós, pecadores
Roberto Solano
A expectativa
A expectativa é a filha mais nova da esperança, a esperança é uma mulher parideira demais, de seu ventre saem idéias, sonhos loucos e até alguma realidade (rara). A expectativa nasceu há pouco e vive olhando tudo, curiosa, vai alimentando a alma de quem convive com ela. Uns, mais otimistas, adoram ela; outros ao vê-la a ignora, por medo ou preguiça. Pra que ter expectativa? A vida fica mais leve, muito mais fácil, sem ela. Esperar o que? A morte? Essa já está certa, sem expectativa vai acontecer. Chato viver com expectativas ao seu redor, serás um sonhador, um futurista (futuro não existe). Xô expectativa! A regra é clara: plantar pra colher e não para imaginar a maior safra de todos os tempos! Aceitar a verdade e viver, o mais simples possível, sem expectativa, é melhor.
Poeta de virgens
Não sou poeta de virgens
Por tudo que fiz, sou poeta de meretriz
Por isso o amor desamado me faz feliz
Por isso sei dizer o "não" da atriz
Poeta de virgens tem outro sentimento
Da flor sentir o desabrochar, no momento
Das meninas o olhar mais puro, sentimento
Da verdade da vida só ter o lamento
Então sou poeta de meretriz
Vivo a vida assim: sempre por um triz
E você, me lê pra ser feliz?
Sinto te dizer: sou poeta de meretriz
O poema sem palavras é lúdico e lunático, ele funciona em ondas eletromagnéticas de amor puro, como um sorriso perdido no ar ou um aceno de um trem imaginário... O poema sem palavras é uma ilha perdida no mar das fantasias e lá mora, escondido, Neruda! Não conte isso pra ninguém, viu?
Azul atrevido
Que azul atrevido é esse no céu?
Bonito que doe
Invasor de retinas
Despertador de alegrias
Apaixonante
Que azul atrevido é esse?
Abra sua janela e veja
Sorria, é mês de Maio
A minha certeza esbarra na tua vontade
Uma olha pra outra
A minha certeza sorri, com superioridade
A tua vontade a fuzila com olhos certeiros
A minha vontade sente vontade de ir
A tua infinita certeza diz: adeus
Carta para um amigo cansado
Amigo, te vi cansado e escrevo para você não se sentir só. O mundo tem gente cansada que não pode descansar, você só é mais um. Triste saber que o destino do cansado é ficar mais cansado, saber que o eterno caminhar não tem fim: a estrada é longa e circular e teu trabalho é a própria vida, como a fome, não tem fim. A idade chegou e você olha pro lado e vê os que na manhã que acordas com sono tem gente dormindo sem culpa, no caminho para o trabalho vais ver gente indo passear na praia, no meio do dia outros relaxam na sombra enquanto mal podes almoçar. É, meu amigo, você ficou velho e cansado, sem poder parar, sem sair do seu destino você vai continuar até pararem você. O país dos aposentados sem descanso é onde moras, onde você fez seu negócio, onde você descobriu que não pode parar de trabalhar.
Meu amigo, vou parar de escrever e enviar essa carta pra você com a esperança que não a leia, que tu possas sorrir da própria sorte e dizer que eu sou um mentiroso e que você ama o que faz, não recebe muito mas trabalha por amor.
Medo hermafrodita
O medo não precisa se casar, é hermafrodita
Ele se multiplica por si só, magicamente
Se faz medo do próprio medo
O medo é sempre maior que seu pai
O medo sabe que cresce e se multiplica
O medo é senhor do mundo, absoluto
Invencível criatura da nossa imaginação
Talvez maior que a realidade, que a verdade
Dono do mundo, amigo dos fantasmas
Rei de tudo, sobretudo, dos fracos
Regras para envelhecer bem
- você não é mais o artista, vá para a platéia e assista
- não fale, só quando consultado
- a sua cabeça não entende a limitação do corpo, cuidado
- exercitando o corpo a cabeça vai melhorar
- não poupe dinheiro, a hora já passou
- se dê o direito de se aceitar, com os defeitos de fábrica
- a vida é uma troca, então ofereça e aceite a negativa
- o novo sempre vem, não reclame
- cada dia é um a menos, aproveite.
Palavra não dita
A palavra não dita morre no berçário do pensamento
Não nasce, encruada na ideia se salva
No mundo seria mais uma
Na mente ela pode crescer e viver bem
A palavra não dita é a semente de outra
Outra muito melhor, adocicada, saborosa
Vai virar verdade e, se você permitir, eternidade
O pensamento não dito nada na mente
Se sente bem, sem peso, sobrevive
Quando viaja pra boca escapole
Aí o mundo vai jogar pedra e o engole
O melhor pensamento é o não dito
Vai viver bem e nunca aflito
Ressonância d'alma
A dor doía tanto que o doutor pediu exame
Ressonância d'alma
Lá no tubo o barulho infernal da máquina
Minh'alma sendo percorrida na tela
Lá e cá um amor mal vivido
Cá e lá uma decepção grave
Uma traição apareceu no escuro da tela
Sem perdão! Disse o doutor
Agora o que fazer pra resolver, perguntei
Outro amor vai resolver, ele disse...
Agora, receita na mão, fui pra farmácia
E lá me disseram "esse não tem não"
Voltei pra casa, ressonância na mão
E dor, agora, no coração
"Seu papado foi caracterizado pela defesa dos imigrantes, a luta contra a desigualdade e um chamado urgente para a preservação do meio ambiente, consolidando seu legado como um dos pontífices mais influentes do século XXI." Francisco foi o Papa dos humildes, levantou a bandeira da aceitação da igreja para os desprezados pela civilização: ele abriu seus braços para todos, como fez Jesus Cristo, no amor mais puro e sem julgamentos, no amor divino. Hoje haverá tango no céu, e tristeza aqui na terra.
Adiós Francisco el Papa más humilde y valiente de la iglesia.
Roberto Solano
O dia do nada
O dia do nada nasceu cinza por conveniência
Não ventava e nenhuma folha caiu das árvores
Havia um pouco de tristeza no ar
Se respirava desesperança
A rua se fez vazia para o tempo estacionar
Lá, dentro do carro, há uma luva sobre o painel
O tempo foi homenagear o nada...
Ali, no momento certo, uma voz disse
"Do pó viemos e pra lá voltaremos"
E o hino do nada se fez mudo, como de praxe
E nada aconteceu
Raridade
Raridade, coisas que poucos têm, preciosidades. A maior de todas, para os que já passaram dos sessenta anos, é a mãe; se ela for lúcida e ativa você pode se considerar um sortudo, ganhou a Mega-Sena do amor. Preste bem sua atenção pro tesouro que tens em mãos: uma mãe! Eu, e a torcida do Flamengo, não sabemos o que é isso há muito tempo, então agradeça. Vai dizer que você é um bom filho, que dá presente no dia das mães, etc. Reveja seu conceito, e verás que podes fazer mais pelo seu tesouro, muito mais. Aproveite aí e mande um beijo pra ela.
Passar o tempo, engomar os sentimentos e lavar as angústias é o serviço da dona de casa na mansão chamada "Vida".
"Ando com fome de coisas sólidas e com ânsia de viver só o essencial. Pessoalmente, penso que chega um momento na vida da gente em que o único dever é lutar ferozmente por introduzir, no tempo de cada dia, o máximo de eternidade."
Guimarães Rosa
Primeiro de Abril
Dia da mentira, isso é certo! Fui viajar, parece mentira... A cadeira do avião é tão apertada que parece mentira que você vá caber lá, o destino é mágico, o preço... Deixa pra lá! Bariloche é uma cidade encantadora, fácil de se locomover, e tudo perto. Parece mentira mas tem uma loja de chocolate a cada esquina, na Mamuska paramos para, literalmente, comer com os olhos, tudo é lindo e saboroso. Todos os caminhos levam à perdição: comer, comer, beber, beber. O sujeito não tem como escapar, é bife de chorizo no "boliche de Alberto", onde se come Papa frita e carnes saborosas, depois uma sobremesa especial "copa Alberto", parece mentira que você consegue comer tanto! Os sorvetes da cidade são cativantes (Dulce de leite com dulce de leite), cada colher serão 300 gramas de dieta a fazer: um desafio para o futuro, esqueça, e coma sem medo de ser feliz! Meu companheiro de viagem comprou uma elegante "porta whisky" que serviu para, segundo ele, "abrir o apetite". Ora, você vai pra um lugar onde se come coisas deliciosas e precisa "abrir o apetite"? Realmente, isso parece mentira. Seguimos nossas atividades com lindos passeios e paramos para comer na cervejaria Patagônia, o lugar é lindíssimo, beirando o lago e com a vista para as montanhas; cerveja boa e um hambúrguer de cordeiro impecável. As minhas calças encolheram 😢, a dificuldade para andar aumentava a cada dia, e tome de chocolate com sorvete para dar energia nova. Viajamos pra vila la angustura, Puerto Manzano, e a sensação é de entrar em um filme: árvores enormes, o lago do lado, as casas de madeira rústica no meio da floresta, se sonhar acordado fosse possível lá seria. E, pra não perder a "boa forma" fomos acomodar na barriga um belo bife de chorizo com uma papa ao forno! De sobremesa um clássico argentino: panqueca de Dulce de leite! Mais meio quilo, ganho com muita competência! Fomos conhecer o Rio correntozo, o Rio mais "corto del Mundo"!!! Lugar ideal para você se esconder das pessoas desse mundo!
Último dia, na família Weis, uma truta para entrar na dieta, que, parece mentira, eu vou fazer... Nunca mais vou viajar no dia da mentira, isso é verdade!!!!
Os troncos retorcidos, pedras
O céu azul gritando
O lago placidamente quieto
A paz estacionada no vento
Um silêncio tão dolorido que gritava por socorro
Nunca ouvido pelos mortos
No tempo do papel
No tempo do papel havia caneta
Cartas nasciam todos os dias
Poemas derramados sob os dedos
No tempo que havia papel as fotos eram guardadas
Nos álbuns, no porta retrato, na carteira
Podia-se chorar sobre elas, até beijar
As emoções eram apalpadas como um pão
No tempo do papel na mão
O Dna do poeta
O poeta nasce pronto, o Dna vem em versos
Ele vê graça no torto e o torto no reto
Conversa com passarinhos
As rosas não falam, umas chatas
Do amor nada entendem, sofrem
De sofrer sabem tudo, amam
A vida já o fez talhado no Dna da dor
Quem nasceu primeiro? O poeta ou a dor?
Dor No Amor
DNA
Pensamento voraz
No aquário da cabeça os pensamentos nadam, lindinhos...
Até que um pensamento voraz devora lembranças e boas ideias
Em forma de tubarão ele nada e nada perdoa
Morde os peixinhos do amor puro, come desejos e boas intenções
A paixão é um tubarão branco: come tudo, sobra nada
O peixe ódio costuma aparecer, vez por outra
Sua cabeça será palco de assassinatos
Cuidado com a paixão e
Há momentos em que não há palavras
Há momentos em que os gestos são vagos
Outros tantos que a inércia fala alto
E uma lágrima, uma única lágrima, fala tudo
A métrica da manhã
A métrica da manhã é mais lenta, cheira a café
O corpo cresce no espreguiçar
O olho insiste em desacordar
Caminhar com pedras de preguiça amarradas no pé
Dizer sim, contra a vontade, para o mundo
Acordar, em eterno desafio, pro mundo
A métrica da manhã é alongada
Acorda vagabundo! O trabalho te espera!
Dói demais
Ser feliz
Aceitar o mundo como ele é sem perguntas
Abraçar suas vontades com parcimônia
Trancar, definitivamente, a gaveta das culpas
Deixar a criança renascer dentro de você
Ajudar o próximo com o cuidado de manter distância
Ser sem cobranças e, preguiçosamente, relaxar
O gato
O gato nos faz pensar, um animal imprevisível e misterioso. O cachorro já é a certeza do balanço do rabo e do latido na hora certa, um chato. O felino faz de sua vida um grande mistério, dorme mais do que deveria, e adora improvisar posturas; o que mais admiro é sua estética "adaptável": ora com a barriga pra baixo, ora com a barriga pra cima, sempre em poses cinematográficas, um artista. Invejo a calma e o pisar silencioso, a noção de equilíbrio e o bigode charmoso. A higiene é outro trunfo da natureza, é limpo e reservado, um gentleman. Outra qualidade incomparável é sua espiritualidade, ele sabe o valor do silêncio e te conhece por dentro, te ama de forma única e te despreza quando necessário é. O gato pode te ensinar a viver e, quem sabe, a amar.
O dia que o tempo parou
No dia que o tempo parou o espaço, companheiro fiel, estacionou. Nada se mexia, as árvores imóveis, passarinhos congelados no ar, expressões humanas como estátuas de museu. A minha cabeça pensava na janela vendo o quadro da imobilidade na minha frente: o que será do mundo na imortalidade? Invadiu-me uma angústia sideral, imensa, tão forte quanto inútil. Tudo é inútil! Estou imortal sem saber o motivo e sem achar graça. Rezei pra Deus pai todo poderoso pra voltar a ser mortal, ver o tempo passar e me devorar lentamente... Lá de cima ele se levantou do trono e, com toda sua divindade, apertou a tecla time e o mundo voltou a se mexer... Um suspiro ouvi " o tempo tem seus problemas mas é um sujeito divertido"
Ventania
Você chegou como uma ventania, rasgando nuvens, derrubando flores
Não deu tempo de correr, só de esfregar os olhos e acordar a alma
Foi invadindo espaços, terraços, beira de rios, esmurrando paredes
Você é assim, uma força totalmente descontrolada, azogue
Dessa forma acabou com minha estática, varreu sentimentos, embaralhou tudo
Agora, na calmaria do meu leito, vejo folhas caindo no meu coração
Às vezes é um adeus, outras a finitude
Talvez um simples até quando puder
Outras um breve momento
Em todos eles a solidão vai te perguntar
Sabes viver sozinho?
A resposta virá como um adeus
Sem saber dizer sim, sem dizer o não
Às vezes é um Deus chamado solidão
A mulher
À mulher coube o acolhimento, a compreensão
Também sobra espaço para amar bem, com dedicação
À mulher coube saber dizer sem machucar e machucar sem dizer
Ser perfeita por necessidade
Ser mais mulher a cada idade
Viver no mundo para melhorar
Encantar
E dos filhos cuidar
Perdão não dado
O perdão não dado é pedra no sapato
Unha encravada
Verruga na testa
O perdão não dado incomoda
Como amor não correspondido
Como um santo sem milagres
O perdão não dado é pesado
Como um arrependimento tardio
Ou um filho desnaturado
O perdão não dado é castigo eterno
Dois anos
O que são dois anos para o coração?
Talvez o exercício do esquecimento
A tarefa dura da aceitação
O viver, dia após dia, tentando viver
O que são dois anos para o coração?
Pra quem perdeu o parceiro são
Dois séculos de solidão
O caranguejo é crustáceo dos mangues, saborosa criatura
Armadura de costura
O recomeço
O recomeço é quase o despertar do sol da vida
Amanhecer, novamente, na brisa do futuro
Começar de novo, escolhendo o novo
Deixar mágoas e outros sentimentos lá atrás
Desacreditar no fracasso, sem culpa, crer em si próprio
Recomeçar é, antes de tudo, o remédio para a doença crônica
Cujo nome é Vida
Roberto Solano Novaes
Expectativa
A expectativa é a irmã mais nova do sonho
Criar a expectativa é um trabalho árduo
O sonho faz
O melhor é deixar a expectativa de lado, chorando
Ver o mundo como a realidade manda
Cuidar do dia a dia, do feijão com arroz
Sonhar é pra quem pode
O tempo me consome por vingança
Eu já consumi muito o tempo
Ele sobrava, transbordava, despudoradamente
Agora ele brinca de esconde-esconde
Onde te falta tempo?
No futuro ele é incerto
No passado ele sempre sobra
No presente ele é o tempo ausente
Clara era moça tímida e de baixa sensualidade: lindíssima, olhos claros, pele aveludada e lábios carnudos. O nariz era de rara perfeição, afilado e com a devida inclinação pra cima, na sua extremidade. Desde nova era convidada a chupar o pau de seus namorados, o que ela não apreciava, os meninos enlouqueciam com aquele rosto angelical sobre a rola grossa e carnuda, o gozo vinha rápido, gosmento e ácido, ela não gostava, cuspia com uma careta no rosto. Um dia viajou para buenos Aires e lá conheceu Jorge, um portenho lindo e forte, com fama de ser gostoso. Uma prima já tinha desfrutado daquele corpo escultural e chupou aquele pau. Delicia, ela disse pra Clara, que não acreditou: um pau doce! O desejo nasceu na moça, sentindo sua vulva molhada pensou: um pau doce...
O encontro foi planejado e o tesão aconteceu: ela logo percebeu a virilidade do rapaz no primeiro beijo, sua língua dançava tango, seu dedos dedilhavam o arcordeon em suas costas e chegavam nas nádegas como um alpinista, marcando o caminho na pele de neve da menina moça. Jorge adorava doce de leite ( Dulce de leite), no café da manhã, na panqueca, no sorvete, com licor, com Manzana. Ela percebeu açúcar em seus lábios e quando ele chupou sua boceta o calor que emanava cheirava doce. O pau enorme foi sacado da calça como uma espada, nas mãos pequenas de Clara assustava, uma direção foi indicada suavemente com as mãos, e ela abocanhou a cabeça grande. A boca pequena não comportava o vermelho rubi da glande, ela tentou com a língua fazer malabarismos, o portenho gemia. Quando o macho estava para derramar seu sêmen ela parou e disse:" não goze na minha boca não, não gosto". Jorge, assustado, disse: " você não vai se arrepender, te juro". A emoção tomou conta do ato, ela, movida pela curiosidade, se esforçava para tentar engolir o pau latejante até a metade, uma lágrima correu dos olhos quando um jato quente e consistente explodiu daquele mastro. Um susto! Um gosto doce! Inacreditável sensação de prazer que contraiu sua vagina, o sabor cada vez mais pronunciado e forte, delícia! Ela tirou o pau da boca de com movimentos rápidos fez o esperma jorrar em sua mão branca como neve: de cor característica, sabor incomparável, e textura típica lá estava na palma da sua mão o doce de leite mais saboroso que ela já provou!!!! Jorge ejaculava doce de leite!
Atualmente estão casados e morando em Bariloche, pra prima ela confessou que além de saboroso o líquido seminal deslizava bem quando Jorge enfiava até o talo a sua pica no cu dela; aliás, ela nunca fez cu doce, Jorge é quem fazia o cu dela ser doce.
A junta
Mão Francesa
A Mão Francesa é delicada e linda sem luva
Uma peça feminina de grande valia
Ela socorre as vigas em balanço
Ela enfeita as fachadas "Bien sûr"
Ela é linda em aço e em concreto
A Mão Francesa sempre procura ajudar, dadivosa criatura estrutural
Vamos nos lembrar dela para alegrar nossos projetos
Très belle femme de très belle main
O bom engenheiro
Prece pela saúde mental
Rezo pelo entendimento do homem com o homem
Do pensamento positivo no erro e no desespero
Que o bom humor esteja presente na terra como no céu
O pão nosso de cada dia mate a fome e a ansiedade
Oremos pela calma, na dor, pela fé no dissabor
E principalmente pelo equilíbrio emocional
Amém
Arnaldo bebia demais, não bebia pra esquecer, bebia pra lembrar. O dia nascia com a saudade batendo no peito como o despertador do trabalhador: hora de trabalhar pra lembrar, seguia na rua no rumo do bar. O bar abria cedo com café quente e pão na chapa, os homens por lá chegavam com pressa, Arnaldo não. O tempo não se mede, a saudade sim! Ele dizia. Chegava e apoiava sua dor nos cotovelos, o olhar triste e a barba mal feita, remela no olho, calça pendurada no cinto, e a pinga na mão. O cheiro do café trazia as novidades: o resultado do jogo, o vereador ladrão, a bunda da sanfoneira, tudo ali no ar. Na cabeça dele começava a chegar a lembrança dela, Laurinha, um amor que se foi e agora volta na memória do bêbado quase morto no álcool; ele se levanta, afasta a cadeira e chama ela "vamos Laurinha, vamos pra casa meu amor", os homens deixavam ele passar cambaleando e cumprimentavam o casal: nunca se sabe o dia de amanhã, o amor de Arnaldo com Laurinha era um patrimônio da cidade, o respeito ao amor deles era a certeza de que, se Deus quiser, ele volta amanhã bem cedinho para declarar seu amor impossível.
Simon & Garfunkel
A música sobre o som do silêncio é marcante
Talvez por falar do impossível ao corpo
Talvez por dizer tão profundo à alma
Eu, aqui calado, ouvindo o som dos mudos
Dos que não ouvem a sinfonia do silêncio
Agora, dentro de mim, ouço a banda do nada
E ouço minhas lágrimas tocando o piano da solidão
Receita de poema
Separe uma boa ideia, coloque pra marinar com amor e uma pitada de loucura. Conserve. Acenda o fogo do teu coração por meia hora, coloque seu poema em uma travessa e adoce com boas intenções, em seguida leve ao fogo de sua imaginação por 30 minutos, cuidado pra não queimar! Para servir, polvilhe carinho e sirva no papel ou na versão digital. Boa leitura!