sábado, 23 de fevereiro de 2013

Adoro o Seedorf


Adoro o Seedorf

     Eu não colega! Estás me estranhando??? Sou flamengo de coração e do dito jogador só gosto da cor que participa na bandeira (ou melhor: manto sagrado), junto com o rubro, para formar a estampa do maior do mundo!
     Voltemos aos fatos: Carminha casou-se com o Flávio e na festa só tinha rubro-negro. Também pudera, ela era alucinada pelo mengão e o Flávio idem! Os dois se conheceram no Maracanã, coisas de família tijucana, foi amor à primeira vista. Ela portava um shortinho jeans e a camisa do maior de todos, e quando ia dar uma voltinha no intervalo das partidas, partia corações. Flávio comentou com o amigo:
- Rapaz, olha aquele rabo! Nem o Fio maravilha poderia imaginar um traço tão bonito...
- E ela está te dando mole, seu babaca, vai lá e paga um picolé, aproveita e pede o nome da loirinha com cara de puta que está com ela: 1 x 1 jogo fácil! Eu como uma e você a outra!
     “Coisas dos anos 70, meu amigo, já se foram muitos anos e o Flávio “cortou um dobrado” para “traçar”  a Carminha. Filha de militar, não estava ali para arrumar homem não! Ela tinha que zelar pelo nome da família e pelos tradicionais costumes tijucanos: torcer pelo mengão, frequentar o tijuca tênis clube, honrar papai e mamãe, só dar a periquita depois de casar... Mas o Flávio tinha seus truques: um porte atlético, boa família de portugueses ( o pai quase infartou ao vê-lo jogando uma pelada com a camisa do mengão aos 14 anos), um Ford maverick! Sim, o rapaz tinha posses! O restaurante do pai bombava em Vila Isabel e dizem que tinha o melhor bolinho de bacalhau do Rio! Exagero??? Não amigos, era não, não havia programa melhor aos domingos do que voltar da praia e ir saborear os tais bolinhos Dizem também que a velha Rosa esfregava o pano na xoxota e depois amassava os bolinhos, no calorão da terra do Martinho o quitute ficava perfumado! Delícia... Tão bom que o Flávio levava Carminha e amigos para um chopinho comportado no fim da tarde de sábado , para combinar o programa da noite. Os amigos não pensavam em outra coisa:
- Sábado vamos lá no bolinho do Flávio?
- Carminha vai estar lá? Perguntava o colega.
- Sim, claro! Por quê?
- Só gosto de comer o bolinho sentindo o convidativo cheiro e olhando as coxas divinas da Carminha... Será que o Flávio já comeu?
- O bolinho?
- Não! Seu babaca! A Carminha!!!
      Não comeu não! Ele mesmo confessou que ela exigiu um noivado e um anel de brilhantes, embora o anel dela já tinha sido aprovado na joalheria do Flávio. Rolava de tudo, mas a promessa feita para a vovó não seria quebrada nunca! “Filha, marido bom é marido adestrado! Só dê com papel passado” Isso deu até samba nas mãos do Carlinhos Boca de Ouro (um neguinho fraquinho que tocava bem um cavaquinho e era compositor de primeira lá na charanga do mengão), se ainda me lembro:
“ O amor é fruta rara
 É tão cara que maltrata o cara
 Ela já deu o ultimato
 Já deu até o outro buraco
 Mas marido bem é marido nato
 Só casa com anel casa e papel passado... “
      E por aí seguia o sofrimento de Flavinho, regado a vinho e bolinho, muita sacanagem na garagem e muita cantada no pé da orelha de Carminha que até perdeu peso de tanto tremer nos dedos habilidosos do grande piloto de maverick. Se manter virgem queima calorias amigas, muitas!
      Vou encurtar a estória, pois o sofrimento maior veio muito tempo depois: casados e com bela família os dois se amavam muito! Já na Barra da Tijuca, com dinheiro sobrando, não iam tanto ao engenhão. Televisão de última geração, piscina, cerveja (a barriga do Flávio era “imoral” como dizia Carlinhos), e os jogos eram digeridos com churrasco e não raro um bolinho de bacalhau, sem o tradicional aroma da fertilidade da falecida dona Rosa (que Deus a tenha). Foi aí que começou o drama de Flavinho. Flamengo x Botafogo, jogo solto, lá e cá, e... Adoro esse negão! Disse Carminha, já meio chapada, com um copo de cerveja importada no meio dos seios devidamente siliconados. Pegou mal... A galera não acreditou... Ela consertou “Podia estar no flamengo, imaginem ele distribuindo a bola para o Hernandes...” As bolas do Flávio se contorceram de raiva! Ele já velho, meio-broxa, assíduo das pílulas azuis e FIEL Á PATROA! Sim, no dia do defloramento teve que jurar antes de adentrar! Era um santo marido... De outra feita quis comer o anel de couro, já depois de casado, e ouviu esse “Não senhor”! “Eu sou como SONIC e já mudei de fase amor!” Mas querida, não tens saudades de nossas madrugadas na garagem? Lembras do Maverick??? NÃO !!! Não enche o saco Flávio, você vive do passado! Sou outra mulher e resolvida! Aí Flavio se rendeu: mulher RESOLVIDA é PHODDA ! Nunca mais o fiofó da Carminha, pensou ele, que era melhor que buraco da promessa...
     Voltemos aos fatos: Adoro esse negão! Foi muito forte para o nosso herói! E foi pior ainda colega! Belo dia ele teve uma puta (em São Paulo quer dizer grande) dor de cabeça na construtora e voltou mais cedo. Comprou umas flores para Carminha e chegou de surpresa em casa. Dia quente, tudo quieto e viu a seguinte cena, Carminha nuinha, deitada na cama lendo “os vários tons de cinza” e suspirando” Adoro Seedorf, te adoro meu negão! Uiiiiiii, que delícia...”. Flávio, com a luz acesa, se desesperou vendo um belo e possante vibrador, negro como um tiziu, enfiado na garagem da patroa!
     Foram-se tantos anos de felicidade, tantos jogos juntos, para tudo se acabar em uma quarta-feira de cinzas; nem tantos tons, nem tantos cinzas, e sim negras, carbonizadas, casamento desfeito.
     Triste isso, dizem os amigos, que agora torcem para o Flamengo comprar o Seedorf e, neste caso, promoverem o encontro dos dois namorados da Tijuca, quem sabe não vai dar samba, disse o sábio Carlinhos.



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