domingo, 25 de março de 2012

Sonhe com os anjos!


Sonhe com os anjos!

   Minha Mãe dizia. Eu bom menino tentava... Nunca vi um anjo e muito menos sonhei com um deles. Anjos são imagens puras, gordinhos e com o pintinho pequeno, sorrindo ou tocando cornetas. Os arcanjos já são maiores e vistosos, asas grandes, brancas e furam nuvens para abrir o céu em luzes divinas. Juro que tentei... Nunca sonhei com eles, pena, uma ordem não cumprida, desculpe-me mamãe.
   Vi anjos em forma de super-heróis: sonhava com aventuras estelares, cavalgadas em terras estranhas, muitas travessuras, muitos atos impensáveis, tão puros que foram apagados pela mente adolescente. Vieram às mulheres, cada anjo! Que peitos, que pernas, nas revistas, no pensar. A noite pedia sexo e ele ali, duríssimo, perdido nos lençóis. Sonhava agora com anjos, ou melhor, anjas, lindas como nunca, perdidas em fantasias sem fim, delícias que só um adolescente pode criar na mente virgem, no calor ou no frio da madrugada, sem explicação e sem conselhos de mamãe, vendo coisas e sentindo sopros divinos.
    Fui crescendo e a mente sonhando com coisas nada espirituais: carros, viagens, aventuras com lanchas velozes, grana para fazer o que quiser sonhos de consumo, sem anjos. Que chato sou eu, penso agora, nem um anjo... Triste vou vendo os dias passarem e com saudade de sonhos percebo que não sonhamos com anjos. Eles simplesmente existem, e cuidam dos que por desventura nessa terra não sonham com nada, só dormem, só vivem na terra por falta de um céu, e por insistência, são sós e puramente simples mortais.

 Roberto Solano

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