segunda-feira, 20 de maio de 2013

Sonho e pesadelo





Sonho e pesadelo

 Leio sobre Marta: “Eu tinha tudo. Sempre fui de classe média. Carro hipoteca, viagem de férias, família feliz. De um dia para outro a nossa vida começou a desabar como um castelo de areia... Hoje não tenho nada e se não fosse por meus pais eu não tinha nem como dar de comer às crianças”. Marta não é africana, nem indiana e menos ainda brasileira. Marta é casada e tem um marido também falido (arquiteto) que já tentou o suicídio, ela é contadora e desesperadamente sobrevive sendo mais uma espanhola endividada.
 Os números assustam: 6,2 milhões de desempregados (27 %); 10% das famílias com todos seus membros desempregados; 11 milhões abaixo da linha de pobreza; 26,5% dos menores de 16 anos em risco de exclusão social! Essa é a dura realidade de uma parte da Europa falida, sem perspectiva, com cultura e sem trabalho, com uma história sólida de vitórias e amargando derrotas. Portugal vai pelo mesmo caminho (estamos cheios de engenheiros portugueses por aqui no Brasil), a Grécia já foi para o brejo e outros países na fila. O que houve? O mundo quebrou? Ou “brincaram” de ricos com o euro dos ricos (Alemanha e França). Não sou economista e não entendo os motivos, só sei que perder é muito duro. Quando se é pobre há sonhos e conformação, já a classe média sonha menos e sofre mais com as perdas. Um projeto “Tempos de crise” é a fonte de apoio para os desesperados, tentando direcionar a mente das pessoas para viver pobre como pobre, a população está deprimida e a dívida agora é social. Como se adaptar? E quem não tem um ente familiar para ajudar? Dizem que as filas dos “sopões” estão cheias de empresários, a vida agora será cavada de pequenos” bicos” e negócios informais sendo que e esses empresários jamais pagarão suas dívidas, é uma situação sem solução. O mestre Vanzolini tem um samba que diz “eu sei ser pobre sem raiva e só sem tristeza” é difícil mesmo. E a vergonha? Complicado, diz à reportagem que as pessoas evitam andar nas ruas para não ter que explicar sua situação financeira; colocam o carro na oficina e não vão buscar; tiram os filhos da escola privada e colocam na pública. Ficam deprimidas! Os “loqueros” estão cheios (psicólogos), a sociedade de consumo sem consumo é podre.
 E agora? Até quando vamos nós brasileiros  gastar nosso real hipervalorizado na Europa? Eu tenho vergonha de ser brasileiro por saber que não temos estrutura para enfrentar uma crise como eles lá estão enfrentando. É amigo, cuide-se para os tempos das vacas magras, pois o pasto é mutante e a economia é cruel. Se o espanhol com cultura, vinho e um “pata-negra” está sofrendo tanto, imagine nós sem cultura, cachaça e rapadura... Viva o povo nordestino, que tem raça e sobrevive sua Espanha, de sol a sol, sem chuva todos os anos.

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