quinta-feira, 23 de agosto de 2012

Medalha de bronze


Medalha de bronze

 Eu convivi com um amigo de rara inteligência emocional, na minha juventude. Esse rapaz me ensinou como podemos ser felizes sem sermos o melhor. O melhor é chato! Todos te cobram e a obrigação de ser medalha de ouro é enfadonha. O melhor é estar entre os melhores, ou melhor, ainda se achar o melhor! César Lavalle era assim: simples, inteligente e desfrutador, sabia viver!
  Os jovens miram o sucesso, isso é natural. A beleza física era desejo de todos. Uns iam  para os esportes, outros para o conformismo. Nosso herói descobriu que para obter um belo corpo a melhor opção era o remo. A lagoa Rodrigo de Freitas ficava perto de Ipanema e a disposição foi enorme. Fez remo com muita divulgação entre os amigos que com ele se aventuraram no esporte matinal, na esperança do corpo perfeito com os lindos “brotinhos” correndo atrás. César não era feio nem bonito, e muito magro começou os árduos treinos no frio da madrugada. O tempo passou e ele realmente encorpou algumas valiosas gramas no seu esbelto corpo.
 Vamos ao que interessa: campeonato de remo! O nosso amigo chegou com uma bela medalha de bronze! Um sucesso no colégio! Um feito a ser devidamente comemorado! Até um chato desfazer a mágica... Nosso herói foi terceiro lugar na categoria que ele estava habilitado na qual só tinham mais 2 candidatos! Que absurdo isso! Último lugar???? Sim! Nada que tirasse o mérito da medalha e muito menos a alegria do ganhador! O chato que “dedurou” o Lavalle foi expulso do nosso grupo, afinal não há coisa pior que ser chato e burro! Tomamos vários chopes em homenagem ao nosso atleta da zona sul! Isso nos bastava!
 Um belo dia, nas vésperas do vestibular, notei que o César estava queimado de praia e destoava da turma muito branca de alunos aplicados e preocupados que viravam noites nos livros e não desfrutavam da bela praia de Ipanema no início do verão. Perguntei ao César “Você não está estudando?” Ele respondeu “Só o suficiente pra passar...” Aí fui mais longe com a minha inveja em vê-lo caminhando para o mar e eu para estudar na casa do Castrinho. “Você não tem medo de não passar no vestibular?” Ele soltou essa pérola que guardo na minha memória emocional: “Roberto não esquento não, pois SE DER DEU! SE NÃO DER FUDEU! SE FUDEU FODA-SE!!!!!

 Meu herói é e sempre será medalha de ouro na vida!

 A tempo: Ele passou para a PUC e se formou engenheiro como os outros de pele clara e noites mal dormidas...

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