terça-feira, 27 de dezembro de 2011
Porto de Galinhas
Queria dizer
Um pouco da vida já vivida, esqueço
Da saudade crucial dos que se foram, saudades
Do calor ainda abrasador dos que ainda estão
Na vida, curta ou não, com o sem dor, mas nua.
Palavras são bolhinhas de sabão ao vento
Dizer para falar o que ? Se o todo está preso no coração
Talvez chorar, chorar muito, como protesto, em forma de alegria
Sorrisos em lágrimas marítimas, revendo família, contando tesouros
Como a vida ainda me quer, marinheiro e aprendiz.
Agora sou Recife, pedra dura, parte sargaço
Outra ouriço de tantas algas perdidas do mar
O mar de Porto de galinhas me abre o coração
E vendo-o azul conforta minhas dores pulsantes...
Agora estou família, sou Novaes, forte em olhos calmos
Vendo o horizonte lá longe misturado com jangadas
Acreditando no impossível, no sonhar como arma única
Armando meu coração para crer mais e mais no que vi
E agora, no Recife dos fortes, ainda sentir o beijo do Pai
Com o calor da Mãe colocar tudo no colo e pensar...
Pensar em Porto, dentro dos meus quase sessenta anos
Em primos, tios e amigos que viram essa soma se formar
Em uma união única, sólida e misteriosa como o mar
Rever para crer, crer para sonhar, no mar sem fim de lá
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