quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Brigando pela vida

Brigando pela vida

Todos os dias brigamos pela vida: o pão, a saúde, nossas conquistas e outros desejos. Eu me pergunto: qual a pior briga? Quem tem armas melhores? Sabe você usar as tuas armas?

O gladiador era uma forte entre fortes, um espetáculo vivo da luta humana no desastre de nossa existência. A platéia quer sangue, ver a morte ali. Na dor espetacular do herói morto, na certeza da fragilidade. É isso, queremos ser um forte e eterno e, em contra partida, ver o mais forte cair. Isso é uma loucura que devemos dominar. Sempre sofremos com a perda do ídolo, da nossa referência de capacidade total, para, instantes depois, nos certificarmos que estamos vivos sem sermos “o herói”. Ver a desgraça alheia nos faz menos tristes, mais conformados, com nossas deficiências. Ver o feio te faz mais belo. Isso é certo? Conheço farejadores de dor. Sim! O sujeito não pode desconfiar de um problema que corre atrás da notícia maior, do fato real e duro, da dor encravada no peito alheio para dar seu conforto, sua condolência e outros despréstimos à família do infeliz. Minha Mãe chamava-os de “Urubulinos”, aqueles que tem prazer na derrota alheia. No passado distante um primo bastardo de meu Pai adorava dar a notícia da morte. Loucura, doença mental, mas o sujeito até pagava para, no interior de Pernambuco, subir em um cavalo e galopar léguas para bater na porta “ Noite, noite, plá, plá... Ô de casa... Louvado seja nosso senhor Jesus Cristo” e saindo de dentro do casebre a voz cansada “ Para sempre seja louvado!”. Em seguida o portador dizia “É da casa do Zé das castanhas? Ele está?” Em seguida o Zé chegava para ouvir a voz certeira” tua Mãe morreu Zé, que descanse em paz...” E vinha o choro, os abraços, as estórias da Mãe, a vida dura e Severina da mulher calejada. Um café forte com um naco de bolo e o portador da voz sinistra voltava, galopando, sorrindo, e feliz da vida. Meu Deus...

Nunca entendi direito o prazer mórbido de se afeiçoar pela dor alheia. Existem essas figuras nesse mundo desalmado. Os humanos são complexos e o mal habita gente ruim, espalhadas por aí, evite.

Vou subir o tom e lembrar o grande Gilberto Gil “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de temer a morte... “Linda música! Isso é importante, viver cada dia como eterno. Dormir com os anjos e acordar agradecendo o Sol nosso de cada dia. Não pensar na fragilidade e não acreditar na capacidade de viver perfeito, sem falhas e sem dor. Viver é difícil, muito.

Então amigo, vamos tocando os anos qual boiadeiro a sua boiada, meio sem rumo, tangendo o gado, levando o que não é teu para outras terras, correndo o risco da perda, sem medo, sem pensar muito, só de olho nos bois...

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