Pertinho
Minha ida à NY city foi, pelo menos, divertida. Eu não queria ir, até porque prá ver gente gorda é melhor olhar no espelho, né? Fazer o que? O dólar baixo, a patroa doida prá gastar e eu fui minando minhas forças contra. Peguei o “visa”, o seu passaporte para o império americano, sou velho e cheio de empregados que, se eu fugir eles (os americanos) mandam me caçar na 5ª avenida, ou seja: risco zero! Os gringos querem teu dinheiro colega, não se engane, você é uma carteira que anda em NY, só isso, mais nada.
Estou lá, hotel grande, movimento de gringo prá cá e prá lá, arrumadeiras educadas “Good morning “, aspirador de pó a todo vapor, pergunta: Porque americano adora aspirador de pó? É uma tara por veludos, tapetes e tome aspirador nos coitados... Enfim, os americanos são exagerados. Pedi um café pequeno e veio um balde! Quente, hot, very hot, o babaca aqui queimou os lábios naquele chá preto que chamam de café.
Vamos ao tema. No segundo dia, já não me perdendo no hotel, entrei no elevador com a minha compradora oficial (mulher) do lado, veio no vácuo um casal: Ela toda arrumada, de botas longas, bolsa de grife, calça jeans mais apertada que salário mínimo, blusa colorida, peito de plástico tamanho GG, rosto maquiado, ou melhor, asfaltado de cremes, brinco de brilhantes estilo cascata do Niágara, cabelo escorrido e comprido ( quase chegando na bota ) e lábios mais vermelhos que o meu ardido do café torturantemente quente, resumo: uma arvore de natal do Bradesco ali no meio do enorme elevador que cabiam umas 500 pessoas! Lembrei-me da lagoa Rodrigo de Freitas em época natalina, sorri. Juro que perdi uns 30 segundos analisando a “peça rara”, da espécie feminino-consumista do BRASIL! Claro, vocês sabem reconhecer uma perua não sabem? Dou a dica: Assoviar e esperar... Gluglu, glugluglu, gluglugluglu... É infalível! Olhei para o parceiro da arvore, o presente de natal: O bicho era baixinho e arrumadinho, sapato novo que brilhava mais que o brinco da patroa, barrigudinho e empinado (aqueles baixinhos com pose de “grande homem”, sabe como é...), calça de vinco, cinto de couro com fivela dourada, camisa social de primeira ordem, blazer azul, bonito mesmo, relógio de ouro, homem de posses, com certeza. Eu voltava do bar e tinha deglutido umas “ beers “ perguntei “ Você é brasileiro? “ A pergunta mais idiota que já fiz, do tipo “ você é padeiro? “ na padaria, ou “ você é lixeiro? “ pro sujeito que vestido de laranja recolhe o lixo na porta de sua casa. Pergunta idiota, feita, não dá prá voltar. Resposta : “ Sou simmmm “ Vocês conhecem o nordeste ? O sotaque do nordestino é arrastado, comprido e meloso. Rebati “de Recife? “ o cabrabaixinho respondeu “ PERTINHO “, de pertinhooo... Maceió... Fizemos os comprimentos e as portas se abriram, pertinho no 17 e eu no 20.
Meus amigos, Pertinho era um herói! No dia seguinte choveu muito e eu tomava um café na lanchonete do lado do hotel, me divertindo com a gringalhada que passava correndo e parava na frente do negão elegante, vendedor de guarda-chuvas. Como os americanos gostam de comprar, o big-black-men tinha belas peças, grandes e pequenas, coloridas, automáticas, uma fartura de modelos e vendia muito. A patroa disse “ Vou comprar ! “ Eu arrematei o único e poderoso não da viagem “ NÃO" , você vai levar no avião essa espingarda ? Ela murchou e entendeu que não cabia na mala aquela “ big umbrella “, aceitou o argumento e ficamos vendo os rápidos e decididos filhos da terra comprando em 5 segundos seus novos protetores de chuva. Veio um judeu ortodoxo com o guarda-chuva todo fudido, meia banda espeto de churrasco e meia banda pano preto; ele quando viu a cena de consumo acelerou, correu segurando o graveto na cabeça, com medo de comprar, 10 dólares é muito caro prá judeu! Chegou Pertinho, nosso visinho, e como todo bom brasileiro empatou a venda no Michael Jordan: Abria um, fechava outro, testava na chuva, voltava, o nosso Litlle men consumiu uns 10 minutos do afro-descendente que, calmo como uma estátua, só revirava os olhos atrás de Pertinho que era rápido como um raio, comprou cinco peças! A patroa gritou “Pertinho levou e eu não vou levar”?”“ Não! " Curto e grosso. Eu estava macho-todo !
Pois bem, Pertinho criou uma crise conjugal. Todas as lojas que eu ia lá estava a porra do Pertinho! Cheio de sacolas, com aquela arvore natalina do lado, ele era bom de braço, carregava umas 20 em cada mão. Out-let, lá vem Pertinho, desconverso a patroa e mudo de rua. Macys, Pertinho de novo... Rapidamente chamo á atenção da patroa para o teto com decorações da loja e acelero como o judeu. Ufa ! Ela não viu...
Só sei que o baixinho fez a festa dele e a minha desgraça. Minha companheira ficava com ódio de mim “ele comprou amor... Posso ? “ “ Não ! " . À noite sofri imaginando pertinho afogado nos enormes seios da companheira em um sexo memorável por cima das sacolas da Louis Vuitton e eu na mão... Amor vamos dar uma “totadinha? “ “ Não ! "
Nunca mais volto á Nova York !
Roberto Solano
sexta-feira, 7 de janeiro de 2011
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Nenhum comentário:
Postar um comentário