O croquis
Um croquis (palavra
francesa eventualmente aportuguesada como croqui ou traduzida como esboço ou rascunho) costuma se caracterizar como um desenho de moda
ou um esboço qualquer.
O croquis sempre foi usado na engenharia como uma forma de
iniciar um pensamento lógico, para em seguida elaborar um projeto. Vamos viajar
no tempo e lembrarmos como o nosso interior era precário (ainda é...) e, de
como chegou à dita “modernidade”. Pois lá, no interior de Pernambuco, início do
século passado, chegou um engenheiro para edificar uma ponte sobre o rio da
cidade, obra que traria grande desenvolvimento com o fácil deslocamento de
cargas e animais. A verba demorou a chegar, mas aportou com a vinda da licença
da obra nas mãos de um nobre engenheiro de paletó e gravata (naqueles tempos os
engenheiros usavam esse traje) que foi recebido com banda de música e uma missa
de ação de graças. O prefeito, após acompanhar lado a lado a celebridade, convidou-o
para um jantar em família (uma chance para apresentar Rosinha que já tinha
seios e precisava “se ajeitar na vida”) comprovando a tradicional hospitalidade
da” terrinha”. O jovem doutor apreciou a galinha de cabidela, o doce de coco
verde e o visual de Rosinha, no final veio o diálogo:
- O senhor doutor engenheiro precisa de alguma providência
para começar os serviços amanhã?
- Senhor prefeito, basta o senhor enviar, bem cedinho, uma “croquis”
da cidade lá no hotel central.
- Pode deixar doutor isso é fácil! Tenha uma boa noite!
E assim foi feito. Às
6 horas da manhã o engenheiro recebeu um recado na porta:
- Doutor, bom dia! Tem um portador do senhor prefeito
esperando o senhor na entrada do hotel, posso mandar subir?
- Sim
E aí chega o rapaz
magrelinho com a encomenda pedida e um cartão: um belo Congris na gaiola, e
bichinho cantava muito, uma belezura; no cartão os dizeres “prezado doutor
engenheiro, esse é o melhor Concris da cidade, cedido pelo compadre
Zeca, espero que o senhor faça bom proveito. Atenciosamente, Tonho- prefeito da
cidade-”.
As coisas são assim
mesmo, o que vale é a intenção e a hospitalidade. Veio-me essa história na
cabeça ao ver no jornal a alegria dos Argentinos em nossa “Playa de Copacabana”,
uma verdadeira invasão! Nós pedimos um croquis de uma Copa do Mundo para fazer
uma bela obra e sagrarmos campeões do mundo, levantando a taça! E agora estamos
recebendo esses passarinhos doidos que gritam sem parar, ciscam, cagam tudo, e
por infelicidade nossa podem ganhar o nosso prêmio. Somos ou não somos
hospitaleiros???
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