terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A importância da porta

A importância da porta

 Estamos na era da acessibilidade, tanto nas comunicações como física. Aviões, trens rápidos, carros velozes, e ônibus lotados em engarrafamentos colossais. Cidades grandes e problemas no “formigueiro humano”. No Brasil a coisa piora: como dividir o mesmo espaço em igualdade de condições? Há um misturador social saudável? Havia a praia do Rio de Janeiro aonde o preto-pobre e o rico dividiam o mar e a areia quente, depois o chope no bar e cada qual seguia seu caminho. O Maracanã lá, altivo, a galera da geral feliz, o povo participando do jogo pelo ingresso barato. Acho que é isso: o barato acabou... Agora o mundo é só dos capazes de adquirir a sua porta, a da casa, do carro, do shopping. A porta é o que separa o pobre do rico ou menos pobre; sempre foi assim desde os Castelos medievais, mas hoje está pior: existe a informação e a violenta mídia direcionando o consumo e o preconceito. Você tem que ser magro, atlético, ter Iphone 5, carro do ano, dólar, viajar para Miami e comprar muito nos shoppings!

 Então vou perguntar: o shopping é um lugar privado, certo? Tem porta também e porque vai aceitar um “povo estranho” fazendo “ rolézinho “ ???? Se você entra no seu carro blindado e fecha a porta, no seu condomínio fechado com restrito controle de entrada, no clube privado, em casa com várias fechaduras, vai aceitar uma “galera” cantando funk no meio do seu adorável passeio no refrigerado shopping? Só tem um jeito: mais portas! Eu quando fui à Paris e tentei entrar na Piaget da Place Vandôme fui barrado... Eu de bermuda e camiseta, o segurança olhou com cara feia e eu insisti na minha entrada com meu Frances macarrônico. Entrei. Lá dentro foram me seguindo até eu sair. Notei que havia outras portas e depois descobri que cada porta adentrada era uma classe de consumidor diferenciada! Cada porta eram milhares de euros a comprar! As tiaras cravejadas de brilhantes ficavam várias portas a frente, sacou? E assim tem que ser.

 Solução para o rolézinho: colocar mais portas nos shoppings, mais olheiros, mais segurança, até o consumidor se sentir constrangido pelo ambiente e se recolher à sua insignificância monetária. O mesmo é no avião! Você tem que aturar 11 horas sentado como uma sardinha em lata para ir para a Europa por 500 dólares, certo? Errado! Pague 3000 e vá de primeira classe, sem fazer rolézinho no corredor, por favor!


 Como diz Luiz Melodia : " Quem pode pode e quem não pode se sacode", " Quem tem tem e quem não tem não se conforma ".

 Abraço,

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