O querer e o poder
Vejo a vida como um rio que corre: “O riacho do navio corre pro Pajeú, o rio Pajeú vai despejar no São Francisco e o rio São Francisco vai bater no meio do mar”. Linda canção que serve para o meu raciocínio. Como diria meu grande professor de matemática, Carneirinho “Se não, vejamos...”
O Rio do querer. Esse nasce desde que você se entende como gente. Amigo da chupeta, de mamãe, dos carinhos, dengos e brincadeiras. Um pouco mais tarde ele cresce e vem com os brinquedos e amores... Aí é que aparece o outro riacho, o do poder! Danado esse encontro da TUA natureza. Lembra o Amazonas com o rio Negro, tão diferentes, brutos se abraçando, levam dias para se misturarem, uma fusão difícil, densidades e cores díspares, rios que se misturam à força.
O Rio do poder. Ele tem a força da inteligência, pode ser domado e aos poucos vai crescendo, na tua competência, no teu trabalho e esforço. Rio pedregoso, duro, tortuoso. Seu nome é trabalho! Atenção: ele vai cruzar com vários outros riachos valiosos, o da sorte, o da beleza. A cachoeira dos amigos! Essa é linda e pode te ajudar a fazer teu rio do poder crescer saudável. Cuidado com a gruta da inveja, vais passar por ela várias vezes, e lá tem morcegos sedentos, falsos amigos, muita dor e decepção... Ele vai seguindo, fazendo curva o danado, te incomodando.
E aí vem o grande encontro dos dois rios: o querer que corre rápido e o poder barrento e cansado, águas tão diferentes... O querer vem limpo e transparente, sabe o que quer, caudaloso, alimentado pelos riachos da ansiedade, da insônia, a queda d'água do amor (perigosa e com linda vista para o vale da felicidade...). Cruza com o açude da decepção, um velho açude barrento, parado e triste, meio podre. E nesse caminho segue seu rumo até o vale da felicidade...
O poder é rio tinhoso, cheio de quedas, curvas, pedras limosas, vegetação, sem peixes grandes, duro rio lento. Ele é o que te dá trabalho, gastas tua engenharia para represá-lo, alimentá-lo, fazê-lo correr para o vale da felicidade...
E é lá que os dois se dão a mão. Querer e poder. No vale da felicidade, lugar lindo! Os rios se juntam, tentam se harmonizar, mistura difícil essa, quase impossível. Em alguns momentos você verá uma água rica em sais minerais, cheia de peixes (cito alguns: Peixe viagem, camarão dinheiro, pitu Paris, lambari Bradesco... Cuidado com o peixe elétrico! Dívida! perigoso mesmo) e embarcações que passam enfeitando todo o conjunto (Barca família, lanchas velozes: filho e filha, Jet-ski amante e outros...)
Nada disso haveria sem a chuva da saúde. A divina, que escorre do céu para alimentar esses rios e riachos. Sem ela tudo seca, vem a dor, morre tudo de fome e sede, sertão, sofrer sem fim... Rezemos por ela todos os dias para nossos rios serem abastecidos, e deles tirarmos a água da vida, regando amores e paixões, plantações de sonhos e desejos...
E no grande final teremos que atingir o oceano, nosso destino. Enfrentar pororocas, ventos, barrancos, procurando aquela ilha longe, bem longe, a ilha paraíso, lá no grande mar salgado e infinito de Deus.
Roberto Solano
terça-feira, 30 de agosto de 2011
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