terça-feira, 26 de abril de 2011

Na praia

Na praia


O calor era abrasante. Jovens, como a minha companheira, não percebem uma tênue linha de gotículas escorrendo rumo ao umbigo, a respiração ajudando. A barriga bem desenhada serve de rampa e leva essa água ao interior do biquíni.
Uma bela fêmea deitada ao Sol, com lábios carnudos e vermelhos, respirava calmamente. Pasmo, me pus a imaginar os segredos escondidos por trás daquela escuridão, entre as coxas. Aquele suor me excitava, a boca começava a secar e o membro avisando: “Estou vivo!”. Limpo a testa dela com um dedo reto e quase paralelo às sobrancelhas, bem rente, como uma brisa. Ela se mexeu um pouco e abriu os olhos, “Amor”. Isso me marcou e eu descobri um desejo vindo forte como as ondas do mar, bem ali, junto, salgado, tentando me atingir. Boca seca, ideias avançando sobre aquele corpo doirado de pelugens finas, quase loiras, por vezes imperceptíveis aos olhos. Deu-se um beijo, não aquele como eu gostaria, mais úmido, e sim um beijo salgado e seco, de línguas iguanas se raspando. O Sol começou a incomodar e a ereção também. O corpo pedia água e a respiração já ia descompassada, quando brotou o cheiro da pele feminina no canto do pescoço. Lambi. Sal e Sol. Precisava de mar. Ela percebeu que o ato se anunciava e apertou meu braço: “Vamos?”. Não houve resposta imediata. A gata, felina e ágil, pulou livre com os seios amaciados e levemente soltos da prisão cruel da parte superior de um biquíni branco-neve. Nesse momento, eu era a presa. Percebi a força do desejo feminino e soberano, sem volta. Ela precisava gastar essa energia, aumentada pelo Sol e empurrada pelo vento.
Sem muita certeza, pensei, “A praia está deserta, há chance... No mar quente e meio parado, nordeste.”.Levanto-me desajeitado, sem meios de andar com o incômodo pau exageradamente duro, marcando na lateral de um calção surrado e velho (melhor assim). Caminho em direção ao oceano, onde minha deusa já escorre o cabelo longo e me olha de braços abertos, “Vem”. Mulher de pouca fala me enlouquece – afirmativa e poderosa no querer, além de poder no jogo do sexo. Um beijo, já molhado, aquático, aconteceu. Ainda que sem coragem, eu queria ter uma experiência de amor livre, tropical, e estava no rumo certo. Ela, em pé, a água pela cintura, me apertou contra o peito, enquanto meu membro roçava em seu delicioso umbigo. Fiquei mais calmo quando percebi uma nuvem que tapava o Sol e trazia a força de uma sombra. Tomei coragem e apertei as nádegas rijas da moça. Então, fugi. Precisava respirar e mergulhei ao lado, na tentativa de não pensar na loucura que já cometia. Como poderei? E se passar um vendedor tardio ou uma senhora descalça? Turistas... Um risco! Não, não posso! E ela veio maldosamente por trás: os mamilos duros como pedra roçando minhas costas queimadas. Com a mão inquieta dentro do meu calção, rápida como uma flecha, mergulhou os dedos nos pelos e segurou firme, como se segura uma arma. A mão fechada em torno do macho, forte, me puxou para baixo. Ela estava louca, sem controle, com o rosto vermelho e boca aberta. Outro beijo, esse mais aquecido e demorado, estelar, céu da boca, cometas. Não largou o pênis, que já se manifestava solto no mar, peixe espada, predador. A nuvem se mantinha firme. Meu corpo, apoiado sobre joelhos na areia, incomodava. Ela fez o que sabia, trouxe a vagina para perto. O ângulo era difícil e uma penetração seria impossível. Ela, inquieta, começou a apertar demais meu membro. Estava firme, certa de que naquela pescaria tinha o peixe na mão e a rede no sexo, e tinha fome.
Fui duro e objetivo, “Você quer?”. Ela mais e mais certa respondeu, “Preciso!”. Isso me marcou, talhou o macho indeciso, feriu o orgulho dantesco de um jovem que não podia fracassar nem morrer na teia da aranha venenosa. “Vire”, disse. O controle era meu e a água, um esconderijo, um lençol quente que nos envolvia. O céu começava a escurecer e a mão corajosa tirou um pequeno triângulo de pano que cobria aquelas montanhas brancas e duras. Ela percebeu a técnica perfeita: inclinou 15º à frente e abraçou meu “mastro” em movimento calmo, mas certeiro. Ardeu um pouco. Confesso que o mar não é o melhor lubrificante, mas ela era uma mulher de fibra e molhos. A coisa foi evoluindo devagar, a meio talo, suave. Minhas mãos já estavam afoitas, percorrendo um seio pequeno e redondo que eu dividia com a linha d’água, olhando sobre um pescoço curvado; cabelos soltos, língua na orelha, eu mordia um pouco. A maré crescia e os movimentos também. Já dominava aquela rede com meu peixe espada se debatendo contra o fluxo daquela vagina apertada e moldada ao meu desejo. A respiração era forte, a boca aberta recebia a incômoda visita do mar. A luta era grande e o peixe se debatia nas paredes da caverna que estreitava mais e mais, enquanto estava em seus últimos momentos. Mordi forte a nuca, abracei a fêmea como um náufrago se agarrando a um tronco – o sexo estava no minuto final. Ela percebeu que a luta estava ganha, então jogou com força o corpo para trás e apertou com unhas finas a minha coxa “Goza, amor!”.
Um choque percorreu meu corpo e senti um tremor nas pernas. Sem forças, fui me desvaindo em meio à água, no fluido canal. Já era mais fácil ir e vir. Mordi o pano do biquíni e me soltei daquela rede de pesca, daquela que trazia o mar em outras formas e sabores, tentáculos. Escureceu.
Vi o mais lindo mergulho do Sol no horizonte e sentia o corpo anestesiado. Ficamos boiando um pouco, de mãos dadas e só o vento nos tocava... Eles sabiam de tudo: Netuno, a nuvem e, talvez, a vendedora do delicioso sorvete de pitanga...


Roberto Solano

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