Piolho ou formiga ?
O velho Ariano
Suasuna conta o “causo” de dois velhinhos que se desentendem por uma besteira,
segue mais ou menos assim:
- Ô homi... Tem um piolho na gola da camisa.
- Muié... É formiga!
- Quem viu fui eu e afirmo que era piolho! (mulher já brava)
- Deixe de besteira, era formiga! (o velho já irritado)
Nisso o “pau quebrou”,
ao ponto que o homem amarrou a mulher e foi descendo o corpo dela, bem devagar,
no poço que tinha no fundo do quintal:
- Muié, diga a verdade sô! Era formiga! Se arrependa!
- Homi, tu pode até me matá, mas que era piolho, isso era
mesmo!
Danou-se tudo...
A água foi subindo e
a mulher irredutível! Piolho, piolho... Até a criatura não poder mais falar,
com a cabeça dentro d”água, mas com as duas mãos prá cima e unha contra unha
fazendo o característico gesto de matar um piolho. Conclusão: Morro, mas não
volto atrás na minha palavra!
Bem, isso é o fato de
nordestino, homem de palavra, de honra. Coisa rara nos dias de hoje. Esse é o
lado bom da coisa o outro é a teimosia. Ô praga! Eu me casei com uma Recifense,
tenho família de pernambucanos e entendo como “a banda toca” por lá. O
nordestino (verdadeiro) é orgulhoso de sua palavra e a cumpre (lado +), mas é
demais de teimoso (lado -). A teimosia mata, como o exemplo do genial Ariano, o
que fazer? Porque os velhos de lá duram tanto? Essa força descomunal de viver
com pouco ou quase nada, vem de que? As amizades eternas e imutáveis são
herança do teimoso, amigo até o fim, mesmo quando o “outro” muda de lado. Disso
o povo do resto do Brasil não vai entender nunca!
É nessa teimosia que
aposto, neste triste momento político de nosso País. Vamos insistir na mudança,
no tema “não vamos desistir do Brasil”. Mudar, sair da mesmice teimosa (esse é
o lado negativo do problema) desses políticos que nada fazem, velhacos em sua
maioria. Muitos deles nordestinos safados! Aproveitadores da palavra única, do
voto fiel, do pobre com o cartão da bolsa família na mão. A praga (o Ebola do
voto comprado) da esmola coletiva entranhada da mente do cidadão, vamos ter que
rEBOLAr muito para mudar isso; mesmo que haja a promessa de não mexer no
vespeiro o voto é da Dona Dilma, por palavra, por honra nordestina. Ou seja:
temos o piolho e a formiga mordendo a urna, uma briga de insetos, na esperança
que algum camaleão político apareça para resolver essa peleja e comê-los com
uma grande língua gosmenta. Cadê ele? Marina sem sal? A viúva sofrida?
Está difícil... Só
sei que se a mesma orquestra que está tocando o nosso país continuar vamos ter
é que ouvir a Marcha fúnebre do Brasil.
choro certo, sem necessidade de ser artisticamente acEBOLAdo...
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