segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Piolho ou formiga ?



Piolho ou formiga ?
 O velho Ariano Suasuna conta o “causo” de dois velhinhos que se desentendem por uma besteira, segue mais ou menos assim:
- Ô homi... Tem um piolho na gola da camisa.
- Muié... É formiga!
- Quem viu fui eu e afirmo que era piolho! (mulher já brava)
- Deixe de besteira, era formiga! (o velho já irritado)
 Nisso o “pau quebrou”, ao ponto que o homem amarrou a mulher e foi descendo o corpo dela, bem devagar, no poço que tinha no fundo do quintal:
- Muié, diga a verdade sô! Era formiga! Se arrependa!
- Homi, tu pode até me matá, mas que era piolho, isso era mesmo!
 Danou-se tudo...
 A água foi subindo e a mulher irredutível! Piolho, piolho... Até a criatura não poder mais falar, com a cabeça dentro d”água, mas com as duas mãos prá cima e unha contra unha fazendo o característico gesto de matar um piolho. Conclusão: Morro, mas não volto atrás na minha palavra!
 Bem, isso é o fato de nordestino, homem de palavra, de honra. Coisa rara nos dias de hoje. Esse é o lado bom da coisa o outro é a teimosia. Ô praga! Eu me casei com uma Recifense, tenho família de pernambucanos e entendo como “a banda toca” por lá. O nordestino (verdadeiro) é orgulhoso de sua palavra e a cumpre (lado +), mas é demais de teimoso (lado -). A teimosia mata, como o exemplo do genial Ariano, o que fazer? Porque os velhos de lá duram tanto? Essa força descomunal de viver com pouco ou quase nada, vem de que? As amizades eternas e imutáveis são herança do teimoso, amigo até o fim, mesmo quando o “outro” muda de lado. Disso o povo do resto do Brasil não vai entender nunca!
 É nessa teimosia que aposto, neste triste momento político de nosso País. Vamos insistir na mudança, no tema “não vamos desistir do Brasil”. Mudar, sair da mesmice teimosa (esse é o lado negativo do problema) desses políticos que nada fazem, velhacos em sua maioria. Muitos deles nordestinos safados! Aproveitadores da palavra única, do voto fiel, do pobre com o cartão da bolsa família na mão. A praga (o Ebola do voto comprado) da esmola coletiva entranhada da mente do cidadão, vamos ter que rEBOLAr muito para mudar isso; mesmo que haja a promessa de não mexer no vespeiro o voto é da Dona Dilma, por palavra, por honra nordestina. Ou seja: temos o piolho e a formiga mordendo a urna, uma briga de insetos, na esperança que algum camaleão político apareça para resolver essa peleja e comê-los com uma grande língua gosmenta. Cadê ele? Marina sem sal? A viúva sofrida?
 Está difícil... Só sei que se a mesma orquestra que está tocando o nosso país continuar vamos ter é que ouvir a Marcha fúnebre do Brasil.


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