Taxi-água
Amigos,
existe na fronteira do Brasil com a Argentina uma cidade chamada Búzios. Eu há
algum tempo não a visitava e pensava que a família Kirchner tinha exterminado
nossos hermanos! Ledo engano! Eles por lá habitam e fazem seus negócios
prosperarem em reais. Existe também por lá lindas praias que podem ser
alcançadas por trilhas (jovens), carros (ricos), veleiros (turistas babacas) e
taxi-água (idiotas como eu!).
Calma
gente, vou explicar como a “coisa funciona” e você, prezado leitor, bem avisado
não vai se decepcionar e ,quem sabe, até aprender a dançar um tango! Vá
preparado com o Kit a seguir:
- Protetor solar (1,5 kg / dia);
- Sandália de dedo (mais dedo que
sandália, pois vais dar topadas mil!).
- Chapéu de palha (uma dúzia);
- Muitos “reales”;
- Cuia de chimarrão;
- Plano de saúde em dia!!!!!
Vamos aos fatos: desculpem-me se
eu adentrar na língua castelhana, pois aprendi um “pouquito” por lá... Dia das Bruxas (sexta-feira)
fui passear pelas bandas de Búzios. Comecei bem: perdi meus óculos de grau...
Isso foi até bom, pois me acalmou para não ver os preços “locales”. Sol, praia
e passeios. Minha mulher com uma dor nas costas e o joelho inchado (ideal para
caminar na Rua das Pedras), eu com dor nos “costados” e uma disposição de não
fraturar de novo meu velho e carente joelho de ex-atleta! Seguimos para pegar o
taxi-agua e encontrar amigos que iam a pé ou de carro, jovens amigos, de
espírito e perseverança, quase ídolos eternos... Chego à beira do cais depois
de passar por mil e uma lojas de artigos praianos e lá vejo a tabela de preços (azeda
R$15,00; Azedinha R$15,00; João Fernandes R$ 20,00...) e fico meio-puto com
meus colegas (já não são mais amigos!) que inventaram de ir para a praia mais
cara! Sacanagem! Ouço o chefe da cooperativa chamar os pilotos do tal taxi-agua
(uma banheira com assentos e um motor atrás):
- Pablo
- Henrique (eles pronunciam
Enrrico)
- Martin!
Chegam
uns negões de óculos escuros que dizem “listo patron”... E seguimos com os
argentinos para a embarcação (Maria Alice), gostei do nome calmo e antevi a
deliciosa experiência em mar aberto com aves marítimas e céu de brigadeiro...
Dia das bruxas pensei com meus botões (aliás, com a sunga mesmo) e seguimos
viagem. O negão estendeu os braços, tal qual um mastro, firmemente na
horizontal, para você se agarrar “naquilo duro” e tentar subir na “
embarcacione “. Partimos em alta velocidade, bem dizer, eu parti, pois o resto
foi ficando pelo caminho: boné, óculos, etc... Minha mulher (uma sábia) foi
quem recolheu pelo ar os meus adereços voadores, parecia àquela brincadeira de
pegar bolinha de sabão na praia... O vento era frio, os óculos começaram a
chorar antes de mim, não via nada e seguia sacudindo. Primeira onda: ai!!!
Segunda onda: Uiiiii !!! Terceira onda e lembrei que meu exame de próstata estava
vencido... Chegamos ao paraíso! Saltamos com dificuldade da nave intermarítima
e encontramos “los portenhos”. As mulheres brancas como neve com os biquines
dos anos 60, os homens vermelhos como os camarões que passavam nas mãos do
vendedor. Meu amigo motorizado já empunhava uma cerveja nas mãos, todo feliz,
sem sofrer muito, estava na sombra desfrutando da paisagem linda. Eu, meio puto
com a minha aventura, fui cair na besteira de pedir uma caipirinha:
- Amigo
- Sin.
- Quanto é a caipiroska
- Solamente “binte” reales
- E a caipirinha?
- Solamente tenemos lá cinquenta
e uno e posso hacer por 52 pesos, que, a La taxa del dia, montã R$ 15
reales, aceptamos dólares sim embargos....
Bem,
eu entendi que Buenos Aires era logo ali atrás dos montes que via na linha do horizonte...
Pertito...Pertito. O outro amigo chegou e bebemos todas! Eu fiz a besteira de
tomar a tal caipirinha de 51 que estava batizada como “La preferida
de Maradona” e entendi logo depois... Voltei com o mesmo negão do braço duro
que, como uma bússola só rodava, não puxava os passageiros para dentro da
banheira motorizada, você que se lixe! A “embarcacione” veio mais rápido que na
ida e eu doidão vi o papa Francesco passando em um taxi-agua-papal, todo de
branco com um sungão que começava no peito e terminava no joelho, santo homem!
Vi golfinhos, albratozes, tartarugas e outros leões marinhos, doidão... A
viatura parou e o negão chamado de Martin avisou “ultima estância” e estendeu
seu mastro (não era o pinto não, o braço duro para apoio lateral) e os
passageiros iam saindo e mergulhando nas águas calmas da enseada... Eu fiquei
por último tentando “mirar” a linha do horizonte, vendo Buenos Aires e o rio da
prata adelante! O negão gritou “avante!” e eu fui, delicadamente, envitado
a me retirar... Lógico que desabei no terreno frouxo que servia de apoio para
jovens e não prá velho bêbado. Caí. Com classe! Sabe aquele salto artístico que
você começa na vertical e roda as pernas em círculo descrevendo um arco
perfeito! Foi lindo! E me estabaquei com uma cadeira de praia na mão e a outra
com La
cartera de mi mulher. O povo gritou! Salvem o camarão! Salvem o camarão
(eu). Minha mulher de pronto disse “La cartera, La cartera”... E eu bebendo
água, glup, glup, glup... Foi lindo e maravilhoso. Levantei, me aprumei e segui
para a rua das pedras... Um lugar plano e agradável para caminar...
Conclusão: Búzios é linda, porém há algo me
diz que os ortopedistas estão ganhando muito dinheiro por lá!
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