O que fazer com minhas fantasias?
Outro carnaval que
começa e meu coração acusa
Fantasias de outrora
vão renascendo na mente cansada
Arlequim, Pierrô,
Pirata da perna de pau...
Mofam no armário da
memória em amores adormecidos
Novo carnaval
desponta no calendário, nos jornais e revistas
Escolas de samba, pernas
que encantam, mulheres espetaculares
Deusas do sexo
encantadas pela música vão fabricar fantasias mil
Amores impossíveis na
quase realidade da cachaça, na mulata do talvez
Hoje procuro minhas
fantasias, da mais simples a mais louca
Como tomar um
saboroso café com Obama e Michelle contando piadas...
Acordar com sono e a
rainha da bateria me servindo ovos com torradas...
Ir ver o mais lindo
nascer do sol suando serpentinas, no calçadão de Copacabana...
O que fazer com
minhas fantasias do passado?
Costurá-las para um
corpo presente que não as aceita mais?
Redesenhar os sonhos
com o lápis da realidade e a borracha do perdão?
Esquecer o bom da
vida, do sonhar livre e solto, para suportar o banho frio da idade?
Que tal rasgar as
fantasias na calçada e subir nu no meio fio?
Gritar o mais alto
gemido de guerra para o mundo imbecil
Contra os ricos que
tolhem e os pobres que calam
Falar de um sonho impossível,
e sempre, do amor irrestrito
Um Cristo nu...
Ou simplesmente beber
até cair para viver um novo mundo?
Um mundo de ilusões
eternas e pequenas grandes alegrias
Sem carnaval e sem
barulhos, um mundo só meu, rodeado de sonhos
Dentre esses sonhos,
em um deles, achar a minha fantasia predileta
Novo mundo, sem
carnaval, sem datas para ser alegre e feliz
Mundo esse que aceita
a alegria sem compromisso de data
Amizades sem
obrigações, sem interesses e só nutrida de perdão
Uma realidade regada
em fantasias, na esperança do carnaval eterno...
“Esse ano não vai ser
igual àquele que passou
Eu não brinquei e
você também não brincou
A minha fantasia de Pierrô
ficou guardada
A sua também ficou
pendurada... “
O que fazer com
minhas fantasias?
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