Robert Fripp
Eu sou um guitarrista e também sou o maior
gato!
Tem um concorrente meu, um tal de Robert
Flippy (Robert Pattinson ) que é mais
chegado às aventuras noturnas, ator de cinema e famoso, dizem que ele é um belo
vampiro e tem uma linda namorada (gata toda!); eu não conheço a gata (ainda!) e
não gosto desses passarinhos disfarçados de Batman. A gata tenho o maior
interesse de conhecer, mas isso será uma próxima aventura, para uma próxima
estória. Vou contar a minha agora para vocês.
Meu pai é um negro gato,
malandro, boêmio e o maior conquistador de gatas. Ele encantou-se pela minha
pacata mãe e nasci. A vida logo não sorriu para mim e fui largado, bem
pequenino, lá na praia da Barra da Tijuca, junto com a “galera” que mora na rua...
Ufa, que saudades de mamãe, a fome apertando e eu comendo resto de tudo( sou
bom de boca! ), comia pão, lambia as pedras do mar ( salgadinhas que só! );
comia, quando dava muita sorte , um pedaço de salsicha de algum compadecido
cliente da Dna Augusta( um quiosque na beira da praia ). Sofria muito com o frio
da noite e ,junto dos meus colegas na pedra,vivíamos a vida de gato de rua.
Acho que o DNA de papai me fez sobreviver, como um bom malandro, eu ia me
esfregando naqueles sapatos e pernas, todo carinhoso buscando um anjo para me
salvar... Ela chegou (que bom que era ela, adoro gatas!) e joguei meu charme
nela e no cabeludo do lado, quando vi estava passeando de carro! Gente, vida de
gato de casa é outra coisa: ganhei colinho, fui num tal de veterinário que
disse que a minha barriga não era de tanquinho e sim de verminhos, muitos... Nada
entendi e deu uma agulhada no meu “forever”, que não doeu quase nada comparado
com as botinadas que levava no mesmo lugar, de gente feia, lá daquela praia já
distante.
Cheguei à minha nova casa, bonita e
decorada com minhas cores (preto e branco): conheci a boa vida e dormi ganhando
carinhos no ar condicionado! A comida
era de gato chique! Ração balanceada para gatinhos! Rica em vitaminas e sais
minerais (só conheço o sal da pedra)! Comecei a comer mais do que cabia na
minha atlética barriga. Só como e cago!Durmo também! Vida de gato adotado é
muito bom! Brinco muito para aumentar a minha fome! Até... Bem, chegou à
verdadeira dona da casa, bonita como o meu anjo, porém brava! Nossa a briga foi
feia, parecia com as confusões dos bêbados no meio da madrugada. No dia
seguinte meu anjo, cabisbaixa, acolheu-me em seus braços e fui novamente
passear de carro rumo á praia... Que tristeza eu sentia, a brisa salgada do mar
e a Dna Augusta ficando cada vez mais perto... Meu Deus! Alegria de pobre dura
pouco mesmo, vou voltar para acabar a minha vida nas pedras da praia como
tantos outros amiguinhos abandonados... Uma curva para a esquerda, outra para
direita e cheguei em uma garagem escura. Pegamos um elevador e uma sala grande
apareceu! Meu anjo chorava muito, meu amigo cabeludo também e eu nada entendia,
até que uma mulher linda como o nascer do Sol lá no deck da praia olhou prá mim
e sorriu. Fomos abraçados por essa generosa senhora de coração maior que o mar
da barra. Choramos juntos! Eu não! Sou gato “de botequim” e sou macho (o
veterinário tocou nas minhas bolinhas! São verdadeiras!), resisti sem chorar. Agora já se faz uma semana de vida nova. Só
não gostei do apelido que um tal de Roberto (meu xará ) me deu: ZÉ ENCRENCA!!!!
Por quê??? Sou tão bonzinho... Será que é porque quero subir na mesa? Não vejo
motivo! A vantagem é que o meu novo lar já teve uma rainha gata, sim! A Mimi. Nossa,
como ela mandava em tudo! Devia ser uma chata mesmo! A dona da casa a deixava
subir na mesa de trabalho dela, mexia em tudo e ainda dormia no melhor quarto
da casa! Dizem que tomava sopinha todos os dias e nos domingos dividia um
galeto com o dono da casa. Vida de rainha é outra coisa. Por mim basta dividir
um cachorro quente lá da Dna Augusta que já estou feliz! Sou um gato pobre e de
poucas ambições, porém com muito amor para dar. Um sortudo que nesse mundo
infeliz de tantos gatinhos abandonados tirei a sorte grande! Vou fazer o melhor
possível para alegrar a casa e agradecer com muito carinho aquela mulher
iluminada de tanto amor que fez as lágrimas de meu anjo, como num passe de
mágica, transformarem no meu novo lar.
Assinado
Robert Fripp,
vulgo Zé Encrenca
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