domingo, 16 de dezembro de 2012




Robert Fripp

      Eu sou um guitarrista e também sou o maior gato! 

       Tem um concorrente meu, um tal de Robert  Flippy (Robert Pattinson ) que é mais chegado às aventuras noturnas, ator de cinema e famoso, dizem que ele é um belo vampiro e tem uma linda namorada (gata toda!); eu não conheço a gata (ainda!) e não gosto desses passarinhos disfarçados de Batman. A gata tenho o maior interesse de conhecer, mas isso será uma próxima aventura, para uma próxima estória. Vou contar a minha agora para vocês.

       Meu pai é um negro gato, malandro, boêmio e o maior conquistador de gatas. Ele encantou-se pela minha pacata mãe e nasci. A vida logo não sorriu para mim e fui largado, bem pequenino, lá na praia da Barra da Tijuca, junto com a “galera” que mora na rua... Ufa, que saudades de mamãe, a fome apertando e eu comendo resto de tudo( sou bom de boca! ), comia pão, lambia as pedras do mar ( salgadinhas que só! ); comia, quando dava muita sorte , um pedaço de salsicha de algum compadecido cliente da Dna Augusta( um quiosque na beira da praia ). Sofria muito com o frio da noite e ,junto dos meus colegas na pedra,vivíamos a vida de gato de rua. Acho que o DNA de papai me fez sobreviver, como um bom malandro, eu ia me esfregando naqueles sapatos e pernas, todo carinhoso buscando um anjo para me salvar... Ela chegou (que bom que era ela, adoro gatas!) e joguei meu charme nela e no cabeludo do lado, quando vi estava passeando de carro! Gente, vida de gato de casa é outra coisa: ganhei colinho, fui num tal de veterinário que disse que a minha barriga não era de tanquinho e sim de verminhos, muitos... Nada entendi e deu uma agulhada no meu “forever”, que não doeu quase nada comparado com as botinadas que levava no mesmo lugar, de gente feia, lá daquela praia já distante.

         Cheguei à minha nova casa, bonita e decorada com minhas cores (preto e branco): conheci a boa vida e dormi ganhando carinhos no ar condicionado!  A comida era de gato chique! Ração balanceada para gatinhos! Rica em vitaminas e sais minerais (só conheço o sal da pedra)! Comecei a comer mais do que cabia na minha atlética barriga. Só como e cago!Durmo também! Vida de gato adotado é muito bom! Brinco muito para aumentar a minha fome! Até... Bem, chegou à verdadeira dona da casa, bonita como o meu anjo, porém brava! Nossa a briga foi feia, parecia com as confusões dos bêbados no meio da madrugada. No dia seguinte meu anjo, cabisbaixa, acolheu-me em seus braços e fui novamente passear de carro rumo á praia... Que tristeza eu sentia, a brisa salgada do mar e a Dna Augusta ficando cada vez mais perto... Meu Deus! Alegria de pobre dura pouco mesmo, vou voltar para acabar a minha vida nas pedras da praia como tantos outros amiguinhos abandonados... Uma curva para a esquerda, outra para direita e cheguei em uma garagem escura. Pegamos um elevador e uma sala grande apareceu! Meu anjo chorava muito, meu amigo cabeludo também e eu nada entendia, até que uma mulher linda como o nascer do Sol lá no deck da praia olhou prá mim e sorriu. Fomos abraçados por essa generosa senhora de coração maior que o mar da barra. Choramos juntos! Eu não! Sou gato “de botequim” e sou macho (o veterinário tocou nas minhas bolinhas! São verdadeiras!), resisti sem chorar.  Agora já se faz uma semana de vida nova. Só não gostei do apelido que um tal de Roberto (meu xará ) me deu: ZÉ ENCRENCA!!!! Por quê??? Sou tão bonzinho... Será que é porque quero subir na mesa? Não vejo motivo! A vantagem é que o meu novo lar já teve uma rainha gata, sim! A Mimi. Nossa, como ela mandava em tudo! Devia ser uma chata mesmo! A dona da casa a deixava subir na mesa de trabalho dela, mexia em tudo e ainda dormia no melhor quarto da casa! Dizem que tomava sopinha todos os dias e nos domingos dividia um galeto com o dono da casa. Vida de rainha é outra coisa. Por mim basta dividir um cachorro quente lá da Dna Augusta que já estou feliz! Sou um gato pobre e de poucas ambições, porém com muito amor para dar. Um sortudo que nesse mundo infeliz de tantos gatinhos abandonados tirei a sorte grande! Vou fazer o melhor possível para alegrar a casa e agradecer com muito carinho aquela mulher iluminada de tanto amor que fez as lágrimas de meu anjo, como num passe de mágica, transformarem no meu novo lar.

 Assinado

 Robert  Fripp, vulgo Zé Encrenca

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