sábado, 30 de dezembro de 2023

O telefonema

 O telefonema


O telefone era feio, preto, imóvel

Acorrentado à parede, escravo da família

Tinha personalidade, por vezes não funcionava

Não havia nudes, e sim mudes 


No amor era o elo mais forte

"Liga pra mim", o pedido

" Te ligo amanhã", a promessa

O toque rude: " trimmmm, trimmmm"

O coração disparado 


O amor não sobrevive sem a ligação

Época de poucos beijos e muitas palavras


Esperar o telefonema era castigo

Ser rápido no atender

Ter a voz mais doce

Não chorar


Hoje não há espera, não há emoção

O telefone simplesmente morreu

E a jura de amor eterno padeceu

O celular nasceu


Roberto Solano Novaes



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