Foi um rio que passou em minha vida...
“Foi um rio que passou em minha vida e meu coração se deixou
levar”, ai Paulinho da Viola, ai que saudades do Rio de Janeiro que vivi e não
vejo mais. O samba, o esporte, a praia, a mistura deles todos: alegria. Rio de
Janeiro é o carimbo no passaporte da alegria, era... Agora vivemos em uma
cidade sem identidade, sendo esburacada e modificada, querendo ser moderna com
seus atributos femininos, suas curvas, sua beleza quase infinita; pergunto:
será que essa bela mulher vai se adaptar a essa cirurgia plástica? Vamos poder
desfrutar dos seus encantos escondidos e ir e vir pelo seu corpo na calada da noite?
Não creio. O Rio de Janeiro é um caso perdido! Estamos no caminho errado,
compramos a receita americana de colocar carros nas ruas e fingir segurança,
fechar os vidros blindados e morar nos condomínios fechados, em que poucos
podem. Fica lá o morro como referência da cultura popular e das pessoas
humildes, só no samba lembramos dele, no carnaval vamos aplaudir seus nobres
moradores. E a periferia? São horas perdidas em latas de sardinhas móveis, que
lentamente carregam a mão de obra trabalhadora que sonha com um carro e acorda
em um metrô lotado, sem vida feliz. Vamos reciclar nossa visão da cidade? Vamos
andar mais a pé e de bicicleta? Curtir a natureza e relaxar com a vista
encantadora da lagoa Rodrigo de Freitas? Que tal o aterro do Flamengo? A nova
ciclovia que vai percorrer o costão da av. Niemayer... Seremos uma nova
Amsterdam com muito mais charme! Não! Infelizmente não!
E agora? Cadê o Rio
de Janeiro? Vai ficar pronto para as Olimpíadas? Vai ser um orgulho nacional?
Exemplo de eficiência e segurança pública? Hospitais funcionando bem, tudo
pronto para receber os esfaqueados, baleados e espancados. Tudo
maravilhosamente resolvido!
Viva! Sejamos
otimistas e felizes, o Rio de Janeiro não acabou, só não será o mesmo! O que
nos resta é ouvir uma boa música do Tom Jobim e lembrar do tempo em que se
podia contar piada no botequim da esquina, fazer uma fezinha no jogo do bicho e
torcer no maracanã sem temer o próximo. Ser feliz por morar na cidade
maravilhosa, eu era tão feliz e não sabia...
Com licença do Grande Otelo,
ResponderExcluirquem morou, morou...
(JL)