sábado, 9 de junho de 2012

Chuva no Rio


 Chuva no Rio

 Estava tudo normal: mês de maio, sol, dias claros e um céu azul deslumbrante. A felicidade batendo na janela nas manhãs frias e límpidas. Um calor suportávelmente agradável que até incomoda! O mar com humor variável, de ondas mais atrevidas e outros momentos de paz, assim seguia a cidade maravilhosa até vir a frente fria invasora.
 Sim, existe a guerra com tempos frios. O carioca não entende de chuva e frio: não somos paulistas e tememos as nuvens, com motivos mil! No verão o mundo se desfaz em dor, sob ondas de calor e chuvas torrenciais, poderosas, derrubando casas e morros, pavor sentimos.
 Chegou o feriado de Corpus Christi e veio do céu o vento varrendo calçadas, uivando e derrubando folhas. Logo depois a chuva fina e feia, constante, fria e mal educada. Uma sombra cobre os morros e belezas da cidade maravilhosa que ficam escondidas sob esse manto cinza. Feio. Muito feio não ver as curvas da linda mulher vestida. Ela vinha sempre linda, dourada de sol, pernas compridas, seios dois-irmãos e peitos maracanãs, seminua em biquínis da moda. Mulher cidade, cheia de segredos e calores íntimos, túneis, florestas e águas. Fêmea por natureza, de curvas perfeitas, linda e nua, clara, banhada de sol e mar, salgada.
 Agora já é Sábado e o castigo continua. Chuva e vento sem piedade. O povo se assusta na falta de um manual de instrução: como viver na chuva! Estamos apavorados!!! Já liguei para um amigo paulista e ouvi uma voz tranqüila de quem sofre há muito dessa tristeza. Ele gosta de carros, cinema, teatro, shows e roupas caras. Tem até galocha! Usa capa de chuva e diz que tem uma “ puta mãe”! Vocês sabem o que é isso? Paga tudo com “pau” e me chama de “meu”. Carinhoso e amigão! Quando vem para o Rio exibe suas gordurinhas e as celulites da patroa, estranha a piscina grande e salgada com areia. Gosta e muito de caipirinha com churrasco. Foge do sol...
 Ele me deu conselhos de paulista, tentou me levar para Campos do Jordão, acalmou minha impaciência com os quilométricos engarrafamentos e disse que um dia eu vou morar em Sampa! SOCORRO!!!! Amigo é assim, conforta mas não resolve o problema.
 Liguei de pronto para Recife. Ali temos tudo de bom: calor, sol e alegria. Recebi conselhos nordestinos de plantar e agradecer aos céus a chuva. Desliguei. Fico com a minha tristeza de viver quatro dias de frio e chuva sabendo que “Ele” vai, lá de cima, fechar a torneira. O Cristo Redentor tem que tomar banho não é mesmo? E banho frio! Ele sofre muito com o sol do dia-a-dia, tadinho...
 Amanhã vai dar sol (espero) e os cariocas vão voltar a sorrir e brincar com a vida. É o que somos: alegres, desde que haja sol amigos, sem vento, muita mulher bonita e chope na praia, futebol e descompromisso. Sim, sem esquecer de sacanear os paulistas, é claro! Faz parte!

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