sábado, 10 de julho de 2010

Meus Parabéns

Meus Parabéns



Nascido em 09 de julho de 1954, um menino clarinho, com Mãe extremosa veio conhecer esse mundo. Os irmãos foram sempre a minha referência maior, na irmã o tudo que aprendi de paciência e candura, fortaleza, luz. Meu irmão me brindou com seu jeito único de ver o mundo em formas, desenhos, inteligência, dividimos amigos e juventude, nunca juntos diretamente, mas no aprender. A mãe foi o tudo que se possa querer de amor, e gostava de todos sem maiores preferências, uma escola viva de psicologia. O Pai, sim, esse era diferente, em sua visão além tempo, genial e desenvolveu a arte de ser Deus (eleição direta, voto único, dele mesmo!).

Cresci em família rica de orgulhos e tradições, tios funcionários públicos e políticos, uma avó matriarca e poderosa, no lado paterno. Do outro lado, fiquei afastado, moravam em recife e poucos vi. Fui diferente: gostava de carrinhos, de dá-los também aos amigos; de música e de ficar elegante ! Na escola... Um problema, não me concentrava e não sei como foram me empurrando até o São Bento, colégio maior. Minha mãe deu um jeito do menino sair da escola pública e passar no exame de admissão no afamado colégio, ela era amiga do Reitor, da cozinheira, da copeira, do faxineiro do internato. Uma providencial garrafa de um bom vinho fez o coração beneditino se partir, e lá fui eu jogar bola no São Bento. O time era de primeira. No gol o querido José Luiz (o aranha negra), goleiraço nas vestimentas, na função nem tanto; Carneirinho na defesa, um tanque de guerra sem rumo e sem freios, Marcelinho na ponta direita e o famoso Ricardinho, o nosso Robinho. Estudar não era meu forte, mas jogar bola sim! As peladas com chapinha de grapette, bola de meia, até o sonho maior de jogar no campão. Os mais velhos eram donos do campão e vez por outra um pequenino, que chegava cedo ou tinha irmão mais velho era “convocado”, a chance maior! Eu ficava no “campinho” dando meus dribles desconcertantes nos adversários também desconcertantes. Veio o medo de apanhar dos maiores, vi um baixinho botar bronca e dizer “o campo é nosso, chegamos primeiro!” e vi a morte. O grandalhão veio como um gigante esmagar o insano inimigo. Vi,podem ter certeza, o meu amigo Luiz derrubar o poste em segundos, montar na barriga do inimigo e perguntar, “vamos continuar o futebol ou queres apanhar?”. Beleza de pelada e o melhor amigo ali conquistei.

Fui tímido com as meninas, criado no meio do mato, vendo as revistas que meu Pai colecionava, vi Brigite Bardot Nua !!!! Meu coração disparou! Amo a França até hoje, ali começou a paixão, que mulher! Na vida real fui parar em Ipanema, nos anos 70, tudo louco, doido mesmo, no Píer conheci as drogas, as loucuras, mas como bom atleta armei uma rede de vôlei. Sim. O máximo da glória era ter uma rede de vôlei em Ipanema, Eu, Luiz e Aluizinho organizamos. Dali se via o mar de cima, as meninas passando, as curvas do Rio, o morro Dois irmãos, o poder juvenil sobre o mundo! Não tínhamos grana, mas uma rede de vôlei! O topo do poder, um corpo jovem, a cabeça solta, na Ipanema dos sonhos. Fui vivendo nas festas da Tijuca, Santa Tereza, lá Eu era o Rei! Morador de Ipanema com rede de vôlei! Assim comi algumas meninas. Os artistas começaram pelas festas da casa de meu Pai, no Alto da Boa Vista, tinha de tudo, da jovem guarda (Vanuza lá aprendeu a cantar o hino Nacional!), até aquele “neguinho que tocava na grama” Luis Melodia.

Carnaval, Recife, primos loucos, minha mulher e companheira de até hoje e sempre. A PUC, a engenharia e vida prá tocar. Um filho lindo, com quem gastei minha imaginação, meu sobrinho Dédé, e mais amigos. Hoje aprendi que as melhores vitórias foram as das guerras que NÃO ganhei. Fico aqui mais velho, gasto, mas bem gasto mesmo, com orgulho. Devo tudo a minha capacidade de aderência e observação, boa memória visual, ao São Bento e aos Pais que passaram cultura e permitiram que as loucuras das “modernidades” entrassem na nossa casa, com os malucos também! Sim, os poetas, músicos, esses me encantam! Tive chance de conviver cm eles e aprendi muito. Com os loucos a pós-graduação! Na família tem vários, diferentes patologias, bons aprendizados.

Hoje, vou me dar PARABÉNS! Você chegou ao que querias, sem muita capacidade e inteligência, viveu copiando, uma grande máquina de Xerox, imitando, mas avançando. Fique mais velho, meu Eu, tente aprender mais, com doçura, grite menos, ofenda pouco, e fala menos ainda! Meu sonho é ficar mudo, pois surdo já estou.



Roberto Solano.

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