Quando o meu jeito torto de ser encontrou sua retidão absoluta
Um susto! Como ser tão certa no caminho tão torto?
Foi então que entendi o meu destino
E aí se deu a mais valorosa separação
Na vida o mais importante é o desejo, é o oxigênio das realizações. a imagem de colher a flor sempre me marcou. A flor é, e deve ser, sempre intocável, linda e viva. Sempre amei as Camélias, elas me ensinaram que a sensibilidade é algo para ser sentido e perseguido a todo momento. Não colha a flor, alimente-a, regue, reze por ela, deseje-a, faça disso uma regra, e se possível use-a para os homens!
Quando o meu jeito torto de ser encontrou sua retidão absoluta
Um susto! Como ser tão certa no caminho tão torto?
Foi então que entendi o meu destino
E aí se deu a mais valorosa separação
A engenharia da amizade
A amizade começa na arquitetura do amor
Em curvas de Admiração
A fachada transparente
Sempre virada pro sol da confiança
A estrutura da amizade tem uma fundação sólida
O abraço
Os pilares são robustos feitos de
Atenção
As lajes são firmes, planas e plenas de confidências
O telhado metálico, forte, resiste às tempestades
A localização é privilegiada: teu coração
Os maiores tesouros não têm preço
Não estão à venda
Uma pedra escolhida na praia
A folha que dançante caiu
A caneta tinteiro do avô
O solitário da vovó
Talvez um amor impossível
Quem sabe o desejo de voar
Tesouros sem preço são melhores
O dinheiro não pode comprar
Valorize-os
Meu pai era um pavão (outra ave) e gostava de ser diferente, além de dar opiniões e aparecer. Como um engenheiro de grande valia ele foi trabalhar na construção de Brasília. Lá, em terras áridas do planalto central a ema (ave dessa crônica) era abundante, uma graciosa criatura que encantou o engenheiro; veio a ideia de levar um filhote de ema para o Rio de Janeiro e fazer sucesso com o novo animal de estimação. Belo dia ele adentrou sua casa com o filhote nas mãos e entregou aos cuidados de minha mãe, que o adotou com carinho e dedicação. A boa esposa ofereceu milho, papa de farinha, frutas diversas e nada... A pequena ave não comia nada. O tempo passava e a agonia de ver a morte anunciada se instalou. Meu pai foi consultar um veterinário para saber o motivo da inapetência do animal, o médico disse: filhote de ema só come mosca! Ora, por que? Perguntou meu pai. Resposta: a ave mãe choca seus ovos e, na proximidade da eclosão dos mesmos, ela fura com seu bico um deles. Pronto, quando os pequeninos nascem o "ovo irmão" já está podre e as moscas são alvo fácil para alimentar os habitantes do ninho.
A natureza é criativa e, por vezes, cruel; assim papai viu seu sonho desabar no fracasso quando chegou com a nova receita alimentar em casa: a ema morreu!
Roberto Solano
O arco
Devorador de sonhos
Ele pouco se alimenta, magro
Ele devora sonhos, visionário
Ele não se atenta à realidade
Ele prefere voar em pensamentos
A impossibilidade não existe
Só a imaginação traz a satisfação
Só a neve do deserto escaldante
Só um boi voando interessa
No mundo, sem sonho, nada presta
Vovô Euler
Leonhard Paul Euler, vovô Euler, ou Leozinho para os íntimos, avô da temível Flambagem, prima de Compressão, Tração e Torção. Vovô Euler era pacato, gentil e estudioso, um dia ele escorregou e viu sua perna esquerda, fina como um graveto, flambar. Uma experiência sensorial de muita dor que levou o vovô a ficar de cama um bom tempo... Vovô Euler não era qualquer um e, após várias anotações, descobriu a fórmula matemática da flambagem olhando para sua mulher gorda e baixinha pensando "essa aí nunca vai flambar", vovó nunca soube disso, se soubesse o vovô teria as duas pernas quebradas por cisalhamento! Vovô Euler cuidou da netinha flambagem com muito carinho, sempre orientando os engenheiros do perigo que é conviver com essa menina trelosa... Vovô Euler era um arretado, devemos muito à ele, já a netinha...
Uma prima chamada Flambagem