sexta-feira, 31 de janeiro de 2025
O estagiário
quinta-feira, 30 de janeiro de 2025
A sondagem e o sonho
quarta-feira, 29 de janeiro de 2025
FCK
FCK
FCK é um sujeito chato por natureza, filho de pedreiro e cozinheira. A mãe adorava Roberto Carlos, o pai só ouvia Luiz Gonzaga, era pra se chamar Roberto Carlos, mas, no batizado o pai bateu o pé e disse " F... o Roberto Carlos, karaii", o padre, meio surdo entendeu Fernando Carlos Karaii, assim ficou.
FCK foi criado dentro de canteiro de obras, nas mãos do pai, de padiola em padiola, no tradicional 1:2:3, e tudo dava certo. O tempo passou e o concreto começa a sofrer transformações, a receber aditivos, uma mistura diabólica que nem a sua mãe (cozinheira de primeira) sabia decifrar, e FCK foi parar no laboratório. Tantos testes e comentários "FCK está bom, pode desformar", " FCK abaixo do esperado, vamos ter que fazer outros testes", " FCK ruim, vamos ter que reforçar". FCK passou a ficar famoso em todas as obras, um verdadeiro superstar! Mas, continua sendo um sujeito complicado e de gênio difícil. Até hoje o pai dele só acredita no 1:2:3 e diz: "depois que meu filho entrou para o mundo das drogas ele não é mais confiável", pai é pai, não é? Como está teu FCK?
segunda-feira, 27 de janeiro de 2025
Doido manso
Doido manso
O doido é pra ser respeitado e, por vezes, admirado. Eles são tantos e são gente como a gente; o mais perigoso é o doido encravado: é doido por dentro e manso por fora, cuidado! Como identificar um doido? O mais fácil é ser amigo de vários doidos e, com isso, identificar outros doidos. Tem gente que já nasce com para raio de doido, e assim, os conhece de longe; mas isso é raro, o ideal é você ser amigo dos doidos e com eles aprender as "maluquices". O doido alegre é agradável, o disperso é o mais triste de se ver, o que joga pedras um terror. Fique sempre atento em observar, identificar e saber lidar com os doidos, inclusive com você mesmo.
domingo, 26 de janeiro de 2025
Pegada na areia
Pegada na areia
A vida é a pegada na areia da praia
Não importa quando o mar vai devorar
Deglutindo os segundos em cada passo
Respirando as gaivotas afoitas do céu
Sigo esses passos para onde? Não sei
Só sei que a pegada é minha identidade
E
Essa gaivota está assinando meu nome
No nada
sábado, 25 de janeiro de 2025
No tropeço do passo
No tropeço do passo fui te avistar
O susto, de imediato, virou paixão
Do nada, sem motivo, sem razão
Os olhos que me ampararam sorriam
O real não importava, só o deslumbre valia
Tuas mãos me ampararam
As palavras brotaram
" Você está bem?"
Claro que não!
Ali perdi meu coração
Conversa com o meu medo
Conversa com meu medo
Eu consegui encostar meu medo na parede do consultório do psicanalista e a conversa aconteceu:
Eu - porque você nunca avisa quando vai chegar?
Medo - se avisar não tem graça
Eu - como posso fazer pra me controlar quando você chegar?
Medo - se controlar eu deixo de ser o medo e você vai estar com meu irmão coragem (já foi novela no passado)
Eu - como me defender de você?
Medo - Rivotril, reza forte e fraldas
Eu - e qual o conselho pra quem não se controla quando te vê?
Medo - gritar é banal demais, pedir socorro pode dar certo, rezar normalmente não dá tempo. O melhor mesmo é tentar me ignorar e, com muito carinho, correr.
sexta-feira, 24 de janeiro de 2025
O traço morreu
O traço morreu
O traço morreu
O lápis chora
A caneta implora:
Volta! Volta!
O celular nem olha
E as palavras ele devora
quarta-feira, 22 de janeiro de 2025
Eu não sei dançar
Eu não sei dançar e você me chama
Não sei nadar e você mergulha no mar
Minha música não toco e seu violão é magistral
Mal frito um ovo e você é chef de cozinha
Pra me maltratar você é capaz de Renoir pintar
Só sei te amar, isso me basta
segunda-feira, 20 de janeiro de 2025
sexta-feira, 17 de janeiro de 2025
Radier
Radier
Sou espaçoso por natureza
E também esparramado...
Sobre o chão suporto tudo
Esse nome de roqueiro, essa fama, me agrada
Mas, o que eu queria mesmo era ser navio
quinta-feira, 16 de janeiro de 2025
Racional e Emocional
Racional e Emocional
Racional era o filho que toda mãe queria ter: bonito, inteligente, estudioso e perfeccionista; Racional era bom em tudo que fazia, um menino de ouro! (A avó dizia sempre), um amor (a mãe falava pra todo mundo). Emocional era a garota mais linda e doida do bairro: vivia na rua, praia, baladas, amores. Sim, amores mil, ela se apaixonava por todos, mas também sofria, muito sentimental e emocional.
Belo dia, na academia, Racional viu ela, linda com seu top vermelho e short branco, cabelos soltos, suando na esteira: uma visão! Nesse dia Racional não conseguiu pensar em nada, só na bunda dela, loucura total. Ela notou que o rapaz de seus sonhos chegava mais perto e olhava mais do que o normal, e pensou no seu pedido pra Papai Noel: um amor de verdade. Agora a cena muda para o bar do Zeca, famoso na cidade, o papo lá aconteceu, de lá a carona até a casa dela, os beijos apimentados e um amor impossível começou. Encurtando a história, alguém já viu um Racional viver bem com uma Emocional? Se já viram, mandem cartas para a redação.
Corpo de prova
Corpo de prova
Sou um corpo de prova, nasci pra sofrer
Me levam pra obra e de lá me sequestram!
Meus amigos vão servir e virar pilar, viga e laje
Eu, tudo eu, fico pra morrer esmagado
Não gostam de mim!
Nem em uma laje de alívio me dão descanso
Sofro muito, mas dizem que represento os outros
Boi de piranha, isso sim!
Corpo de prova não tem alma, se tivesse, entrava no céu.
terça-feira, 14 de janeiro de 2025
Inútil
Inútil
Inútil como a chuva no mar
Vento no deserto vazio
Promessa de adolescente
Choro de menino pobre
Ser preto com alma de branco
Ser branco sem alma
Rezar sem fé
Amar sem amizade
Amizade sem amor
Concreto magro
Concreto magro
Sou concreto magro, desprezado
Me fizeram nascer magro por maldade
Pouco cimento, muita água, fome
Sou lançado no chão ou para tapar buraco
Sou desprezado, mas as sapatas me amam
Meu melhor amigo é moreninho, solo cimento
Vou me despedir de você e pedir
Não se esqueça de mim
Se sou magro a culpa é sua, engenheiro pão duro
sábado, 11 de janeiro de 2025
Felicidade boba
Felicidade boba
Hoje bateu uma felicidade boba
Aquela que chega sem avisar, sem motivo
Olhando o céu azul, sorri
Mexi o dedão do pé, ri
Me vi no espelho, gargalhei
Tudo está no lugar
Tudo certo como 2 e 2 são 5
Agora agradeço às químicas internas
Às adrenalinas
Ao Santo da felicidade (existe?)
Obrigado senhor! Mãos ao alto
Ser feliz é possível, do nada, sem nada
Amém
sexta-feira, 10 de janeiro de 2025
O derrotado
O derrotado não vê a vitória nos olhos do oponente
Nem mesmo crê na glória alheia
Na sua boca o amargor do sangue estimula
A vontade de brigar novamente
De saciar a sede de vingança
De, quem sabe, morrer abraçado à vitória
Ou viver, totalmente leso, sem lembrar
Da derrota
A sorte e azar
O que a sorte não me deu o azar devolveu
Prefiro a amizade do azar que o azar da sorte
A sorte é engano, o azar um cigano
Quero ter sorte no azar e sofrer menos
Navegar na procela sem medo do azar
Voar sem pensar no azar nem na sorte
Viver feliz com sorte ou sem
Saber conviver com o azar sem deixar de amar, platonicamente
A sorte
quinta-feira, 9 de janeiro de 2025
Garimpando palavras
Garimpando palavras
Garimpando palavras para pôr
no verso
Achei: ardor, amante, amor
E mais: calor, paixão e deslumbramento
Cavucando: sabor, mel, doçura
Lá no fundo, escondida: decepção
Parei de garimpar e resolvi chorar
Pois não sei versar
quarta-feira, 8 de janeiro de 2025
Chuva de verão
Hoje ela veio
Com força e vento
Sem pedir licença
Como um murro na mesa
Caiu do céu desbravando nuvens
Sem compromisso
Só pra avisar o verão
Pra dizer: eu sou chuva
De verão
Falando pra dentro
Falando pra dentro
Eu falo pra dentro, engulindo as palavras
Eu me alimento delas e pensamentos
Sou um mudo para o mundo
Sou um mundo pra mim mesmo
Raramente vomito palavras de ódio
Sempre no escuro do meu quarto
Ou no frio do banho gelado
Também saboreio frases de amor
Devoro poesias com classe e alegria
Bandeira, Pessoa, Vinícius, delícias!
Assim vou falando com minh'alma
E calando com o mundo
segunda-feira, 6 de janeiro de 2025
Abraçando árvore
Abraçando árvore
Aprendi a abraçar uma árvore sozinho
Era uma tarde quente e na sombra dela fiquei
Ao levantar, agradeci com um abraço
Então senti algo diferente, um indescritível torpor
Sensação de esverdear por dentro
De ser leve como folha
De ter seiva nas veias
De me fincar no solo
Como ela
sábado, 4 de janeiro de 2025
Refletindo
Refletindo
" Compreender a marcha e ir tocando em frente"
Talvez o maior desafio da vida seja compreender a marcha, os espinhos do caminho, as alegrias dispersas, a vida em eterna mutação: aceitar o novo sem revolta e seguir em frente.
"Ando devagar porque já tive pressa e levo esse sorriso pois já chorei demais"
Essa frase é o carimbo da maturidade, da capacidade de aceitar o destino e driblar as augurias, trocar lágrimas por sorriso é o ápice da felicidade.
"É preciso amor pra poder pulsar"
O ser humano tem sentimentos, nosso diferencial na terra, o algo mais para resistir e viver, o oxigênio extra da vida: o amor
"Como um velho boiadeiro eu vou levando os dias nessa longa estrada"
É a forma mais inteligente e eficiente de viver, não questionar a existência, seguir, sem muito se preocupar, simples assim.
" Conhecer as manhas e as manhãs "
Se auto conhecer para entender o outro e suas ações, ver que cada novo dia pode trazer vida nova, esperança para viver.
" Todo mundo ama, todo mundo chora, um dia a gente chega e no outro vai embora "
O resumo da epopéia vida em única frase, genial.
sexta-feira, 3 de janeiro de 2025
Maricota está apaixonada
Maricota está apaixonada
Deixei maricota na varanda, um belo dia de manhã de sol, no dia seguinte procurei por ela e não a encontrei. Chorei. Dia seguinte o porteiro me avisou "ela fugiu com um gari"... Eu fiquei puto! Ingrata, me trocou por outro... Na semana seguinte a carta chegou:
Meu querido ex companheiro
Estou apaixonada, não adianta tentar mudar o meu destino pois o amor é mais forte! O cupido demorou a acertar sua flecha no meu "corpinho magro" mas meu dia chegou: ele é forte, braços de remador, coxas de jogador de futebol, dos bons! Sabe mexer com uma vassoura 🧹 como ninguém, eu caí de amores, estou feliz da vida! Não gosto muito daquela roupa amarela que ele usa, mas nem tudo é perfeito. No réveillon me levou pra ver os fogos em Copacabana, que lindo! Ficamos juntos de noite e trabalhando até o romper do dia para deixar a praia limpa. Você nunca nem me tirou de casa, seu velho frouxo e chorão! Agora é vida nova, no carnaval vou sambar na avenida, já estou pensando na minha fantasia, vou arrebentar!
Sem mais para o momento, me despeço sem rancor e sem saudades
Perdeu Playboy
Necessário e Suficiente
Necessário é um sujeito difícil: tudo pra ele é necessário, não perdoa os esquecimentos e a preguiça, rígido como um sargento, duro como um reitor de colégio interno. Seu irmão mais novo, o Suficiente, é mais controlado, os dois juntos fazem a dupla "Necessário e Suficiente", inquestionáveis! Costumam frequentar os professores e médicos, que adoram a companhia da dupla, são odiados pelos irresponsáveis e artistas, os que não estão nem aí, esses gostam mesmo é da dupla sertaneja " Deixa pra lá e Não esquenta", aliás , um sucesso absoluto no Brasil.
Depois de Amanhã
Depois se casou com Amanhã, nasceu Depois de amanhã, um garoto que adiava (odiava também) tudo: na escola ficava pra 2a época e faltava as provas; Depois, seu pai ficava com raiva mas só resolvia depois, ou seja, nunca. Amanhã era mulher de esperança à flor da pele e acreditava que Depois de Amanhã tomasse gosto pelos estudos, a esperança é a última que morre e, com certeza, no depois de amanhã. O melhor amigo de Depois de Amanhã era o Nem Fudendo, esse não fazia nada nem hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã. Depois de Amanhã achava ele o máximo pois resolvia no ato: nem fudendo! E despachava o serviço, um sábio! Assim não vou continuar esse texto pois está chato demais e Nem Fudendo vou terminar Depois de Amanhã. Obrigado por ler.
Quando e Agora
Quando encontrou com Agora, eles moram perto mas não se viam já há algum tempo. Quando era muito ocupado: todos chamavam ele para perguntar sobre seus problemas " Quando será? Quando eu vou poder? É pra quando?", muito solicitado. O Agora é pra poucos, só os mais decididos e corajosos gostavam dele; ele, por sua vez, estava sempre pronto pra atender as demandas, e treinava muito para ser o mais rápido possível "é pra agora" seu grito de guerra, sujeito decidido mesmo.
Quando viu Agora e falou " Eu sou Quando, venha me abraçar Agora", Agora olhou e disse "Quando você quiser", foi lindo o encontro de Quando e Agora, dona Decisão, visinha de Agora, se emocionou; Solução bateu palmas e o dia se fez mais lindo no bairro dos Problemas.
quarta-feira, 1 de janeiro de 2025
No passa nada
No passa nada
A moça é espanhola, de hábitos noturnos, apreciadora de vinhos e tapas, música flamenga e danças, uma mulher solta e alegre. Foi morar no Canadá, terra fria, de costumes diurnos e de poucos festejos; porém lá a natureza é abençoada e os passeios nas florestas são animadores e libertadores até você se deparar com um urso 🐻, aí temos que rever conceitos e agir com muita sabedoria: existem placas em inglês para orientar o desbravador do que fazer para não ser ingerido pelo nobre personagem da mata virgem. Ora, isso posto, uma amiga de nossa personagem chegou, animadíssima, da Espanha. Após uns tragos de tempranilho foram passear entre árvores seculares, e lá a espanhola se deparou com a enorme placa indicativa dos procedimentos para um eventual encontro com um urso. A criatura não sabia inglês e perguntou para nossa heroína o que fazer diante de um urso. Resposta: bater palmas e dizer " no passa nada"
O Erro e a Pressa
O Erro casou com a Pressa. Ela tinha pressa de casar e não escolheu o parceiro: foi um erro. O Erro gostou da Pressa pois ela sempre podia justificar o erro, então o amor se deu. Nasceu a Culpa, uma menina tímida e chorona, criança difícil, sempre que algo errado acontecia os dedos acusatórios se viravam pra ela: a culpada de tudo, e, já acostumada, chorava. A culpa cresceu e não gostava dos rapazes, tentou namorar com o Castigo, ele era muito rude e tinha maldade no olhar; tentou o Ciúme, não deu certo pois ele se dava com todo mundo e desprezava a Culpa, sujeito difícil. Apareceu uma moça chique, cheia de desejos e de boa família: a Ganância. Ela gostou da Culpa pois sempre a perdoava. Ganância e Culpa se completavam, quando a Ganância extrapolava a culpa chegava para acalmar, quando a Culpa se sentia muito culpada a Ganância dava uma ajuda. Tudo ia bem quando chegou o Remorso, não teve jeito, a Culpa se apaixonou perdidamente por ele, um sujeito sombrio e recatado, mas inteligente e discreto: Culpa e Remorso, casal perfeito, amor eterno, final infeliz, como eles gostam.