Esplendor

 O homem, a obra, a lua

O pescador, o arquiteto, Deus 

Curvas que se abraçam 

E dançam ao sabor da imagem 

Luz, paz e espírito santo 

Esplendor!

Até você se cansar de mim

 Quando você entrou em mim

Tudo mudou como um furacão 

Portas arrancadas, janelas voando 

O sentido da vida deu meia volta

Agora é só você em mim

A eterna busca do meu eu acabou 

Sou teu, mais que eu, sou você 

Esse domínio absoluto não é paixão 

Nem Cristo pode acreditar nesse amor 

Que sufoca tanto quanto mais 

E cresce, indefinidamente até 

Você se cansar de mim

Adentrando nos setenta

 Adentrando nos setenta 

"Caminhando e cantando e seguindo a canção", cantei, e canto agora seguindo os anos que faltam. Fazer setenta é pra poucos e, mais ainda, pra quem já perdeu um irmão. Nascemos da mesma "fábrica" e uns seguem após vencer a garantia e não dão defeito, outros quebram no caminho. Estou caminhando ainda e ele já bateu motor e se foi. Muito estranho viver mais que seu irmão, principalmente se ele mais novo for. Porque eu não fui na ordem cronológica, que lógica é essa? Então, sem resposta, vou seguindo a canção...

O castigo do relógio

 Castigo do relógio 

Máquina torturante de matar o tempo 

Em maldito tic tac vai destruindo 

Tua vida, teus amores, plantando saudades

Em alto contínuo marcha pra frente 

Sem remorsos, sem questionar, só andar

Tenha certeza dessa escravidão, liberte-se 

O castigo do relógio é mortal

Ignorar sua existência é fundamental 

Para ser feliz

O verdadeiro amigo

 O verdadeiro amigo 

O verdadeiro amigo sabe te dizer não 

Também te afaga com luvas de box

É duro quando necessário o perdão 

Te faz pensar no erro

O verdadeiro amigo obitura tuas verdades

Conhece teu eu torto e aplaude se necessário 

Te corrige com o rigor de um ditador 

 Mas é capaz de chorar com você, como criança 

O verdadeiro amigo tem colo de mãe 

E, a bronca do pai

Não ri pra não te fazer chorar 

Chora na tua ausência, como bebê com fome 

O verdadeiro amigo só existe se você o quiser

São tão poucos como os anjos no céu 

Raro como uma flor no deserto 

Por isso, cative-o

Roberto Solano

Explosão de luz

 Explosão de luz

Acordei com uma explosão de luz 

No mês de maio disfarçado de verão 

Ao abrir a cortina o ar temperado de felicidade 

O azul do céu brincando de perfeição 

O Sol era o senhor do dia

Fui, sem querer, envolvido de sentimentos bons

O coração procurando paz e achando 

A vida se inflando de alegrias 

Maio brincando de ser mais bonito na janela

Ser complacente

 Ser complacente 

Complacente com a dor

Aceitar o outrora inaceitável 

Viver minutos sem horas 

Ver o outro com outros olhos 

Complacente com os dias que restam

Reclamar bem menos, cada vez menos

Ignorar a morte como ofício 

Respirar fundo 

Saber ser sem medo 

Ou, simplesmente, ter medo

De nada ser