sábado, 8 de maio de 2021

Geração solidão

 Geração solidão


Nossos pais tinham de 4 à 6 filhos, casal com 2 filhos era suspeito. Nossos avós pra lá de 1/2 dúzia, alguns chegavam aos números adolescentes, 13, 14, 15 e 16. Normal. A vida sem a química salvadora das pílulas anticoncepcionais era reprodutora e calma: parir um ato anual, um gesto de saúde feminina, família. Voltemos à nossa realidade: estamos na escalada descendente,  menos filhos mais facilidades, menos parentes e problemas, mais, muito mais solidão. A pandemia veio pra darmos um treino, intensivo, de isolamento e sobrevivência, sem contatos e abraços, muita tela e internet, falsos amigos e seguidores. Tenho raiva desse papo de investigador " você está seguindo a Carol com K? E juliete? " Não sou detetive. Quantos amigos virtuais você tem ? Eu tenho zero, e se tiver no Facebook pode me considerar um inimigo, aquilo pra mim é uma TV, dá uma espiadinha e sai fora. Vamos voltar pra nossa vida sem ou com poucos filhos, será melhor? Vi velhos sendo acolhidos por irmãos e filhos, vejo uma idosa de 104 anos ainda cantando marchinhas de carnaval e conversando com os inúmeros parentes que lá vão ver o fenômeno, planos para os 105 após a pandemia. Penso em netos que ainda não os tenho e na solidão que eles enfrentarão, será dolorido? Talvez não... Hoje me sinto da geração desilusão, não esperava a solidão e tenho que me preparar com alguma sabedoria, terei competência? Adeus mesa cheia, crianças correndo? Só em filmes! Natal na casa do vizinho, se ele for caridoso. " Desilusão, desilusão, danço eu dança você a dança da solidão", tenho que ouvir mais o Paulinho da viola.

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