quinta-feira, 29 de abril de 2021

A pergunta

 


A pergunta

A pergunta é: você dá valor para uma pergunta? E você costuma se perguntar? A resposta é não. Somos movidos pela resposta, de preferência a imediata e curta. O mundo pede soluções e não indagações, certo? Errado! Precisamos da pergunta pra entender nossos passos e o do outro. Meu pai dizia " pergunte sempre antes de afirmar ", talvez o maior ensinamento que tive na vida. A primeira pergunta é " você entendeu? "; o outro muitas vezes não percebe o que você falou, ou não pode entender, e assim a resposta já nasce errada, morta. Como acertar a pergunta? Difícil demais, tem que saber a hora e ter o sentimento do " entendeu". O outro só vai entender você se você entender o outro. Complicado, né ? Então pergunte com os olhos da percepção e os ouvidos atentos, e se perceber uma dúvida no ar faça de novo sua pergunta, com outra roupagem, mais simples. Cuidado pra não induzir a resposta! A emoção na fala pode afugentar seu indagado, seja gentil e calmo, domine a ansiedade da resposta, o tempo tem que estar do seu lado. O mais importante de tudo é perguntar pra si próprio se a pergunta é valida antes que ela saia da sua boca. Outro detalhe, a pergunta pode doer e machucar com a resposta que virá, torta e manca, machucando. Essa é a difícil arte de perguntar, tão difícil que vou te perguntar agora: você me entendeu ?

Roberto Solano

quarta-feira, 28 de abril de 2021

Menina

 O sorriso é solto

Cabelos longos jabuticaba

O chapéu acompanha 

Meu sorriso livre


O banquinho de madeira

De lei

A lei é ser feliz

A laranja madura me diz


Meus pezinhos são tímidos

Os dedinhos cruzados

Conversam sobre formiguinhas


Eu sou o riso da luz

O verde mata 

A mata verde

Do mato, menina


Ver horas

 "Ser rico é ver as horas como passarinhos a voar no céu da tua felicidade" Roberto Solano

terça-feira, 27 de abril de 2021

Desilusão


 Meu choro apaga o fogo do coração vadio


 Meu riso acende minha ilusão no amor


 Molhado ele não sabe se é tristeza ou paixão 


E hoje conhece a desilusão



Roberto Solano

domingo, 25 de abril de 2021

Ponte de Praga

 Atravessar o rio Vltava  pisando nas suas pedras


 Revivendo os Santos e seus milagres


 Flutuando meus sentimentos em Praga


Kafta 


 Dvořák 


Quem virá me despertar ?


O relógio astronômico dos meus sonhos.


sábado, 24 de abril de 2021

A moeda tempo

A moeda tempo


Na moeda tempo investi minha velhice

Ela não compra nada, já tem o nada

É moeda que não se troca, desvaloriza só

Tem cartão de crédito no sorriso

Cheque poltrona e poupança preguiça

Moeda que no bolso não cabe

No banco da praça vale ouro

Na certeza de tê-la ela evapora

Ao vê-la ela, simplesmente,

te ignora

domingo, 18 de abril de 2021

Degelo do coração

 Foi no degelo do coração

O calor do olhar no perdão

Naquele beijo se deu 



O rio verde da calma

A praia branca da paz

A verde esperança de amar


sábado, 17 de abril de 2021

Caçando estrelas

 Fui caçar estrelas

Lanterna em punho

Coração aberto


No lilás da luz

Te vi

Lá no cantinho

Escondida


Mirei em ti

Foquei

No sonho



Acordei

segunda-feira, 12 de abril de 2021

Sem voar


 Na asa da ave Flôr

Eu descanso

Sem voar 


Só olho o céu passar

Sou passarinho

Sou do ar


Mas agora

na asa flor

vou descansar

segunda-feira, 5 de abril de 2021

A bolha


 A bolha


Vivemos na bolha que criamos, um mundo de isolamento social criado pelas facilidades da internet e coroado na pandemia. Não sabemos do amor absoluto e das promessas eternas, das esperas nas calçadas, do sonhar estar junto, nem que fosse somente um perfume guardado no lenço, do namoro com hora marcada e do medo do flagra. Hoje é a bolha que manda, o mundo reduzido nas facilidades das amizades infindas nos likes e troca de fotos, sem o tato, sem o olho no olho, sem calor. Sexo na bolha é quase uma demonstração de beleza e virilidade, uma performance olímpica sem medalhas, gestual e mecânico, por vezes virtual, em nudes, orgasmos planetários que serão esquecidos na próxima experiência. Amigos, os amigos de ontem não serão de amanhã, será que são amigos mesmo? No sacrifício somem da bolha, afinal tudo é troca e descarte, o exercício do perdão é mais inútil que fazer calistenia, sem a paciência de ouvir e menos de entender as amizades viram desilusão, sempre. A bolha é assim e não perdoa. Agora não adianta pensar fora da bolha, poesia não, ação sim, com açaí e malhação. Sonhar? Se for para materializar sim, só por sonhar não. Dinheiro pra gastar no muito do trabalho pouco, orgulho do trabalho? Só ? Sem graça isso. Viver na bolha e na solidão... Que falta faz um abraço e um beijo no velho amigo que, se leu até agora o texto não vive na bolha e sim no coração.

sexta-feira, 2 de abril de 2021

Pensamento

 Pensamento confinado na cachola

É ave presa na gaiola

É tristeza que demora 

É mendigo sem esmola

É criança sem escola