quarta-feira, 25 de abril de 2012

Fechado prá balanço


Fechado prá balanço

 No passado se via com mais freqüência a tal placa “Fechado prá balanço”, que as lojas usavam comunicando o serviço de contagem do estoque e arrumação geral. Hoje não a vejo mais, talvez por não ir muito às compras ou porque o computador faz o serviço na calada da noite, junto com funcionários “fantasmas”, será? Só sei que gostava de ver as grandes lojas paradas, como por castigo, quietas e silenciosas, algo que me trazia uma reflexão maior... Será que eu mereço fazer o meu balanço interior? Minha cuca, tal qual  o enorme estoque da Mesbla, pode parar um dia por ano? Vou conseguir contar meus bens e meus maus? Fecho no positivo ou estou irremediavelmente quebrado? Terrível sensação de não saber fechar minha contabilidade por medo de não ter um saldo bom para mostrar.
 E hoje me vem a idéia dessa faxina mental, dessa contagem, da balança, do meu ponto de equilíbrio. Vou em frente? Estarei com coragem para apagar dores e remexer com sensações frágeis? Sou forte ou um fraco a mais nesse mundão de Deus? Estou em dia com meus amigos? Tenho retribuído o tanto de amor que me oferecem? Estou batendo muito forte nos mais fracos ou correndo demais dos mais fortes? Sou um bom homem ou pelo menos tenho um bom projeto para tal? O que faço para merecer o mais ingênuo sorriso da mais pura das crianças? Estou fraco? Forte? Ou um fingidor? Quem sou além desse corpo que segue sob uma cabeça confusa? Estou preparado para esse balanço? Não sei...
 Procuro o gerente da Mesbla ou da Sears para uma breve consulta de como fazer essas contas tão bem feitas e reabrir no dia seguinte com a minha promoção de felicidades, sorrisos e muito bom humor!

 Roberto Solanoechado pr

segunda-feira, 16 de abril de 2012

O encontro de Lampião com Eike batista

 Um encontro realmente diferente:

http://www.youtube.com/watch?feature=player_embedded&v=2F-ZYs2NlYU

domingo, 15 de abril de 2012

Essa prova eu não faço!


 Essa prova eu não faço!

 Coisa de “cabra macho”. Estávamos no colégio de São Bento, década de 70, duelando com o mais temível professor de Francês da história! Professor Paulo Armando. Criatura realmente diferente: cabelos longos, usava umas sandálias do tipo franciscanas, um nariz grande e empinado, pinta de “playboy”, e dizem as más línguas que era uma “pegador” na sua área (tijuca), não deixando saia sem um olhar desejoso. Pois bem, existem professores rigorosos, mas do nível dele não. Era estudar muito para passar “raspando” na prova final! Passar direto era coisa não possível e eu sofria nas mãos de Madame Sara, uma francesa que recebia a missão impossível de fazer esse que aqui escreve passar de ano. Todos sofriam, e muito!
 O campão era o palco das qualidades maiores dos competentes meninos atrevidos do ginásio que jogavam contra a turma do científico (mais velhos e parrudos). Nosso time não desejava nada às melhores seleções da época: no gol Zé Luis, o “Aranha negra”, goleiro de vestimentas condizentes e todos os aparatos de um grande “goalkeeper”. Na zaga Carneirinho trombava qualquer vulto que ousasse invadir seu espaço. Ceguinho, com seus óculos embassados levantava poeira e sentava pernada em todos (até em nossos atacantes que, por descuido, iam buscar a bola com o grande Zé para recomeçar a partida), não tinha conversa não, o pau comia! O ataque era brilhante com os craques Marcílio (um terrível driblador), Ricardinho (um gênio da bola), Espanhol e Marcelinho pela ponta direita. Eu, por vezes era escalado para a ponta esquerda, com jogadas tão endiabradas que nem o “Fio maravilha” sonharia em fazer! Com um detalhe: nunca dava certo...
 A turma era boa de bola e, na maioria, flamenguistas de coração. Alguns botafoguenses eram aceitos e poucos torciam pelo fluminense, time de elite e do afamado professor Paulo Armando. Nosso herói, o Espanhol, estava sempre no pódium das peladas e na lista da segunda época, prova que nos torturava, roubando-nos as tão sonhadas férias. A turma dos comportados passava pelo Paulo com certa dificuldade e os “meros mortais” com grande dificuldade, imaginem os peladeiros...
 Na maldita prova da 2ª época o meu amigo Espanhol foi fazê-la com peito aberto e olhar confiante! O sacana do Paulo Armando chamou o nosso melhor jogador e mandou sentar na primeira fila (sem chance de colar), estendendo a camisa do Fluminense sobre a madeira dura da carteira.

 - Espanhol!

- Sim professor...

- Você vai fazer a tua prova aqui na minha frente!

 Quando lá chegou o nosso companheiro se deparou com aquela camisa colorida e estendida, em verde-vermelho-branco.

- Professor Armando, sobre essa camisa eu não faço a prova!

- O que ????

- Não faço não...

- Vai ganhar zero !!!

- Pois então pode dar !!!

 E nisso, como os heróis gregos, em passos decididos, caminhou em direção à porta e por lá saiu, sem antes puxá-la com vigor contra a parede. Isso é que se chama amor ao time! Aonde já se viu um flamenguista se curvar diante de um imperador com a camisa do time inimigo! Jamais...
 Ouvimos o suspiro de nosso professor “ Desolée “ que saiu da boca vingativa de um torcedor já desesperado pelas inglórias derrotas sofridas diante de nosso majestoso time vermelho e preto.
  Só sei que a mãe do espanhol era mulher de fibra e coração quente: foi á luta em defesa do filho. O nosso torturador foi obrigado a dar mais uma chance ao nosso querido colega e valente jogador, que com a ajuda de São Judas Tadeu (padroeiro do mengão) passou de ano, como aquela bola rasteira que cruzou rente a trave e nos deu a tão sonhada vitória sobre os grandalhões do científico. Dizem que nesse dia o santo não atendeu mais a pedidos e foi conversar com o todo poderoso pedindo umas férias bem longe do outro santo colega, o Bento.

 Roberto Solano

Desligando o despertador


Desligando o despertador

    Revi colegas de ginásio. Pausa para uma explicação: ginásio, caro leitor, não é somente aquele lugar destinado às práticas esportivas não. Há outra aplicação para o nome: estudo fundamental, isto lá nos idos anos 70, eram primário, ginásio e científico (para a área tecnológica). Pois bem, esses encontros são adoráveis para resgatarmos o nosso lado criança que está afogado nos problemas adultos, nas responsabilidades... Entre comparações de barrigas e cabelos (quando existem) brancos a alegria impera regada a muito chope, no aniversário do Marcílio.
    A mesa estava destacada com símbolo do São Bento, nosso colégio, tendo direito a uma camisa azul oficial do colégio! Todos os presentes autografaram para o nobre aniversariante, foi uma delícia.
    Entre papos diversos eu conversei com o mais inteligente da época, o garoto nota 10. Sim, ele era “o cara”, forte na matemática moderna do professor Irineu Pena, que era introduzida no Brasil. Sim o sujeito estudava, tinha comportamento adequado e irrepreensível para tão rigorosa instituição de ensino: o colega Noaltir. Ele, como cada um de nós, tocou a vida com sucesso, levando na bagagem as aulas bem aplicadas sobre o aluno aplicado, ao contrário dos outros meninos endiabrados que ficavam na 2ª época.
    Vamos ao tema. Todos temos o desejo de parar, ou pelo menos ter esse direito. Parar de trabalhar, um sonho para os trabalhadores que sofrem com a dura rotina dos horários e distâncias, do patrão ou da patroa, dos compromissos. O nosso herói estava muito feliz com o acontecimento: aposentou-se. E prá valer! Com todo o orgulho do dever comprido e do desfrute vindouro. Portava uma bela camisa colorida (estilo havaiano) para a vida que se abria em novas cores e perspectivas no merecido descanso e descompromisso. Sim, essa era a alegria maior, o maior desejo que meu amigo tinha incrustado no seu coração: o descompromisso. E foi assim que ele me contou da felicidade maior de, após assinar todos os documentos da sua merecida aposentadoria, voltar para casa driblando os parabéns dos familiares e amigos para, sem uma palavra, caminhar até seu quarto. Adentrou e desligou seu despertador! Sim, isso foi o ato final no teatro de uma vida dedicada e comportadamente adestrada pela maquininha barulhenta da sua cabeceira: o maldito despertador! Castigo diário de um zumbido doloroso que o tirava de seu sono matinal. Máquina infernal que alimentava outro sonho acordado: a aposentadoria. Isto foi feito com muita atenção e cuidado, para não errar e apertar firmemente o botão “off”. Rolou um prazer sádico e vingativo de um torturado contra seu torturador. Desligou a caixinha com mãos precisas de um cirurgião cardíaco para nunca mais ouvir ela tocar... Esse é hoje o seu maior prazer: acordar e olhar para o instrumento mudo de medir o tempo, que agora não tem mais sentido. Não há máquina para medir o sono tranqüilo de um herói voltando da batalha de uma vida dura... Só uma medalha de honra ao mérito, das tantas que ele ganhou no São Bento é que pode ser colocada ao lado, na sua cabeceira, para coroar o dever sempre comprido do melhor aluno que o colégio teve, e para mim nunca haverá outro igual!  Parabéns amigo Noaltir, que os anjos embalem seu sono tranqüilo de muitas e muitas noites sem o castigo de acordar a contra gosto. Você merece!

 Roberto Solano

terça-feira, 10 de abril de 2012

O direito de saber a verdade



O direito de saber a verdade

 Hoje leio no jornal “dono de clínica reprodutiva seria pai de 600”. O cidadão Bertold Wiesner tinha clínica nos anos 40 em Londres e selecionava os doadores por nível de inteligência, humildemente, doava seu gene para um futuro melhor! Será? A mulher dele queimou todos os arquivos de doadores e presume-se, por semelhança dos nascidos, que ele era o único pai... Já se constatou que 12 crianças vieram dele, pelo exame de DNA. E hoje, ainda que seja uma hipótese menor, é possível que irmãos tenham se casado entre si.
 Pois bem, quem daria a informação ao filho de que não é o pai biológico? E mais, quem procuraria seu pai biológico depois de adulto? Essa verdade interessa? A verdade tem valor quando pode levar uma pessoa a descobrir coisas não certas ou sem sentido? O sentido, a meu ver, está acima da verdade. Muitas vezes a mentira ou a omissão é a grande verdade para a sobrevivência. Meu pai dizia “a maternidade é um fato e a paternidade uma hipótese”, então eu prefiro ver a paternidade (ou maternidade) em quem cria com amor, isso basta.
 Agora, cá prá nós, 600 filhos é muita coisa! A mulher desse cidadão devia ser muito feia e ele leitor assíduo da revista playboy (a primeira saiu em 1953 com Marilyn Monroe na capa) ou outra similar para conseguir realizar seus experimentos. O sujeito morreu em 1972 e a clínica funcionou até 1970.
 Você aí tem pele clara e olho azul? Se sim entre em contato para maiores esclarecimentos...

 Roberto Solano

sábado, 7 de abril de 2012

O carinho





O carinho

 Eu já tive mais cuidado com minhas mãos

 Já fui um pianista do amor

 Hoje sou calejado de dores e espinhos

 Tenho e busco, encontrar ele: o carinho


 Já fui muito amado para amar mais

 Amo pouco no deserto do coração sofrido

 A dor que apaga nossos sentimentos...


 Hoje busco a luz de uma vela

 Vela que traga calor e acenda

 Um coração frio e carente

 De carinho.

 Roberto Solano

Um passarinho




Um passarinho

Um passarinho me contou que você me ama

Outro passarinho disse que me odeias

 Um passarinho tinha cor

 O outro muito negro


 Agora não ouço mais passarinhos

 Eles não sabem o que dizem

 São muito avoados...


 Agora só vejo gatos

 Plantas e flores

 Fiquei surdo

 E muito mais feliz!


 Roberto Solano
Minhas aventuras domésticas

   Nos bons tempos eu tinha aventuras fora de casa. Hoje dentro... Meu “sonho de consumo” é uma BOA empregada doméstica! Como li hoje no jornal: elas estão sumindo do mercado, com a expansão do comércio e outros setores de serviços elas vão ser manicure, vendedoras, etc... Limpar latrina nunca mais!!! É o grito de guerra delas e o meu é SOCORRO !!!! Com a minha mulher em pânico, vendo sua vida ser transformada em um inferno: academia não, lavar roupa sim; shopping Center não, passar roupa sim... E por aí vai o sofrimento dela e meu desespero com a frase popular: “perco o marido, mas não perco a empregada!” Acontece que o marido ficou...
   Vamos às ações de um homem que tem que resolver tudo, executivo, eficiente, etc. Contratamos a “karatê-kid” que não funcionou: lenta demais. Para fritar um ovo era meia hora + meia hora para colocar no prato com colherzinha de sobremesa, “o senhor quer mais um pouquinho?” E eu respondia” só se for para a janta!”, ali sentado na mesa do almoço, vendo o tempo passar e minha reunião de trabalho ter que remarcar. Conclusão: as artes marciais da 3ª idade não servem para trabalhos domésticos... Contratei a “Jaburu”, por indicação da nossa lutadora chinesa. Jaburu poderia ser tudo MENOS empregada doméstica: surda, voz grossa e dissonante, enorme e forte como um búfalo. Logo no primeiro dia ouvi um estrondo na cozinha, seria uma explosão de gás? Terremoto? Atentado? Nossa que susto! Quando cheguei lá e vi a nossa adorável funcionária com olhos esbugalhados e uma voz cavernosa dizendo “pode descontar do meu salário”: ela, simplesmente, derrubou 20 pratos de uma só vez! E ainda, após análise crítica, acho que fiquei no lucro! Jaburu era o cão chupando manga! Após uma semana de tentativas e desastres (queimou o ferro de passar, o aspirador de pó e tudo que tinha fio na casa) demiti a nossa lutadora de vale tudo. Minotauro te cuida meu velho! Indiquei uma academia aqui perto de casa para ela começar como faxineira, e isso é o começo de uma carreira brilhante! Já deve estar com a faixa preta!
   Continuamos a pesquisa, após consultar Pai João e receber uns passes ele me disse “ Meu Zifíu... Tu vais receber uma entidade da Bahia... E não deu outra, chegou a Baiana. Uma conversa de “ derrubar avião”: sou cozinheira de forno, fogão e barraquinha de acarajé! Delícia pensei comparando com os ovos “câmera lenta” de Karatê-kid. Completou: vatapá, caruru, galinha ao molho pardo, cocada... Contratei na hora! Primeiro dia. Chego em casa e sinto firmeza na poderosa entidade ( filha de Oxum): uma feijoada apitando na panela de pressão! Comemos todos com satisfação. No dia seguinte a caganeira foi geral! E o cú ardendo!!!! Pimenta escondida no tempero da feiticeira do nordeste. Minha mulher gritou “ Não posso comer pimenta!” e fui lá questionar. Doutor, eu coloquei esses temperos aqui, e li”: “ pimenta do reino em pó”. Mas isso é pimenta! Não doutor, na minha terra pimenta é aquela ali, com dedos gordos apontando um vidro de malagueta... Pensei... Fudeu! O dia do peixe no forno foi uma delícia: era um linguado mais salgado que bacalhau! Amor, esse peixe é linguado? E uma cabeça afirmativa da minha mulher dizia sim, e após a primeira garfada dela um sonoro NÃO!!!! Que coisa salgada! Descobrimos que o defeito da baiana era a largura dos quadris ( ela tinha que entrar pela porta de lado, feito um caranguejo) e o peso das mãos. Conclusão: hoje está faxinando a academia de capoeira “Bons baianos não fogem da luta!” sugestivo nome que abriga mestre ” Galo doido” que me confessou” Essa baiana tem um rabo-de-arraia que derruba qualquer um...” Acho que o nosso mestre já entrou na porrada da baiana ou no acarajé, deve estar com o “forever” todo lascado... Tadinho do “ galinho “.
   E vamos em frente, rezas e mais rezas até que eu lembrei-me da medalha milagrosa que trouxe de Paris. Resgatei a peça e contrido fiz meu pedido “Je voudrais, Mère de Dieu, une bonne employé pour les services de ma Maison... E ouço o telefone tocar: era uma indicação de extrema confiança para uma candidata que trabalhou na Europa... Eita santa forte! Dei um beijo na medalha e esperei, contando as horas, o dia seguinte. Tudo certo! A senhora era ótima! Tinha trabalhado em um restaurante português e na casa de uma francesa, e falava francês! Só um detalhe: ela disse que todos os anos passava férias em Paris... Très Chic !!!! Eu pensei. Pas de problème ! Contratei na hora !
 No dia seguinte já estávamos preparando o cárdápio da semana :
 2a feira.................................. Coq au vin

 3a feira................................. Bouef bourgnion

 4a feira................................... Cassoulet

 Enfim, vou poupar o leitor, que já deve estar babando no colo ( feito eu ). Vamos aos fatos : O milagre c’est fini... A senhora prendada veio, na hora da refeição, com essa conversa :
-         Os senhores são pessoas muito educadas e formam uma linda família...
-         Obrigado Alice.
-         Não poderei ficar com vocês...

 Eu engasguei... Fiquei pálido e procurei a medalhinha no bolso para rezar, nada de achar... Meus Deus. Contendo as lágrimas aceitei o argumento: ela tinha dado a palavra para a patroa francesa e iria trabalhar na casa da amiga americana dela.

- O doutor não fique “concerné”, isto é preocupado, que talvez eu não possa por ficar (rester), pois não sei falar Inglês! Deixe seu e-mail comigo, certo?

 Eu ali fiquei triste e com o e-mail no cartão para entregá-la, quando ela disse “O senhor tem FACEBOOK” Desmaiei... Minha mulher me acordou abanando e ouvindo “ reveillez-vous, reveillez-vous, s’il vous plaît !!!”
 Meu sonho acabou...


sexta-feira, 6 de abril de 2012

Só o silêncio salva


 Só o silêncio salva


Quando eu quis dizer não você disse sim

Quando eu quis dizer sim você disse não

Não sei, não sabes e tem raiva de quem sabe

Quem vai nos salvar? O corpo de bombeiros?


                                                     Quando virá o tempo do encontro?

                                                     Quem trará o primeiro beijo?

 Qual o segredo do amor?

 Amar...


 Nossas brigas vão além

 Elas podem criar um futuro

 De dor e mágoas

 Sabes?


                                     Não, não sei e tenho raiva de quem sabe!

                                                                              Então só me resta te dizer adeus!


Quando eu quis dizer adeus você me beijou

              Quando eu quis te beijar você me disse adeus

                                    Não sei quem beija quem e quem ama

                                                    Quem vai nos salvar? O silêncio...


quarta-feira, 4 de abril de 2012

No choice




No choice

 Em inglês quer dizer sem chance, sem escolha. O maior castigo depois da dúvida é a “não escolha” o famoso "tem que agüentar”, duro isso: o sujeito não gostava de doce e o médico corta o açúcar, moleza não é? Que nada! O tadinho fica vidrado nas guloseimas das festas, doidinho por um brigadeiro, é o castigo de nossa mente acostumada a escolher. Escolher é bom demais! Vou prá praia primeiro ou dou uma passadinha na academia antes? Tomo mais uma caipirinha ou entro no chope logo, antes da feijoada? Saio com Clarinha ou ligo prá Cláudia? Vou para Madrid ou Barcelona? Paris não abro mão! E por aí vai o cidadão nadando nas dúvidas prazerosas da vida boa, sem regras fixas, sem ter que mudar de rumo contra a vontade e podendo dizer “não”! Delícia maior não há do que o não grosso e curto, de quem pode dizer e calar o outro lado.

- Moço quer amendoim? Não!

- Moço dá um trocado aí... Não!

- Amor vamos para Nova yorque? Não querida, já gastamos de mais esse ano...

- Vamos para um hotel ficar mais a vontade? Não... Querida é no Copacabana Palace, vista para o mar e champanhe francesa, topas??? SIM !!!!

 Pois é, o dinheiro serve para acelerar o sim sobre o “não” alheio e engrossar o teu “não”. Mas temos outra moeda: o tempo. Essa é muito mais valiosa que o dinheiro e não se compra! Fique preso na tua casa de campo sem luz e debaixo de um temporal, com medo que tudo venha abaixo, sentiu como o tempo te incomoda? Esteja na maca indo para a mesa de cirurgia sem saber se voltas e como... O tempo vale ouro e ele manda em você! O prisioneiro vendo o mundo correr na mão dos outros e contando os dias que são anos dentro da eterna espera. Sofrer é não poder dizer um “não” e não entender que nada é eterno, sem saber que tudo é o que o momento te oferece agora! Coisa doida essa, viver sem saber quando o teu não vai acabar e ficar refém do sim dos outros, catando as migalhas da vida que já não é mais tua, simplesmente ficar calado olhando o tempo te levar...  

 Roberto Solano