domingo, 1 de dezembro de 2024

A falta do nada

 A falta do nada


Que falta faz o oco do tempo 

O vazio absoluto por dentro 


Olhar atravessado pra feiúra do umbigo 

E descobrir que o dedo mindinho é nada


Olhar no céu o bailar das nuvens 

Fechar os olhos na sombra da mangueira 

E lá ouvir a sonata dos passarinhos 


Pisar no chão de terra e esperar a chuva

Rir da besteira que é rir sozinho 

E depois rir de novo 


Só, e caminhar com sua sombra 

Tentar correr dela


Chupar uma manga no pé 

E, sem querer, pisar em uma formiga 


Ser gente por pouco tempo 

E depois voltar a ser gente sem tempo 


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