sexta-feira, 13 de dezembro de 2024

Finito como você

 A imagem do horizonte infinito 

As incontáveis estrelas bailando no céu 

As ondas quebrando sem cessar 

A profundeza de teu olhar

Tudo que não se pode medir 

Tudo que, por ser certo, é incerto 

Me leva ao poder inexorável do amor

Que se diz infinito para quem o vê 

E, na verdade, é finito como você



quarta-feira, 4 de dezembro de 2024

Ventos úmidos

 Ventos úmidos no coração deserto 

Será o prenúncio de chuva?

Ou lágrimas confinadas?

A esperança se veste de verde 

O vento úmido vem aplacando a dor

E no coração desértico nasce uma flor



terça-feira, 3 de dezembro de 2024

No oco do nada


 No oco do nada encontrei o vácuo de tudo

E lá, ainda assim escondido, estava o seu adeus

Ao perceber o desabamento do mundo eu renasci

Para nunca mais sofrer de abandono 

Pra não te amar jamais 

Pra mentir pra mim mesmo 

Eternamente

segunda-feira, 2 de dezembro de 2024

Poema da depressão

 Poema da depressão 


Cai no buraco invisível 

Tão fundo quanto meu desespero 

As paredes escorregadias 

As mãos mais que frágeis 

Escorregando 

Fui adentrando dentro de mim 

Lá no fundo não havia fundo 

O fim não era o destino 

O trajeto sim

Assim descobri a depressão 

Que não é nada em vida

Já que lá no poço não há vida

Nem ninguém vai me notar

domingo, 1 de dezembro de 2024

A falta do nada

 A falta do nada


Que falta faz o oco do tempo 

O vazio absoluto por dentro 


Olhar atravessado pra feiúra do umbigo 

E descobrir que o dedo mindinho é nada


Olhar no céu o bailar das nuvens 

Fechar os olhos na sombra da mangueira 

E lá ouvir a sonata dos passarinhos 


Pisar no chão de terra e esperar a chuva

Rir da besteira que é rir sozinho 

E depois rir de novo 


Só, e caminhar com sua sombra 

Tentar correr dela


Chupar uma manga no pé 

E, sem querer, pisar em uma formiga 


Ser gente por pouco tempo 

E depois voltar a ser gente sem tempo