terça-feira, 9 de novembro de 2021

Famílias - tristeza - ( capítulo 5 )

 Tristeza


A irmã Tristeza era muito amiga da Culpa, criadas juntas, parceiras na dor e no " après ", como diz o francês. Tristeza adorava bossa nova, músicas de fossa: " tristeza não tem fim, felicidade sim ", " aqui nesse mesmo lugar, nesse mesmo lugar de nós dois ", a irmã Culpa sempre chorava. A vida seguia seu rumo e Tristeza lá, amuada, triste, calada. Em um belo dia de carnaval um bloco do bairro passou na sua porta e, do alto do muro ela viu ELE, bonito, camisa aberta, lança perfume Rodoro na mão, cachaça na outra. ELE a viu, não há explicação, pode ser uma alucinação ou era pra ser, destino. O amor caiu como um raio encima do muro. Tristeza só sentiu a mão forte lhe puxar para baixo, a música tocava " vou beijar agora, não me leve a mal, hoje é carnaval", sentiu o hálito quente da embriaguez e a língua serpenteando, o macho em sua boca, a pegada forte nas nádegas, a outra música era do coração ❤️. Isso durou 4 dias de folia e brincadeira, na 4af de cinzas quem a recebeu no portão foi a irmã Depressão, e lá a nossa Tristeza foi  encostar sua mágoa de amor perdido, ficou solteirona, e todos os carnavais ela passa no muro, onde o bloco de carnaval parava e, num gesto de respeito e admiração fazia um minuto de silêncio.

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