Vivendo um
sonho
Já realizei alguns nessa vida, “viver” um só eu,
na realidade, fui sentir agora. Ter um filho e criá-lo como todo pai, ver a mãe
ser extremosa como tantas, saber que a escolha dele foi ditada pela mistura de
competência e sorte, vê-lo crescer e sair de casa, isso temos vários exemplos
por aí, são sonhos realizados de pais sortudos. Agora, ser convidado para
passar um Natal na casa distante dele, montada e simples como tem que ser, ver
a felicidade estampada no rosto de um casal de jovens, é um sonho vivido; ali,
no dia a dia, no frio, na chuva que não pede guarda-chuva, na cidade onde a
tecnologia move tudo, nos peixes sorrindo sobre bancadas do mercado central,
nos caranguejos gigantes e assustadores, olhando uma cebola branca e um alho
maior que a mão da minha adorável nora, a vida sendo vivida sem medo do ladrão,
à pé, na madrugada gélida, sem sentir medo... Isso é viver um sonho. Entender um país que não é o
exemplo de nada, não quer ser! E deu certo para os que lá moram e trabalham sem
preconceito; jovens estudando e fazendo faxina para se sustentar, olhos puxados
nas ruas cheias de asiáticos, negros alegres ouvindo radio e dançando soltos
pela cidade, alguns pobres (ou muitos...) vivendo da esmola ou do amor alheio,
drogas pesadas, problemas sociais, medicina cara e injusta, com um belo
tempero: trabalho para quem quer trabalhar, justiça para quem for roubar ou “pisar
na bola”, liberdade e progresso. Nosso Brasil tem tudo o que lá vi, com um
detalhe fundamental: não anda pra frente, não avança sem o empurrão do maldito
governo tomador, só ganha quem lá está ou quem sempre por lá ganhou. Uns dirão que
isso vai mudar, que os avanços sociais são imensos, que aqui é o país do
futuro! Esses estão precisando ir para algum médico, de preferência
da rede publica e descobrir que vivemos um pesadelo, dia após dia, que somos e
sempre seremos uma nação de um futuro que nunca chegará.
Nenhum comentário:
Postar um comentário