quarta-feira, 9 de julho de 2025

O filhote de ema

 Meu pai era um pavão (outra ave) e gostava de ser diferente, além de dar opiniões e aparecer. Como um engenheiro de grande valia ele foi trabalhar na construção de Brasília. Lá, em terras áridas do planalto central a ema (ave dessa crônica) era abundante, uma graciosa criatura que encantou o engenheiro; veio a ideia de levar um filhote de ema para o Rio de Janeiro e fazer sucesso com o novo animal de estimação. Belo dia ele adentrou sua casa com o filhote nas mãos e entregou aos cuidados de minha mãe, que o adotou com carinho e dedicação. A boa esposa ofereceu milho, papa de farinha, frutas diversas e nada... A pequena ave não comia nada. O tempo passava e a agonia de ver a morte anunciada se instalou. Meu pai foi consultar um veterinário para saber o motivo da inapetência do animal, o médico disse: filhote de ema só come mosca! Ora, por que? Perguntou meu pai. Resposta: a ave mãe choca seus ovos e, na proximidade da eclosão dos mesmos, ela fura com seu bico um deles. Pronto, quando os pequeninos nascem o "ovo irmão" já está podre e as moscas são alvo fácil para alimentar os habitantes do ninho. 

A natureza é criativa e, por vezes, cruel; assim papai viu seu sonho desabar no fracasso quando chegou com a nova receita alimentar em casa: a ema morreu!


Roberto Solano

Nenhum comentário:

Postar um comentário