segunda-feira, 5 de abril de 2021

A bolha


 A bolha


Vivemos na bolha que criamos, um mundo de isolamento social criado pelas facilidades da internet e coroado na pandemia. Não sabemos do amor absoluto e das promessas eternas, das esperas nas calçadas, do sonhar estar junto, nem que fosse somente um perfume guardado no lenço, do namoro com hora marcada e do medo do flagra. Hoje é a bolha que manda, o mundo reduzido nas facilidades das amizades infindas nos likes e troca de fotos, sem o tato, sem o olho no olho, sem calor. Sexo na bolha é quase uma demonstração de beleza e virilidade, uma performance olímpica sem medalhas, gestual e mecânico, por vezes virtual, em nudes, orgasmos planetários que serão esquecidos na próxima experiência. Amigos, os amigos de ontem não serão de amanhã, será que são amigos mesmo? No sacrifício somem da bolha, afinal tudo é troca e descarte, o exercício do perdão é mais inútil que fazer calistenia, sem a paciência de ouvir e menos de entender as amizades viram desilusão, sempre. A bolha é assim e não perdoa. Agora não adianta pensar fora da bolha, poesia não, ação sim, com açaí e malhação. Sonhar? Se for para materializar sim, só por sonhar não. Dinheiro pra gastar no muito do trabalho pouco, orgulho do trabalho? Só ? Sem graça isso. Viver na bolha e na solidão... Que falta faz um abraço e um beijo no velho amigo que, se leu até agora o texto não vive na bolha e sim no coração.

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