sexta-feira, 4 de agosto de 2017
Negro gato
Negro gato
Eu, na minha juventude, fui de encontro às aventuras musicais e esbarrei no Luis Melodia, um jovem negro do morro do Estácio que se lançava na concorrida carreira musical dos anos 70. Eu fiquei cunhado do artista por um mero acaso e chegamos a curtir algumas noites musicais juntos, onde já se via o brilhantismo do franzino cantor-compositor, preto, negro, pobre e feio. Foi assim que o convidei para uma festa na minha casa no Alto da Boa Vista, onde meu pai gostava de celebrar a sua vaidade e ouvir músicas; às 4 horas da manhã era servida uma tradicional feijoada... Bons tempos em que o Negro gato sentado na grama fria tocava suas músicas e meu pai, ao notar o movimento dos convidados para ouvi-lo me perguntou: " quem é aquele neguinho que toca na grama? " , eu respondi simplesmente, " um amigo, Luis Melodia " ; pois bem, o neguinho comeu e entrou na casa para mostrar seu talento aos ouvintes. A vida seguiu, cada qual no seu caminho, alguns anos mais tarde nos esbarramos em outro encontro rápido, já famoso, foi de uma simplicidade a me convidar para tomar uma cerveja e lembrar fatos comuns.
O Negro gato é, sem dúvida alguma, um gênio da música. Tinha uma voz aveludada e afinadíssima! Aos que gostam de música e de gatos não deixem de conhecê-lo no magnífico disco " Maravilhas contemporâneas "( 1976 ), onde sua criatividade vai buscar no jazz o tempero das composições, um artista revolucionário, um felino saltando sobre telhados musicais únicos, beirando a perfeição.
Eu quero é mel !
Descanse meu ídolo, na paz, junto aos gatinhos do céu.
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